"A cozinha do Ceará se mistura muito com a cozinha do resto do Nordeste", afirma o chef João Lima, que já atuou como assessor especial para Gastronomia do Governo do Estado do Ceará. Baião de dois, carne de sol e panelada são alguns dos pratos que compartilhamos com os estados vizinhos. Para celebrar o Dia do Nordestino, que cai no dia 8 de outubro, o Vida&Arte traz um roteiro pelo que há de melhor na culinária local e regional.
A gastronomia cearense é fruto de diversos aspectos históricos, culturais, sociais e principalmente do manejo de insumos que as terras locais geraram ao povo, explica o chef João Lima. Para ele, a alimentação local está ligada principalmente ao bioma, gerando a comida do mar, do sertão e da serra. A base de temperos também é feita a partir dessa relação com a terra e a cebola, alho, tomate, pimenta de cheiro e o pimentão verde são alguns dos ingredientes mais utilizados, aponta o chef.
Já alguns pratos que muitos cearenses acreditam ser nossos, João ressalta que também são consumidos em outros estados. Segundo ele, a colonização possibilitou a culinária nordestina ser quase homogênea, havendo particularidades em alguns estados. "O baião de dois que a gente come tanto tem em todo canto, na Paraíba, no Rio Grande do Norte. Carne de sol, a mesma coisa. Panelada, a mesma coisa", exemplifica.
"Tem muita gente que ainda fala que a panelada é uma comida que se aproveita tudo que tem do animal porque é uma comida mais pobre. Ao meu ver, é uma comida riquíssima de proteína e de cultura, mas que começa a se perder por conta da influência externa (internet e viagens, por exemplo)", comenta.
"Quando a gente valoriza o que é nosso, quando a gente pensa globalmente, mas come localmente, a gente movimenta uma série de questões que não estão só ligadas à cara da comida. A gente movimenta a cadeia produtiva, o produtor, a gente revive a cultura. Então, ao meu ver, para que a gente consiga ter esse resgate, a manutenção da cultura, é preciso que as pessoas parem e olhem para as suas bases. Um povo sem cultura, sem pertencimento, é um povo sem base cultural", pontua.
"E não é só ficar reproduzindo receitas do passado, porque a cultura é viva. É você entender no que o Ceará se transforma a partir do que ele produz. Foi por conta desse tipo de distanciamento que a gente perdeu as peixadas. Antes tinha na Beira Mar vários restaurantes especializados em peixada, hoje você mal encontra. Imagina se a gente vira as costas pra isso tudo e daqui a dez anos a gente não consegue comer nem um queijo coalho porque acha que o queijo francês é melhor", questiona.
A partir desse debate de valorização da culinária cearense e nordestina, o Vida&Arte selecionou alimentos e restaurantes ao redor da cidade para voltar às suas raízes e se conectar com o que há de melhor na gastronomia local.
Kina do Feijão Verde
Com 23 anos de história, o Restaurante Kina do Feijão Verde reconecta seu público ao sertão a partir do ambiente e refeição. Passeando pelo restaurante você encontra cactos e móveis de madeira. Já o cardápio é composto por diversos pratos regionais, como a panelada, mão de vaca e galinha caipira. Outros pratos criados pelo estabelecimento unem diversos elementos da gastronomia regional, como o 100% Nordestino, composto por baião de dois, carne de sol, rapadura, macaxeira, cebola roxa e ovo.
Endereço: João Cordeiro, 1697 - Aldeota
Para pedir: (85) 98103-7655 e (85) 3253-7655
Instagram: @kinadofeijaoverdeoficial
Casa da Castanha
Localizada no Mercado Central, a Casa da Castanha oferece uma variedade do alimento que destaca em seu nome. Tem castanha de caju assada, torrada e caramelizada. Além disso, você também encontra outros alimentos regionais na loja, como a banana cristalizada, doce de castanha de caju, mel de cana-de-açúcar, rapadura e quebra queixo.
Endereço: Av. Alberto Nepomuceno, 199 - Centro
Para pedir: (85) 9 8832-9370 e 3454-8488
Site: casadacastanhace.com.br
Instagram: @casadacastanhace
Raimundo do Queijo
Queijo coalho, queijo manteiga, carne de sol, paçoca e rapadura são alguns dos alimentos que você encontra no Raimundo do Queijo. A loja existe há 47 anos, tendo sido criada inicialmente para ser um frigorífico, até que destacou ao oferecer alimentos regionais. De acordo com Patrícia Veras Araújo, filha de Raimundo, o criador da loja, até mesmo os mineiros que frequentam sua loja adoram os queijos regionais disponíveis no estabelecimento.
Endereço: Loja 1: Rua General Bezerril, 151 - Centro; Av. Santos Dumont, 1267 - Aldeota (Ed. Barros Leal)
Para pedir: Centro (85) 3226-9351 ou (85) 99854-4445, Aldeota (85) 98620-8602
Instagram: @raimundo_do_queijo
Culinária da Van
O restaurante Culinária da Van apresenta um cardápio cheio de elementos da culinária regional, desde as entradas até as sobremesas. Alguns dos pratos que se destacam são o caldo de carangueijo, bolinhos de baião de dois com carne de sol acompanhados de molho de nata e bolinhos de feijão verde com queijo coalho. A chef e dona do local, Van Régia, descreve os pratos como "uma viagem pelo mar e sertão do Ceará".
Endereço: Rua Waldery Uchôa, 260 - Benfica
Para pedir: Rappi
Instagram: @culinaria.davan
Casa do Peixe Vivo
Outro prato que é a cara do Estado é a peixada cearense. A Casa do Peixe Vivo é pioneira no bairro José Walter. O prato é composto por tilápia, leite de coco, legumes e ovos, servindo até 3 pessoas e custa R$ 69,90.
Endereço: Avenida Presidente Costa e Silva, 9636 - José Walter
Para pedir: iFood
Instagram: @casadopeixevivo
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