Seis edições seguidas: é esta a marca alcançada pelo Troféu Samburá no Cine Ceará deste ano. Depois de enfrentar um período de hiato, o prêmio voltou ao principal festival de cinema do Estado em 2017 e não saiu mais de seu espaço desde então. Agora, após a edição híbrida do Cine Ceará em 2021, pode celebrar sua realização totalmente presencial para agraciar o Melhor Filme e a Melhor Direção da Competitiva Brasileira de Curta-Metragem.
O troféu será entregue por Clóvis Holanda, editor do Vida&Arte, durante a cerimônia de encerramento do Cine Ceará, prevista para ocorrer nesta quinta-feira, 13, às 19 horas. A programação será no Cineteatro São Luiz e os ingressos gratuitos serão disponibilizados pelo equipamento cultural na plataforma Sympla. Na sequência da cerimônia, será exibido o documentário "Saravá, meu avô", em homenagem ao cineasta Eusélio Oliveira.
Neste ano, dez produções de diferentes estados brasileiros concorrem ao prêmio paralelo, sendo três de Minas Gerais, duas de Pernambuco, uma de Alagoas, uma da Bahia, uma do Amazonas, uma do Rio de Janeiro e uma do Ceará. O curta-metragem que representa o Estado é "Elusão", da realizadora Taís Augusto.
Idealizado na década de 1980, o Samburá voltou a ser entregue por iniciativa do Vida&Arte e da Fundação Demócrito Rocha (FDR). Atualmente, o júri é presidido por João Gabriel Tréz, repórter e crítico de cinema do O POVO e membro da Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine).
Sobre a importância da continuidade de entrega do prêmio, ele afirma: "Enquanto um prêmio histórico do Cine Ceará, criado por nomes importantes do jornalismo cultural cearense, o Samburá ter sido não somente retomado, mas também se consolidado como um troféu importante do evento, demarca a constante caminhada conjunta entre o Vida&Arte, o O POVO e a cultura do nosso Estado e do nosso País. Poder estar à frente desse prêmio-referência é uma alegria e uma afirmação dessa vocação que levo pessoalmente comigo também".
Além de Tréz, fazem parte da equipe jurada desta edição o editor-chefe de Cidades do O POVO, André Bloc, a pesquisadora e diretora de criação do O POVO Luana Sampaio, a jornalista e pesquisadora Bruna Forte e a jornalista e artista Luiza Ester. Os critérios para a escolha tiveram em mente a mescla entre profissionais do O POVO e de fora, mas "que sempre tenham o que agregar", segundo o crítico de cinema.
Coordenador do Samburá por 23 anos (de 1985 a 2008), o jornalista e crítico de cinema Frederico Fontenele acredita que as principais diferenças das produções audiovisuais da época em que era coordenador para as realizadas atualmente são estéticas e tecnológicas, pois haveria maior quantidade de recursos tecnológicos para as produções. "O Samburá deu contribuição exponencial ao cinema brasileiro", avalia.
Desde o retorno do Samburá, dez curtas-metragens foram premiados. Em 2021, "Sideral", de Carlos Segundo, foi agraciado como Melhor Filme, enquanto que Júlia Fávero e Victoria Negreiros levaram o prêmio de Melhor Direção pela obra "Como Respirar Fora D'Água".
A força do audiovisual brasileiro
Uma das juradas do Troféu Samburá do 32º Cine Ceará, a jornalista e ex-repórter do Vida&Arte, Luiza Ester, compartilha a "alegria imensa" que sente por fazer parte da equipe deste ano. Ela afirma que "recebeu com muito carinho" o convite e destaca o papel do prêmio como enaltecedor "da força do audiovisual brasileiro" no "principal festival de cinema" do Ceará.
"Sinto orgulho por fazer parte dessa história e, ao mesmo tempo, me vejo imersa a um sentimento de estar em casa, de aconchego. Aquela sensação boa de ser sempre bem-vinda. Tudo isso se mistura à responsabilidade de olhar com lucidez e criticidade para os filmes, dirigidos por realizadores audiovisuais brasileiros, num País onde a arte segue resistindo. Quem recebe o Samburá tem em mãos o reconhecimento disso", pontua.
A origem
O "Samburá" surgiu na década de 1980 e recebeu esse nome em referência a um cesto utilizado por pescadores para guardar acessórios e mantimentos a partir de material feito com entrançados de cipó. O título foi ideia de Darcy Costa, primeiro presidente do Clube de Cinema de Fortaleza, e o troféu tem design assinado por Descartes Gadelha. Frederico Fontenele coordenou por 23 anos a premiação, ao lado de Wilson Baltazar e Nirton Venâncio.
Quem concorre nesta edição
Alexandrina - Um Relâmpago,
de Keila Sankofa (AM)
Big Bang, de Carlos Segundo (MG)
Camaco, de Breno Alvarenga (MG)
Celeste (Sobre Nós), de Natália Araújo (PE)
Cemitério de Flores, de Rafael Toledo (MG)
Contragolpe, de Victor Uchôa (BA)
Elusão, de Taís Augusto (CE)
Filhos da Noite, de Henrique Arruda (PE)
Infantaria, de Laís Santos Araújo (AL)
Último Domingo, de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão (RJ)
Vencedores do Samburá desde 2017
2021
Filme: "Sideral", de Carlos Segundo
Direção: "Como Respirar Fora d'Água",
de Júlia Fávero e Victoria Negreiros
2020
Filme: "O Barco e o Rio", de Bernardo Ale Abinader
Direção: "A Beleza de Rose", de Natal Portela
2019
Filme: "Ilhas de Calor", de Ulisses Arthur
Direção: "Rua Augusta, 1029",
de Mirrah Iañez
2018
Filme: "O Vestido de Myriam", de Lucas H. Rossi
Direção: "Plantae", de Guilherme Gehr
2017
Filme: "Valentina", de Estevão Meneguzzo e André Félix
Direção: "Vando Vulgo Vedita", Andreia Pires e Leonardo Mouramateus
Troféu Samburá
Quando: nesta quinta-feira, 13, às 19 horas
Onde: Cineteatro São Luiz
(Rua Major Facundo, 500 - Centro)
Programação completa no site cineceara.com