Próxima novela de Glória Perez, “Travessia” tem a responsabilidade de segurar a audiência do horário nobre da TV Globo a partir desta segunda-feira, 10, após o sucesso de “Pantanal”. Ambas têm em comum o elemento da nostalgia e retomam enredos já conhecidos pelo público. O primeiro título resgata personagens de “Salve Jorge” (2012), enquanto o remake da produção de Benedito Ruy Barbosa revive as narrativas ao redor de Juma (Alanis Guillen) e Jove (Jesuíta Barbosa).
Produções similares, a exemplo de reprises e spin-offs (obras derivadas de alguma série televisiva ou filme), emplacam com êxito em 2022. A já citada “Pantanal” alcançou a maior audiência da emissora e liderou o ranking de novelas mais comentadas do Twitter durante o primeiro semestre do ano, com mais de 2 milhões de tweets na plataforma.
“Os remakes e reprises são aquela aposta certeira. No remake, se pega uma história de sucesso e atualiza com fatos que estão em alta. Pode, inclusive, acertar erros antigos. Apesar de estar em cima de uma história já veiculada, pode ter elementos atuais. Já as reprises são aquelas novelas que marcaram época e que estão aí para levantar um horário da programação, fazer com que os telespectadores matem a saudade”, explica a jornalista Manuela Costa Bandeira de Melo, mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP). A comunicadora é autora do livro “TELENOVELA - O Amor em Doses Diárias” (2015).
A profissional lembra que a novela é um estilo construído com base na narrativa seriada, com origem nas radionovelas, no melodrama e nas histórias folhetinescas. O formato surgiu no Brasil por volta de 1950 por meio das adaptações de radionovelas, e revelou artistas como Fernanda Montenegro e Lima Duarte. "Ao longo dos anos, sofreram diversas transformações temáticas e estruturais. Passaram a ditar moda, costumes e hábitos que foram incorporados pelos brasileiros", desenvolve.
O modelo é consolidado no gosto do público brasileiro há, pelo menos, 40 anos. Grande parte do impulsionamento de audiência das emissoras vem, inclusive, do horário nobre - a partir das 20 horas - preenchido pelas novelas. Atualmente, a Globo tem seis faixas de novela; enquanto o SBT soma cinco e a Record totaliza três. Já na TV paga, o Viva disponibiliza quatro horários para o formato.
A comunicadora atrela tamanho sucesso à aproximação da ficção com a realidade, sendo um meio de "extrapolar os limites da telinha" e transformar os capítulos em debates válidos. Ela cita, por exemplo, a ditadura militar, a corrupção, o tráfico de pessoas e até mesmo o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. "Assistir uma telenovela é muito mais do que somente vê-la, é estar envolvido em sua trama, se deixar levar pelo suspense. É compartilhar emoções com as personagens, discutir suas motivações psicológicas e suas condutas, decidindo o que é certo ou errado. Em outras palavras, é viver seu mundo", sintetiza Manuela.
Pantanal
Grande aposta da TV Globo para 2022, o remake de ""Pantanal" alavancou a audiência da emissora. A adaptação da trama de Benedicto Ruy Barbosa abriu espaço para questões sociais, como homofobia e o feminismo, dentro da narrativa dos personagens. A novela estreou em março e teve fim na última sexta-feira, 7. "Pantanal" consagrou elenco de estrelas, como a atriz Alanis Guillen como Juma e Isabel Teixeira como Maria Bruaca. Em entrevista ao O POVO, Isabel afirmou que interpretar Maria foi um "presente". "Eu gritava na cozinha e chorava de alegria", relembrou em matéria publicada no dia 04 de outubro.
Poliana Moça
"Poliana Moça", escrita por Íris Abravanel, se deseronla como sequência de "As Aventuras de Poliana" (2018), ambas desenvolvidas pelo SBT. Neste novo momento, a jovem precisa combater os dilemas escolares e a descoberta de uma mor. O cearense Igor Jansen integra o elenco como o personagem João, parte de um triângulo amoroso ao lado de Eric (Lucas Burgatti) e Poliana (Sophia Valverde). Dentre as novidades, a figura principal da novela também forma novos grupos de amigos com as novatas Ruth Goulart (Bella Chiang) e Helena (Luisa Bresser).
A Favorita
"A Favorita" (2008) é uma das novelas preferidas do público brasileiro e é o título do momento no "Vale a Pena Ver de Novo", programa de reprises da TV Globo. A trama acompanha Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia), irmãs que formam a dupla sertaneja Faísca e Espoleta. Elas se envolvem em um conflito após Flora ser acusada de matar o marido de Donatela. Mesmo que a história ainda esteja no ar, a Globo já bateu o martelo na produção substituta. A partir de novembro, "O Rei do Gado" (1996) integra a grade da emissora no horário da tarde. Escrita pelo mesmo ator de "Pantanal, a história narra o romance do latifundiário Bruno Mezenga (Antônio Fagundes) com Luana (Patrícia Pilar). Os dois são descendentes de famílias de imigrantes italianos que acumularam riquezas com criação de gado e plantação de café. O elenco ainda contra com Fábio Assunção e Glória Pires. Com a reprise, "O Rei do Gado" será exibida pela terceira vez no "Vale a Pena Ver de Novo".
Avenida Brasil
Além das reprises e remakes, este ano também mar 10 anos de obras da televisão brasileira, como "Cheias de Charme" (2012). Outro folhetim que completa aniversário é "Avenida Brasil" (2012), sucesso que conquistou um dos maiores ibopes da Globo, com 0,9 pontos de audiência. A trama ainda rendeu vários memes e apresentou os personagens Tufão (Murílio Benício) e Carminha (Adriana Estever). No dia do último capítulo, o País parou para acompanhar o futuro de Nina (Débora Falabella). Nas redes sociais, fãs repercutem os memes da obra e pedem por uma continuação da história.
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