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"Antes de tudo, é uma profissão": Giselle Itié fala de carreira como atriz
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"Antes de tudo, é uma profissão": Giselle Itié fala de carreira como atriz

Giselle Itié dá conselhos para carreira de atriz, ressalta importância do feminismo em sua vida e desabafa sobre maternidade solo ao Vida&Arte
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Giselle Itié relembra início de carreira e relata vontade de voltar a atuar  (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Giselle Itié relembra início de carreira e relata vontade de voltar a atuar

Atriz méxico-brasileira que estudou em diferentes academias de arte durante sua trajetória, dentre elas a The Russian Academy Of Theatre, em Moscou, Giselle Itié dá entrevista exclusiva ao Vida&Arte e aborda assuntos para além de sua carreira. A artista, que estreou na televisão no ano de 2001 com a série "Os Maias", traz em sua fala a importância de ter dirigido projetos com pautas femininas e os recentes desafios da maternidade solo.

"Quando eu era criança meu sonho sempre foi ser palhaça. Lembro muito bem das minhas primas, amigas, falando em ser.. sei lá, enfermeiras, professoras, e eu com meu sonho gigante de ser palhaça. Reunia a família na sala para fazer palhaçada. Minha avó dizia para minha mãe que ela tinha que me colocar logo em cima de um palco. Mas, foi só na adolescência, aos 15 anos, que fiz a minha primeira escola de teatro e me encantei. Sabia que seria meu caminho", conta ela.

A artista tem mais de 10 produtos produzidos para a Rede Globo e grandes destaques para a Record, dentre eles a personagem Bela, da novela "Bela, A Feia", no qual interpretava uma mulher desprezada, que passou por uma transformação estética para ser mais notada. Giselle afirma ter aprendido bastante com a trama e acredita ter sido seu trabalho mais marcante.

"Quando me chamaram pra fazer, eu nem pensei. Falei 'É agora, quero'. Aprendi muito a falar sobre patinho feio, sabe..? Acredito que a maioria das pessoas vive essa fase em algum momento, de se sentir excluída de um padrão da sociedade. E eu tive muito essa fase. Então, para mim, foi muito bacana. Consegui entrar em contato com várias meninas que até hoje tenho contato, eram fãs e agora são amigas", afirma.

Para além das emissoras, Giselle já esteve presente em produções para HBO, Amazon Prime Video, Netflix e FOX, além de ter atuado ao lado do ator Sylvester Stallone, no filme "Os Mercenários", de 2010. A artista revela que, no início de sua carreira, não tinha o apoio de seus pais se tratando do teatro e, então, cursava jornalismo. Com o tempo, Giselle começou a participar de testes para televisão e a ganhar a atenção de produtores e diretores brasileiros.

Questionada sobre qual conselho daria para os que desejam seguir o ramo artístico, a atriz aconselha ter uma conversa sincera consigo mesmo para entender se há, de fato, disponibilidade. "Muitas vezes, eu vejo que as pessoas iniciam a carreira não muito pelo que querem, mas pela consequência; fama, luz, brilho e tapete vermelho. Antes de tudo, é bom ter uma conversa consigo mesmo e depois estudar, ler, assistir filmes, peças, enfim. Se entrega, porque, antes de tudo, é uma profissão".

Força feminina

Em 2017, um relato em primeira pessoa sobre abuso sexual saiu na revista "Glamour". Giselle Itié revelava, naquele ano, ter sido abusada aos 17 anos pelo "último homem que poderia imaginar". O abusador era seu namorado na época e, no seu texto, ela afirmava que o enxergava como um príncipe. Após a violência sofrida, a atriz voltou seus olhos para a direção de campanhas, dentre elas "Ni Una Menos", na Argentina.

"Na época eu estava fazendo o espetáculo 'Fuerza Bruta', na Argentina também. Então pude ter um contato com as meninas do movimento. Foi algo muito forte dentro de mim e dentro delas. Escutar as vítimas e começar a se ver nelas, perceber que você também foi vítima diversas vezes. Foi nesse momento que eu falei sobre os abusos que me atravessaram. Eu me senti na necessidade de colocar a mão, no sentido de fazer o movimento crescer mais", conta ela.

A artista também relembra sua participação na exposição "Save Amy", com parceria da produtora Cine, para dar voz a cantora Amy Winehouse, que vivenciou diferentes abusos durante sua carreira. "Estávamos falando de uma menina, vítima de uma criação totalmente tóxica. E esse vazio que ela cresceu…uma menina super talentosa, um vazio enorme. A minha vontade era falar com jovens, então todas as fotos que a gente tirou, a gente arrecadou pro Proad, um programa de orientação para dependentes químicos. Foi muito poderoso".

Maternidade solo

A atriz, que deu à luz Pedro Luna em 4 de março de 2020, é mãe solo e falou na entrevista sobre a sobrecarga e os problemas de sono. Giselle conta que já estava separada há mais de um ano do pai do seu filho, o ator Guilherme Winter, quando engravidou. A atriz tentou retomar a relação, mas não funcionou e vem lidando com a maternidade solo.

"Pra ser bem sincera, é muito exaustivo. Tô há dois anos e meio sem dormir. Pedro Luna acorda no mínimo duas vezes. A privação do sono não está sendo nem um pouco saudável para mim. O pai do Pedro é um cara muito carinhoso, Pedro ama ficar com o pai. Mas dia a dia, noite…haha, sou eu", diz ela.

Giselle afirma que vem fazendo de tudo para dar uma educação acolhedora e positiva, mas que tem sido puxado. Para ela, as horinhas de sono reguladas já seriam o bastante para sua melhora.

Por fim , a artista revela que não vê a hora de voltar para o teatro e conta que, recentemente, se emocionou ao levar seu filho para assistir "Mundo Bita". "Tive o privilégio de entrar nas coxias e falar com os atores. Sentir o Pedro no meu colo, pisando numa coxia… eu comecei a chorar. Preciso muito voltar", finaliza ela.

O POVO MAIS

Confira a íntegra da entrevista com a atriz méxico-brasileira Giselle Itié na sessão Filmes e Séries do O POVO+

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