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Cresce o número de gatos nas casas brasileiras; tutores compartilham benefícios
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Cresce o número de gatos nas casas brasileiras; tutores compartilham benefícios

De acordo com levantamento realizado pelo Instituto PET Brasil, número de gatos nas casas brasileiras segue crescendo
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Baby, gata da psicóloga Janick Braide (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Baby, gata da psicóloga Janick Braide

Há um ditado popular que diz que o cachorro é o melhor amigo do homem, mas a frase pode em breve deixar de ser verdade para a maioria das casas brasileiras. De acordo com pesquisa do mais recente Censo PET, realizada pelo Instituto PET Brasil, os gatos registraram o maior crescimento entre os animais de estimação. O levantamento foi feito com base nos anos de 2020 e 2021, com 6% de aumento para os felinos.

O número se destaca em relação aos cachorros, outros animais que conquistam preferência nos lares, cujo crescimento atingiu a marca de 4%. Um fator que pode ter influenciado as estatísticas é a pandemia. No período mais crítico, milhões de pessoas se viram sozinhas. Ter um bichinho de estimação, portanto, poderia oferecer uma boa companhia cotidiana. Os dados indicam que o País finalizou 2021 com, aproximadamente, 149, 6 milhões de animais de estimação, um aumento de 3,7% em relação aos 144,3 milhões de 2020.

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"O segmento pet cresceu muito em dois anos. O número de gatos cresceu muito porque eles se adaptam bem a um ambiente pequeno e o volume de pessoas solitárias é muito grande, tanto idoso, como jovens que têm seu primeiro lar. Sem contar que o custo do gato é menor, é um animal mais dependente", explica o presidente do Conselho Consultivo do Instituto, Nelo Marraccini. Para a organização, o panorama significa que este novo comportamento é uma tendência mundial. "No primeiro trimestre, o mercado pet cresceu 14%. Isso para nós é um indicador muito importante porque o primeiro semestre nunca é o melhor. As pessoas têm o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA), então esse tipo de custo costuma ir para o segundo semestre. Este ano vai ser de bom crescimento", acredita.

História

Apesar de ser um animal cada vez mais comum, muitas são as histórias que envolvem os felinos. A aproximação com os humanos foi estudada pela revista Science, que concluiu em estudo divulgado no ano de 2007, que os gatos surgiram há mais de 100 mil anos no Oriente Médio. Os especialistas também constataram que ainda existem gatos selvagens com o mesmo material genético dos domésticos, com exemplos localizados em países como Israel. A pesquisa ainda aponta que a aproximação da espécie com os humanos aconteceu há, aproximadamente, 10 mil anos, motivada pela agricultura.

Os roedores aproveitavam as áreas de plantio para se alimentar e reproduzir. Entretanto, eles se tornaram grandes presas dos felinos selvagens. O controle das ameaças que rondavam os estoques de grãos eram benéficos para os agricultores, que incentivaram a presença dos predadores. Este comportamento de caça também fez com que os gatos se tornassem divindades no Egito. Algumas deusas, como Bastet, tinham traços felinos. Ademais, os animais eram tratados como membros das famílias e tinham os mesmos ritos fúnebres dos seres humanos, visto que arqueólogos descobriram mais de 300 mil múmias de gatos num cemitério na cidade de Tall Bastah.

Com o passar dos anos, os mitos que envolvem os gatos foram ficando no passado. "Há muito tempo atrás, tinha alguns dogmas que, no fim, são falácias", repercurte Nelo. Lendas como as sete vidas dos gatos se tornaram prejudiciais para os bichos e podem acarretar maus-tratos. Por isso, institutos reforçam a necessidade de propagar conhecimento sobre os cuidados essenciais com os animais e defendem a adoção responsável. "É importante que as pessoas tenham noção daquela nova vida na sua casa", reforça o profissional. Os gatos, afinal, são companhias agradáveis e leal. Além de tudo, possuem gostos e preferências completamente distintas, que podem - ou não - se assemelhar às personalidades dos donos.

Em entrevista ao Vida&Arte, tutores compartilharam suas rotinas com os companheiros de quatro patas. Entre mudanças e adaptações, eles afirmam que os bichos trouxeram benefícios físicos e mentais, confira:

FORTALEZA, CE, BRASIL, 24.08.2022: Rotina com animais de estimação. Cami chegou na pandemia e foi um momento de felicidade no meio da situação dificil. (Foto: Thais Mesquita/OPOVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 24.08.2022: Rotina com animais de estimação. Cami chegou na pandemia e foi um momento de felicidade no meio da situação dificil. (Foto: Thais Mesquita/OPOVO)

De Brian a Zoé

Entrar na casa da família da psicóloga Tabatha Marques é, também, adentrar um ambiente adaptado para os gatos Brianzinho, León, Zoé e Kami. Todos eles vivem com os avós (Lourdes e Delmar) e os irmãos (Djalma e Cairo) de Tabatha. Ela, entretanto, divide o apartamento com Brian, o primeiro pet dos familiares. "Ele passou sete anos sendo o único animal da família e todo mundo se mobilizava por ele. Minha mãe fazia o diário dele todos os dias, desde o dia que ele chegou. Ele já teve diversos aniversários, até hoje minha avó tem uma decoração que é toda com a temática de gatos", relembra a psicóloga. Com o passar dos anos, foram somando novos companheiros que trouxeram diferentes benefícios.

O irmão mais velho de Tabatha, Djalma, sofreu um acidente em 2011 que comprometeu os movimentos dos membros inferiores. "A primeira vez que ele se sentiu mais confiante para sentar e levantar foi justamente para brincar com os gatos", conta. Já os avós, que tinham por volta dos 70 anos quando Brian apareceu, ganharam "responsabilidade" e companhia. Ela explica que cada um tem sua própria personalidade e que eles escolhem os seus "humanos preferidos". Kami, o caçula que foi adotado na pandemia, é mais apegado a Cairo, por exemplo. "Quando eu peguei o coronavírus, eu não estava nem saindo da cama. Eu não sei se o Kami dava para sentir que eu estava mal, mas foi uma das primeiras vezes que ele ficou muito junto comigo. Para mim foi muito gostoso, porque eu estava solitário e ele sempre foi um
gato muito caloroso, é reconfortante", relata o irmão mais novo.

A convivência entre os gatos foi difícil no início, mas atualmente todos convivem bem. "Eles têm o tempo deles e a gente tem que respeitar esse tempo, eles ensinam muito sobre limite. Mas quando eles gostam muito de alguém eles têm uma relação de muito amor, muito carinho", pontua a psicóloga. A família, inclusive, não rejeita o pensamento de um novo integrante de quatro patas. "Eu acredito que os gatos escolhem o lugar deles. Acho que se um gato chega na nossa casa, ele tem um motivo', destaca Tabatha.

Dandara, gata da jornalista Ana Luiza Serrão
Dandara, gata da jornalista Ana Luiza Serrão

Dandara e Júlia

Quando a jornalista Ana Luiza Serrão decidiu adotar a Dandara, sua primeira gata, o processo aconteceu de uma maneira muito natural. "Eu estava em casa e ela apareceu lá, pedindo comida, e se aconchegou. Hoje ela já tem seis anos", apresenta. Já a mais nova, Júlia, surgiu para fazer companhia. "Foi mais uma questão estratégica, para ela não ficar sozinha. Na época eu entrei em um grupo de adoção no Facebook".

Ana aponta as principais diferenças entre as duas. Dandara é mais tranquila, "gosta mais de dormir". Júlia, por ter apenas três anos, é muito "brincalhona" e cheia de energia. "Na pandemia elas ficaram muito acostumadas com a minha presença. Quando eu retornei para o trabalho presencial, elas sentiram a ausência. Mas elas pegaram o ritmo de novo. É uma rotina bem tranquila, elas acabam dormindo quando eu estou fora. Quando eu estou em casa, tento fazer brincadeiras mais lúdicas com elas", afirma.

Para a jornalista, algumas pessoas não conseguem compreender as atitudes dos gatos. "Quem convive consegue ver perfeitamente quando o gato está estressado, por exemplo. Eu confio 100% nas minhas gatas, é muito de convivência. Você ter uma relação próxima com seu animal de estimação é uma troca muito grande e também uma questão de responsabilidade. É um ser vivo que tem sentimento, eles são animais que só dão amor", complementa.

 

Juma e Cat, gatas da jornalista Gabrielle Zaranza
Juma e Cat, gatas da jornalista Gabrielle Zaranza

Bee, Cat, Juma e Tempestade

A jornalista Gabrielle Zaranza cresceu em lugares repletos de animais. Sítios com patos, galinhas, "todo tipo de bicho". Em maio deste ano, ela se mudou para um apartamento e levou apenas a Cat, gata que a acompanha desde 2019. "Na mesma semana que eu me mudei, eu encontrei a Juma. Não aguentei deixar ela sozinha e levei. Eu moro com um amigo que levou outras duas, atualmente a gente tem quatro gatas", conta.

Elas são nomeadas como Bee, Juma, Cat e Tempestade. "A gente teve o cuidado de escolher um apartamento que fosse confortável. Elas gostam muito da varanda, a gente bota umas plantinhas. Cada uma tem seu lugar", comenta. Para a jornalista, que teve mais contato com animais como pássaros e cachorros, os gatos são mais independentes. "Acho que é bem mais prático para quem tem uma vida fora de casa. No final da noite, eu chego em casa, brinco com elas. Proporcionar isso para o gato, já torna a vida dele mais feliz".

 

A psicóloga Janick Braide e sua gata Baby, de 2 anos
A psicóloga Janick Braide e sua gata Baby, de 2 anos

Baby

A psicóloga Janick Braide conheceu Baby por meio de uma adoção no segundo semestre de 2020, já no cenário pandêmico. "Antes disso, eu já tinha vontade de ter um pet, especificamente um gato pela praticidade. Esse desejo se tornou uma prioridade no primeiro ano da pandemia, quando meus sintomas de depressão e ansiedade afloraram no cotidiano", recorda. A gata, uma filhote de apenas 50 dias, trouxe um senso de responsabilidade e cuidado para a tutora. "Foi um período muito instável emocionalmente, consegui canalizar e ressignificar essas emoções no cuidado que eu precisava ter com ela".

Como psicóloga, Janick reforça a importância dos animais de estimação para a melhora do bem-estar. "Os benefícios de ter um bichinho são tamanhos. Eles te ajudam após um dia estressante de trabalho, transmitindo amor e afeto; te ajudam a se sentir importante, já que depende de você para fornecer uma vida saudável e feliz", lista. Ela recomenda para todos que têm "condições financeiras, desejo e responsabilidade", pois eles fazem "toda a diferença no nosso dia-a-dia e, consequentemente, no modo em que nos conduzimos emocionalmente".

Cuidados

A chegada de um novo bichinho de estimação demanda preparação, principalmente se for o primeiro. Por isso, o Vida&Arte selecionou alguns cuidados que são indispensáveis na rotina do seu pet, confira:

01. É importante que a alimentação seja adequada à idade do pet, principalmente se for um filhote. Também é necessário ter certeza que ele sempre tenha água fresca para beber. O recomendável é optar por recipientes laváveis.

02. Arranhadores podem ser peças fundamentais para se ter em casa. Desta maneira, o gato não irá afiar unhas nos itens de decoração do ambiente. É importante que o arranhador esteja sempre visível.

03. Proteções nas janelas, especialmente em apartamentos, são garantias de segurança. Os gatos são muito curiosos e gostam de conferir os arredores.

04. Também não podemos esquecer da saúde. A vacinação do seu gatinho deve estar em dia e é também é recomendável que se faça a castração.

 

Onde adotar em Fortaleza

Abrigos e ONGs em Fortaleza e Região Metropolitana abrigam gatos para adoção. Instituições também aceitam doações para oferecer o suporte necessário aos animais, saiba como contatar:

Abrigo São Lázaro

Mais infos: (85) 992264711

Amigos da Casa Verde

Mais infos: No Instagram

Adote um Bigode Ceará

Mais infos: pelo site ou no Instagram

Abrace

Mais infos: (85) 988128654 ou no Instagram

 

Podcast Vida&Arte

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