O que define um herói? Princípios e poderes podem ser alguns pontos a serem atribuídos. E um vilão? Geralmente, é resumido como alguém do mal. Mas "Adão Negro", novo filme inspirado nos quadrinhos da DC Comics, que estreia nesta quinta-feira, 20 de outubro, mostra que essa definição não é tão simples quanto um significado de dicionário. A partir do protagonista, o longa ensina que ser herói ou vilão depende da perspectiva.
O Vida&Arte já assistiu ao filme e vem explicar a história que a produção aborda. Há milhares de anos, a população de Kahndaq foi dominada por um rei tirano, que explora seu próprio povo em busca de um minério precioso chamado eternium, necessário para produzir uma coroa que lhe dará poderes mágicos.
Quando o minério é finalmente encontrado, um jovem rapaz o rouba e incentiva os habitantes de Kahndaq a se rebelar contra o monarca. No entanto, o menino acaba sendo preso pelos guardas e é sentenciado à morte. Mas quando seu fim parece certo, ele é resgatado por magos, que o abençoam com poderes mágicos ao proferir “Shazam”. Assim, o chamado “Campeão” retorna a Kahndaq para defender seu povo.
A história desse herói permanece na memória do país mesmo com o passar do tempo. Porém, cinco mil anos depois do surgimento do Campeão, os habitantes de Kahndaq se vêem oprimidos por um novo grupo: a Intergangue. Adrianna (Sarah Shahi) é uma revolucionária que busca lutar contra os novos opressores, que estão procurando pela Coroa de Sabbac, aquela que pertenceu ao tirano rei de cinco mil anos atrás.
Quando Adrianna finalmente consegue encontrar o objeto, ela se vê em uma emboscada da Intergangue. Mas com a esperança de que o herói de Kahndaq realmente existiu, ela profere as palavras mágicas capazes de libertá-lo. Com isso, Teth-Adam, nome original de Adão Negro, desperta do seu sono de milhares de anos e luta contra os membros da Intergangue que buscam pegar a Coroa de Sabbac.
Superforça, velocidade, capacidade de voar e manipulação de raios são apenas alguns dos poderes que fazem com que Teth-Adam seja uma das figuras mais poderosas já vistas nos cinemas. As cenas de ação dominam o longa, afinal quase que recebeu a classificação indicativa para acima de 18 anos devido a quantidade de violência presente na montagem original, mas acabou sofrendo alterações para conquistar a classificação para acima de 13 anos.
Quando luta contra os opressores de Kahndaq, parece óbvio que o personagem é um novo herói, afinal é assim que a própria população do país o enxerga. Até que surge na trama a Sociedade da Justiça, formada por Senhor Destino (Pierce Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge), Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Ciclone (Quintessa Swindell).
Os super-heróis questionam os métodos utilizados por Teth-Adam. Eles defendem a justiça até mesmo para os piores criminosos e que todos merecem julgamento, não pertencendo a nenhum herói o direito de escolher o destino dos seus inimigos. Mas Teth-Adam não acredita nisso. Ele não tem misericórdia e assassina todos que se colocam em seu caminho. Sua fúria e falta de limites é capaz até mesmo de ferir os inocentes. A partir disso, o longa se propõe a criticar as definições de herói e vilão, destacando a perspectiva, seja do povo de Kahndaq ou da Sociedade da Justiça, como ponto crucial para a definição desses dois conceitos.
Por isso, Teth-Adam é apresentado inicialmente como um anti-herói, termo destinado a figuras que não possuem virtudes atribuídas aos heróis, ou seja, costumam praticar atos ética e moralmente questionáveis. Mas o filme se propõe a questionar isso entre os próprios personagens.
Quando a Sociedade da Justiça quer prender Teth-Adam, alegando que ele é um perigo para a sociedade, Adrianna questiona onde estavam os super-heróis quando a Intergangue assumiu Kahndaq. Agora que o país finalmente tem alguém para lutar por eles, a Sociedade da Justiça mais parece um vilão para os habitantes da região. Como já apontado, a perspectiva é essencial para a narrativa. Apesar desses questionamentos, o filme e seus personagens estão longe de ser confusos. Quem assistir até o final terá uma convicção clara de quem é o herói e de quem é o vilão.
Não dá pra falar de Adão Negro sem falar de Dwayne Johnson, ou The Rock, como também é conhecido. O ator não apenas protagoniza o filme como também é produtor. Por anos, ele vem defendendo um filme do personagem e sua atuação atinge o esperado. Dwayne Johnson consegue trazer a força e seriedade necessárias do personagem. Apesar do ator também se destacar pelo humor em outros filmes, em “Adão Negro” ele consegue dar o freio necessário, fazendo as cenas engraçadas serem divertidas e não constrangedoras e exageradas.
A Sociedade da Justiça é bem inserida no filme. Apesar dos personagens estarem estreando nos cinemas pela primeira vez, a inserção deles não é confusa. Alguns deles podem até lembrar super-heróis da Marvel, como o Senhor Destino que tem poderes semelhantes ao Doutor Estranho.
Por fim, “Adão Negro” é um filme cheio de surpresas. Quando o enredo parece estar definido, novos acontecimentos e descobertas tirarão o fôlego do telespectador. É um filme recheado de batalhas, sejam físicas ou conceituais. E para quem talvez esteja cansado de obras amplas, que envolvem diferentes mundos e planetas, “Adão Negro” se fecha a um único país, escolha que favorece o desenvolvimento do enredo e permite planos de gravações mais fechados, sem perder a grandiosidade dos super-heróis durante as batalhas.
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker.
Adão Negro
Estreia: quinta-feira, 20 de outubro
Onde assistir: Kinoplex North Shopping, UCI Kinoplex Iguatemi Fortaleza, UCI Shopping Parangaba, Cinépolis RioMar Kennedy, Cinépolis RioMar Fortaleza, Cinépolis North Shopping Jóquei, Centerplex Via Sul, Centerplex Grand Messejana.