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8ª Bienal De Par em Par destaca política, acessibilidade e diversidade
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8ª Bienal De Par em Par destaca política, acessibilidade e diversidade

Ressaltando vocações de diversidade, transversalidade e acessibilidade em edição mais política, nordestina e expandida, 8ª Bienal Internacional de Dança - De Par em Par começa nesta sexta, 21
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Espetáculo 'Vitrúvio', da cearense Cia de Dança Mainara Albuquerque, é uma das atrações da abertura da Bienal (Foto: Equipemdance / divulgação)
Foto: Equipemdance / divulgação Espetáculo 'Vitrúvio', da cearense Cia de Dança Mainara Albuquerque, é uma das atrações da abertura da Bienal

No texto de curadoria da 8ª Bienal Internacional de Dança - De Par em Par, a professora e dançarina Claudia Pires destaca que o evento acontece, neste ano, "no mês da eleição mais importante do período de pós-redemocratização do Brasil". "É uma Bienal que traz mais explicitamente esse tom político", reforça a curadora, em entrevista ao Vida&Arte. Ressaltando a vocação de pluralidade e expansão do evento, a Bienal De Par em Par de 2022 aprofunda presenças diversas que constroem, em conjunto, um importante discurso em prol das liberdades de expressão e criação. A edição deste ano acontece gratuitamente entre os dias 21 e 29 em diversos espaços de Fortaleza, Itapipoca, Juazeiro do Norte e Paracuru.

A Bienal De Par em Par é realizada nos anos pares, enquanto a Bienal principal ocorre nos anos ímpares. Em 2020, a edição par não pôde ser realizada por conta do contexto da pandemia, tendo se adaptado ao formato remoto em 2021. 2022, portanto, marca o retorno da realização presencial do evento. Nesta edição, o bailarino piauiense Marcelo Evelin e a gestora cultural cearense Luisa Cela serão homenageados na abertura para convidados, que contará ainda com apresentações da Cia de Dança Mainara Albuquerque e da São Paulo Companhia de Dança.

"Esse retorno é em um contexto bem político. A gente quis mostrar muito o que estamos vivendo, os ataques à cultura que existem além da pandemia e todas as dificuldades: a gente não tem mais Ministério da Cultura, políticas federais", elenca David Linhares, diretor da Bienal que também assina a curadoria com Claudia e Felipe Sales.

Marcelo Evelin, um dos homenageados da edição, apresenta espetáculo "Ai Ai Ai" (1995) na Bienal De Par em Par(Foto: Valério Araújo / divulgação)
Foto: Valério Araújo / divulgação Marcelo Evelin, um dos homenageados da edição, apresenta espetáculo "Ai Ai Ai" (1995) na Bienal De Par em Par

David destaca que as obras selecionadas se ligam não somente ao contexto eleitoral, mas ao dos últimos anos. "Quando a gente vê o que está sendo produzido no Brasil agora, a arte retrata o que a gente vive politicamente. A Bienal está carregada dessas questões políticas que são urgentes de serem resolvidas", aponta.

"A gente foi buscar programar uma presença de maior pluralidade de corpos e obras aliadas a uma produção de discurso e narrativa mais abertamente voltada para a defesa das liberdades e também a denúncia dos desmantelamentos das políticas culturais no âmbito federal", dialoga Claudia.

Uma das proposições da curadoria neste ano foi aprofundar a acessibilidade em discurso e prática. "A gente está fazendo uma coisa inédita, uma oficina antes da Bienal começar com todos os técnicos e produtores para uma formação em acessibilidade", ressalta David. Obras da companhia potiguar Giradança, por exemplo, serão apresentadas no evento.

Formada por dançarinos com e sem deficiência, a Companhia Gira Dança (RN) apresenta dois espetáculos, incluindo "Bando"(Foto: Brunno Martins / divulgação)
Foto: Brunno Martins / divulgação Formada por dançarinos com e sem deficiência, a Companhia Gira Dança (RN) apresenta dois espetáculos, incluindo "Bando"

Além das produções, haverá também espaço de debate, com a realização de um seminário sobre dança e acessibilidade entre 25 e 29 de outubro, com nomes como Alexandre Américo, Rosa Primo e Helena Vieira. "É essa ideia da Bienal ser esse interlocutor que provoque inserção e atenção à diversidade de corpos, ao déficit de políticas públicas para pessoas com deficiência especialmente no campo cultural e é uma provocação à dança no que diz respeito ao entendimento de um corpo em dança", acrescenta Claudia.

A vocação expansiva da Bienal é reforçada ainda pela variedade de expressões e bases dos espetáculos. "Há a produção de laboratórios, obras de danças urbanas, com acessibilidade. É uma variedade de expressões e transversalidades, em diálogo com instituições, circulação nos interiores", destaca David.

A 8ª edição da Bienal De Par em Par traz maioria de espetáculos cearense e nordestina, mas também estimula intercâmbios com outras regiões do País e, inclusive, do mundo, com a presença de nomes como a francesa Myriam Gourfink e o moçambicano Jorge Armando Ndlozy em ações da programação. "A Bienal é a ação de difusão de criação em dança que mais avançou na ideia de conexões nacionais e internacionais e é dos poucos eventos no País que, já há décadas, vem buscando intersecções e 'desespecificar' a dança, entender a ela e ao movimento de maneira bastante expandida", elabora Claudia.

Obras como "Jango Jebezel" e "Tchau, Amor", do Outro Grupo de Teatro e da Inquieta Cia, respectivamente, são exemplos da aposta do evento na expansão de compreensões do que é a arte, uma vez que se ligam mais à ideia de teatro. "A Bienal traz a música para perto, extrapola a fronteira da dança e do teatro, vem dando uma contribuição a nossa cena de teatro local e nacional no que diz respeito a um corpo cada vez mais presente nas obras. A ideia é de expansão geográfica, mas também de linguagens. Se é uma dança plural que a gente busca, é uma Bienal para todas as danças possíveis", finaliza a curadora.

8ª Bienal Internacional de Dança - De Par em Par

Quando: de 21 a 29 de outubro

Onde: espaços diversos de Fortaleza, Paracuru, Juazeiro do Norte e Itapipoca

Entrada gratuita. É necessário retirar ingressos (mediante disponibilidade) em www.sympla.com.br/bienaldedanca

Mais informações: www.bienaldedanca.com e @bienaldedanca

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