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90 anos de história e brincadeiras
Vida & Arte

90 anos de história e brincadeiras

Celebrando os 90 anos do Lego, o Vida&Arte reúne experiências de fortalezenses com a marca de brinquedos
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Tatiane e Germano colecionam Lego desde sua infância, e agora compartilham a paixão de colecionar com seus filhos. 
 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Tatiane e Germano colecionam Lego desde sua infância, e agora compartilham a paixão de colecionar com seus filhos.

Em 2022, o grupo Lego completa 90 anos de existência. Com a proposta de inspirar o aprendizado divertido e lúdico, a marca de brinquedos fez parte e ainda faz da infância de milhões de pessoas. O Vida&Arte conversou com alguns fortalezenses que até hoje colecionam peças e relatam como a proposta da empresa influenciou suas vidas.

Tatiane Rodrigues, empresária de 36 anos, teve contato com a marca Lego ainda na infância, juntamente com seu irmão. Quando se tornou mãe, já sabia quais brinquedos iria dar aos filhos. Assim, a coleção foi crescendo à medida que a família também crescia. Em 2019, ela casou com Germano Sarmento, também empresário, de 39 anos, que era ainda mais fã de Lego do que ela.

"Aos 6 anos ganhei meus dois primeiros kits de Lego, duas caixas do tema medieval. Na época meu interesse era unicamente pela diversidade dos encaixes - talvez só aos 7 anos acordei para os manuais de montagem e montei os temas das caixas. Por sorte, guardava todas as pecinhas nas caixas e não faltou nenhuma na hora de cumprir os manuais. Os adultos em minha família, notando que eu dava bastante aproveitamento ao brinquedo, logo acabariam multiplicando meu gosto, me presenteando com mais e mais kits, fomentando um apego maior que aos demais brinquedos como acomete tantos milhares de fãs pelo mundo", explica Germano.

Com o matrimônio, eles trocaram muito mais do que apenas alianças e passaram a compartilhar de uma enorme coleção de Lego, que hoje já chega a 50 mil peças. Algumas dessas peças já têm mais de 30 anos de existência, um terço da idade que a marca completa neste ano.

"Busquei manter todos os Lego que tinha quando criança sempre guardados em um lugar só. Quando minha mulher e seus filhos vieram trazendo os deles, decidimos juntar tudo em várias caixas iguais. Muitas vezes escolhemos uma delas e nos viramos com o conteúdo aleatório delas; quando com coragem, espalhamos todas juntas", relata Germano.

Um dos conjuntos favoritos de Tatiane é o Lego Friends, mas não aquele inspirado na série, e sim um que traz amigas biólogas. Outra linha que conquistou seu coração foi uma em formato de cafeteria, já que ela sonha em um dia abrir um estabelecimento assim. Já Germano adora a linha City, por reproduzir elementos da vida real, como carros e prédios, e oferecer enredos mais diversificados.

As crianças da família também têm suas linhas favoritas. Gustavo, o mais velho com 12 anos, gosta da linha do Harry Potter. O do meio, Luca, de 6 anos, ama montar avião, helicóptero e Jurassic Park. Já a mais nova, Marina, de apenas 1 ano, demonstra gostar da linha Lego Duplo, produzida especialmente para que bebês não corram o risco de engolir as peças. "É uma família de cinco membros e os cinco apaixonados por Lego", destaca Tatiane.

Para Germano, o Lego vai além da brincadeira. Ele conta que já utilizou as peças para montar um suporte de celular. "Em minha vida o Lego é mais que brinquedo, virando pequenas soluções do dia a dia - fiz um suporte para celular que está ao lado do meu computador há quase três anos já, mantendo-o com a tela fácil para minha consulta", conta.

Ele explica por que acha que a marca se sobressai às outras. "Quando estudamos as origens do brinquedo, notamos que a flexibilidade do Lego vem de um perfeccionismo bastante antigo por parte do seu idealizador. Isso é o que permite que as minhas peças de 33 anos de existência encaixem perfeitamente nas peças de um kit comprado semana passada. Acaba se tornando um investimento imperecível. A diversidade de linhas também permite que os usuários mergulhem mais ou menos na complexidade dos seus próprios temas - existem kits com pecinhas bem pequenas que podem virar milhares de coisas e kits com peças grandes que praticamente só atendem ao manual. Você decide como empregar tudo", ressalta.

Tatiane destaca que a marca lhe conquistou pela criatividade. "Eu e meu irmão fomos criados para exercer a parte lúdica. Então a criatividade do Lego, o fato de vir as peças com o manual mas você pode montar várias outras coisas que não estão no manual, isso era o que me prendia muito. É você ter uma oportunidade de montar vários brinquedos. Você montar e desmontar o tempo todo além do manual. Eu sempre achei isso mágico você além de montar poder criar", relata.

Além da família de Tatiane e Germano, também há outro colecionador de Lego por Fortaleza. Gladson Mota é um advogado de 49 anos, que apesar de não ter tido contato com a marca de briquedos na infância, começou a colecionar conjuntos há aproximadamente 20 anos. Ele conta que seu interesse por Lego é voltado para a linha de arquitetura, que possui diversos conjuntos de monumentos ao redor do mundo, como a Torre Eiffel e a Estátua da Liberdade. 

"Eu fui me encantando ao ponto de que hoje, sempre que viajo, uma das primeiras coisas é procurar se tem loja da Lego. Os parques da Lego boa parte eu já conheci, já visitei. Sempre procuro as lojas, buscando alguma coisa diferente", conta. Hoje, o advogado não consegue numerar a quantidade de peças, mas sabe que possui mais de 50 conjuntos.

"O Lego para mim é algo terapeutico. Para você montar você se concentra, dependendo do tamanho você demora 1 dia, 2 dias e é um perído em que você tá concentrado. Funciona realmente com uma terapia", acredita. A paixão por Lego também passou para os filhos, porém a coleção está tão grande que Gladson parou de comprar novas peças por falta de espaço.

Para a alegria de fortalezenses como Tatiane, Germano e Gladson, a Lego irá inaugurar sua primeira loja na capital cearense. O estabelecimento será aberto em meados de novembro no Shopping Iguatemi Bosque, sendo a 15ª loja certificada da marca no Brasil. O espaço promete proporcionar diversão, interação e experiência, tanto física quanto digital, além de lançamentos exclusivos.

A loja também terá o "Pick a Brick", espaço focado no consumidor que busca peças avulsas, de diversos tamanhos e formatos. O cliente tem a opção de montar kits personalizados de minifiguras Lego, escolhendo cabeças, cabelos, corpos e acessórios de sua preferência. Desse modo, você consegue encontrar as peças necessárias para concluir a obra de arte.

Ole Kirk Kristiansen em sua juventude
Ole Kirk Kristiansen em sua juventude

História da Lego

Em meio a crise econômica mundial na década de 1930, um jovem dinamarquês chamado
Ole Kirk Kristiansen
passou a produzir carros, bonecos, aviões e até ioiôs de madeira. Mal sabia aquele rapaz que o que era para ser uma fonte de renda para ajudar a família em meio a momentos difíceis se tornaria uma das marcas mais famosas do mundo. Trata-se da Lego, empresa de brinquedos com peças que se encaixam e permitem inúmeras combinações. Celebrando os 90 anos do grupo, o Vida&Arte traz fatos históricos sobre o desenvolvimento da marca.

Tudo começou em 1932, mas foi somente três anos depois que Ole decidiu focar exclusivamente no negócio. Isso incluiu a elaboração de um nome da marca. Para isso, foi criada uma competição entre os funcionários. O vencedor foi o próprio dono, que sugeriu Lego a partir da união de duas palavrasdinamarquesas "Leg Godt", que significa "jogar bem". A partir de janeiro de 1936, o nome passou a ser usado.

Desde o início, Ole se preocupava em entregar qualidade nos produtos. Seu filho, Godtfred Kirk Christiansen, relata que certa vez teve uma ideia para economizar tempo e dinheiro na produção. Ele ficou encarregado de levar uma remessa de patos de madeira pintados para a estação ferroviária e ao voltar para a fábrica relatou com orgulho seu plano de economia."Dei aos patos apenas duas camadas de verniz, não três como costumamos fazer!", disse. Mas a ideia foi reprovada por seu pai. "Você vai imediatamente trazer esses patos de volta, dar-lhes a última camada de verniz, embalá-los e devolvê-los à estação! E você fará isso sozinho - mesmo que leve a noite toda!", ordenou Ole. "Isso me ensinou uma lição sobre qualidade", disse Godtfred. Após o episódio, ele esculpiu placas de madeira com o lema da empresa: "Só o melhor é bom o suficiente" e pendurou nas paredes da fábrica para lembraros funcionários davisão da empresa em relação à qualidade.

Mesmo em meio a Segunda Guerra Mundial, a Lego não parou, muito pelo contrário. Nos primeiros dois anos de guerra, a empresa dobrou seu faturamento. A proibição de importação no país durante esse período favoreceu a venda de mercadorias dinamarquesas. Posteriormente, foi proibido a utilização de metal e borracha em brinquedos, o que novamente favoreceu a produção da Lego que
usava madeira.

Até que um incêndio na fábrica no dia 20 de março 1942 destrói praticamente todo o trabalho de Ole."Às três horas da manhã um dos jovens que dormem na oficina chega e grita 'A fábrica está pegando fogo!'. Foi uma mensagem chocante - e dolorosa. Lutei para entender a situação, mas tive que parar por um momento e me ajoelhar diante de Deus. Foi o meu agradecimento a ele que sabe todas as coisas, e isso me deu paz e tranquilidade em minha mente", relatou o empresário.

Ole quase desiste de reconstruir a fábrica, já que o seguro não cobria a perda econstrução de uma nova unidade, mas com a ajuda doVejle Bank ele consegue o empréstimo necessário. Assim, ele constrói a fábrica no mesmo local da antiga e retoma a produção no final do ano. A nova unidade é muito mais moderna que a antiga e mais adequada para a produção em massa de brinquedos.

Com o fim da Guerra, os plásticos entram em destaque nas indústrias e a Lego entra na onda. Em 1949, surgem os primeirostijolos de plástico, chamados de "Automatic Binding Bricks" na época. A escolha do nome em inglês foi uma homenagemàs forças aliadas. Apesar da aposta,os filhos de Ole, que estavam todos envolvidos na empresa do pai, eram contra a utilização do material."Você pode fazer coisas bonitas e fofas em plástico - mas a madeira é um material mais forte", chegou a dizerGodtfred em entrevista a um jornal em 1949. Porém o empresário se manteve firme."Você não tem fé? Você não pode ver? Se acertarmos, podemos vender esses tijolos em todo o mundo!",declarou.

Em 1951, o nome "Automatic Binding Bricks"é suplementado com "LegoMursten", uma decisão deGodtfred para promover ainda mais o nome da marca. Em 1953, passa a ser chamado apenas de"Lego Mursten", com o nome Lego sendo moldado em todos os tijolos.

Também nadécada de 1950, o Grupo Lego faz seus primeiros movimentos em mercados estrangeiros, começando em países nórdicos. Posteriormente, os brinquedos conquistam seu espaço na Alemanha, que na época era o centro global de produção de brinquedos. Em 1958, morre Ole eGodtfred herda a empresa do pai. Quatro anos depois, o grupo licenciou uma empresa americana de malas, Shwayder, para produzir e vender produtos Lego nos Estados Unidos e Canadá.

Nas décadas seguintes, o grupo expande seu catálogo e foca no desenvolvimento das peças, buscando dar maior realismo aos brinquedos. Em 1962, surge a roda Lego, dando maior dinamismo às peças. Seis anos depois, inaugura o primeiro parque Lego emBillund, Dinamarca. Em 1978, aparecem os famosos bonecos Lego. A partir daí já não há mais limites para a companhia.

Atualmente, o bisneto de Ole, Thomas, échairman é Presidente do Conselho de Administração da Lego, sendo a quarta geração da família a assumir a empresa.

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