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Humor Cearense: Os nomes da comédia de A a Z
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Humor Cearense: Os nomes da comédia de A a Z

O Vida&Arte reúne 140 nomes daqueles que integram a cena do humor cearense, desde o primeiro humorista brasileiro, Paula Nei (1858-1897), passando pelo mestre Chico Anysio, até os expoentes da arte de fazer rir hoje no Ceará
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Juliana Maia (à direita) e Rafael Martins (à esquerda), em cena da série de comédia
Foto: Jorge Silvestre/Divulgação Juliana Maia (à direita) e Rafael Martins (à esquerda), em cena da série de comédia "Se Avexe Não", de Luciana Silveira e Wislan Esmeraldo, filmada no Ceará

Na Terra do Humor, a arte do riso pode ser celebrada a qualquer momento, mesmo sem combinação prévia. Não à toa, foi assim que a população do Ceará resolveu vaiar o sol há mais de 80 anos, em 30 de janeiro de 1942. Após três dias de chuvas intensas, o astro rei, meio esmilinguido, "deu as caras" em Fortaleza. No coração da Capital, em meio ao vai-vem da Praça do Ferreira, pessoas viram o sol reaparecer entre as nuvens e, sem hora marcada, entoaram "uma grande duma vaia". Um jornalista do O POVO que passava por ali ouviu quando vozes ecoaram um estridente "Ieeeeeeeeêi!". Um dos causos mais famosos do Estado foi documentado, inclusive, em edição deste jornal.

Na mesma praça, um bode, apelidado de Ioiô, foi eleito vereador pela população da Capital no início do século XX. E, como se não bastasse, pessoas se reuniam por ali, debaixo de um cajueiro, para eleger o maior mentiroso do Ceará em celebração ao Dia da Mentira, a cada 1º de abril. As eleições no Cajueiro Botador, referenciado como Cajueiro da Mentira, foram realizadas de 1904 a 1920. Com a reforma da praça em 1920, o pé de caju foi cortado. Em 1991, em sua memória, um novo cajueiro foi plantado no mesmo lugar. De baixo da árvore, há uma placa de bronze que registra essa história. Por lá, anualmente, acontece o Festival de Mentiras desde 2006.

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A memória do humor no Estado mora no ímpeto das surpresas, entre o fazer rir e até chorar. Mundo afora, tem cearense fazendo graça ou gente que ancorou seu coração no Ceará para fazer da arte do riso profissão. A identidade "Ceará moleque" se apresenta quase como uma força invisível, um estado de espírito que permeia este território de ponta a ponta.

Aqui, mais precisamente ao pé da serra de Maranguape, nasceu o mestre do humor Chico Anysio (1931-2012), em 12 de abril de 1931. Nesta data, aliás, é comemorado o Dia do Humorista. Artista multimídia, ele morreu há mais de uma década, aos 80 anos, em 23 de março de 2012, no Rio de Janeiro. Chico deixou um legado intangível: não só criou mais de 200 personagens em shows de comédia, televisão e cinema, mas também ajudou a consolidar o Ceará como a "Terra do Humor". Sua atuação, junto ao trabalho de Renato Aragão, abriu caminhos para outros tantos artistas, como Tom Cavalcante, Zé Modesto, Adamastor Pitaco, Karla Karenina, Luana do Crato, Rossicléa e Falcão. É gente que "não se acaba"!

Em diversas partes do País, o Estado é referenciado como um solo fértil da comédia, especialmente a partir da metade do século XX. Muito por isso, nesta reportagem especial criada para a plataforma O POVO e aqui desaguada, o Vida&Arte reúne 140 nomes daqueles que fazem rir neste território, desde o primeiro humorista brasileiro, Paula Nei (1858-1897), passando pelo mestre Chico Anysio (1931-2012) e por Renato Aragão, o eterno Didi Mocó, até alguns dos expoentes da arte do riso, hoje, no Ceará.

Esta é uma tentativa de mapear a cena do humor cearense, apresentando pessoas que disseminam a comédia por aqui, em diversas expressões: literatura, teatro, audiovisual, música, internet e mais possibilidades. Este "Almanaque do Humor" conta com o apoio do historiador e humorista Jader Soares. Conhecido pelo personagem Zebrinha, ele é diretor do Teatro Chico Anysio e do Museu do Humor Cearense, localizados no Benfica, além de presidente da Associação dos Humoristas Cearenses.

O pesquisador gentilmente concedeu um levantamento de nomes, de materiais de suas pesquisas. Os dados foram cruzados com informações das mídias sociais dos artistas e do Mapa Cultural do Ceará, plataforma virtual, livre e colaborativa da Secult/CE, onde agentes culturais que atuam no Estado direta ou indiretamente podem acessar editais e divulgar projetos e eventos. Artistas no radar do Vida&Arte também foram adicionados à lista. Zhélio, um paraibano de coração ancorado no Ceará, assina as caricaturas das artes das capas apresentadas na versão digital. As ilustrações integram projeto pessoal do artista em retratar humoristas cearenses.

Após a apresentação de Paula Nei, o primeiro humorista brasileiro, o inventário está organizado em ordem alfabética, a partir do nome artístico de cada profissional. No primeiro episódio, a lista abrange nomes de A a K. No segundo episódio, após os artistas Jader Soares, Ciro Santos, Karla Karenina e Tom Cavalcante repercutirem o humor cearense no mundo contemporâneo, o Almanaque continua com os nomes de L a Z.

Trata-se de um processo de investigação que não se encerra nesta lista. Pelo contrário: deve ser atualizado constantemente. Afinal, no Ceará se "respira" humor o ano inteiro, nos 365 dias do calendário. Para falar da comédia genuinamente cearense, talvez não precise de explicação factual. Na Terra do Humor, o riso é arte todo dia. E "cearense não nasce, estreia", já dizia Chico Anysio.

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