Após adiamento, problemas de comunicação com grupos e uma série de reivindicações da classe artística, o Festival de Teatro de Fortaleza está de volta ao calendário de Fortaleza e realiza programação ao longo desta semana. Este ano, a XIV edição do festival traz o tema “A Cidade como Palco”, com apresentações que acontecem em diversos pontos da Capital. São mais de 40 espetáculos realizados até o dia 4 de novembro.
O festival promovido pela Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) tem acesso gratuito e está dividido em três mostras: “Fortaleza em Cena”, “Interbairros Novos Olhares” e “Ações Espetaculares e Formativas em Escolas Públicas Municipais”.
Nelson Albuquerque, diretor e ator do grupo Pavilhão Magnólia, destaca a importância do festival e ressalta as dificuldades encontradas para realização dos espetáculos este ano. “É um festival que tem uma relação que é muito afetiva para a gente que é de teatro”, aponta. O artista conta que, com 18 anos de existência, o grupo participou da maioria das edições que ocorreram desde a fundação do coletivo artístico.
Nelson esteve na linha de frente do debate para que a programação retornasse em 2022. Segundo ele, a volta presencial pós-pandemia só foi possível graças à luta da classe teatral. Nesse contexto, as apresentações são sinônimos de conquista e resistência.
“É uma grande briga da classe artística de Fortaleza. O festival está previsto por lei para que aconteça todo ano, mas infelizmente a Secretaria de Cultura não consegue manter essa regularidade”, lamenta. A classe artística tem se mobilizado para realizar a leitura de uma carta de protesto à “falta de compromisso” da instituição com os artistas da Cidade. A proposta é que as reivindicações sejam lidas ao final das apresentações.
O grupo Nóis de Teatro, que celebra 20 anos em 2022, foi às redes sociais para reclamar sobre a falta de diálogo com a pasta municipal. De acordo com postagem do coletivo, o Nóis foi convidado para realizar espetáculo de abertura do evento, mas posteriormente a negociação com evento foi interrompida e os artistas acabaram ficando fora da programação.
“Foram necessários ajustes na programação do Festival para contemplar as demandas dos 41 espetáculos selecionados”, respondeu Elpídio Nogueira, titular da Secultfor, ao ser questionado sobre o adiamento do evento e demais reclamações da classe artística.
O secretário apontou ainda que o festival “fortalece e democratiza a cultura, ampliando as possibilidades de acesso”, sem dar maiores detalhes sobre os problemas de falta de comunicação levantados pelos artistas que integram a programação.
O espetáculo “Há uma festa sem começo que não termina com o fim”, do Pavilhão Magnólia, será apresentado nesta quinta-feira, 27, na sede do grupo que está localizada na Aldeota. A peça dirigida por Francis Wilker, professor do curso de Teatro da UFC, em parceria com Tereza Rocha, professora do Curso de Dança da UFC, faz parte da mostra “Fortaleza em Cena”.
Ao falar sobre o que o público pode esperar do espetáculo, Francis comenta: “É um trabalho que aborda temáticas importantes para o Brasil. Com a questão da luta contra o racismo. É sobre a proteção dos territórios indígenas, das mulheres.”
O diretor destaca ainda que vê como fundamental a continuidade nas produções de teatro no atual momento brasileiro. “Essa é uma forma da classe artística intelectual do país falar: ‘Não vamos arredar o pé’”.
O ator e comediante Nairton Santos também participa da mostra “Fortaleza em Cena”. O espetáculo “Co.Vil” será apresentado na próxima sexta-feira, 28, e promete trazer para o público uma forte reflexão da realidade do país, falando sobre desigualdade social.
“Hoje é muito potente fazer 'Co.Vil' pela questão do momento político social que vivemos. Ele se realimenta da nossa atualidade tão desastrosa. 'Co.Vil' é um grito de socorro, um grito de resistência, um grito de sobrevivência”, pontua.
“Fortaleza em Cena” passeia ainda por várias localidades da Cidade, como nos Cucas Barra do Ceará, Pici e José Walter, além do teatro São José, localizado no Centro.
Na mostra “Ações Espetaculares e Formativas", que acontece nas escolas públicas da cidade, o objetivo é despertar os alunos para o mundo cênico. O ator Nairton Santos ministra nesta quinta-feira, 27, oficina de improvisação teatral.
Nairton, que teve seu primeiro contato com teatro por meio da igreja, ressalta a importância de levar a arte cênica para as escolas públicas. “O aluno fica mais criativo, mais sensível e mais humano”, finaliza.
Confira programação
Espetáculo: MARGARIDA CONTRA TANQUES
Grupo/Artista: Coletivo Inflamável
Hora: 17h
Indicação etária: livre
Local: Praça do Teatro Municipal São José (Rua Rufino de Alencar, 299 - Centro)
Espetáculo: ENCANTARIAS DE UM BOI JUREMEIRO
Grupo/Artista: Coletivo Yabas
Hora: 16h
Indicação etária: 12 anos
Local: Cuca Barra (Av. Pres. Castelo Branco, 6417 - Barra do Ceará)
Espetáculo: HÁ UMA FESTA SEM COMEÇO QUE NÃO TERMINA COM O FIM
Grupo/Artista: Pavilhão da Magnólia
Hora: 19h
Indicação etária: 16 anos
Local: Sede do grupo (Rua Isac Meyer, 108 - Aldeota)
Espetáculo: LASTÁ
Grupo/Artista: Bricoleiros
Hora: 19h
Indicação etária: 12 anos
Local: Teatro Municipal Antonieta Noronha (Rua Pereira Filgueiras, 04 - Centro)
Espetáculo: LANÇA CABOCLA
Grupo/Artista: Plataforma Lança Cabocla
Hora: 19h
Indicação etária: 14 anos
Local: Cuca José Walter (Rua 69, sn - José Walter)
Escola: Expedito Parente (Rua P, 100 - Siqueira)
Espetáculo: AS AVENTURAS DO JOÃO SORTUDO
Grupo/Artista: Cia. Prisma de Artes
Hora: 10h
Indicação etária: livre
Espetáculo: IMPROVISAÇÃO TEATRAL
Grupo/Artista: Nairton Santos
Hora: 15h
Indicação etária: 12 anos
Espetáculo: AVOA ACAUÃ, AVIA MARIA!
Grupo/Artista: Cia. Animaturas
Hora: 17h
Indicação etária: livre
Local: Box Cultura - Largo do Mincharia (Rua dos Pacajús, sn - Praia de Iracema)
Espetáculo: APAVORAÇÃO
Grupo/Artista: Procura-se Marly
Hora: 17h
Indicação etária: 14 anos
Local: Calçadão Centro Cultural Belchior (Rua do Pacajús, 123 - Praia de Iracema)
Espetáculo: DAS QUE OUSARAM DESOBEDECER
Grupo/Artista: Cia Bravia
Hora: 19h
Indicação etária: 14 anos
Local: Teatro Municipal Antonieta Noronha (Rua Pereira Filgueiras, 04 - Centro)
Espetáculo: CO.VIL
Grupo/Artista: Co.Vil
Hora: 19h
Indicação etária: 14 anos
Local: Teatro Municipal São José (Rua Rufino de Alencar, 299 - Centro)
Espetáculo: A RISITA
Grupo/Artista: Coletivo FusCirco
Hora: 10h
Indicação etária: livre
Local: Praça da Liberdade (Rua Pedro I, sn - Centro)
Espetáculo: TCHAU, AMOR
Grupo/Artista: Inquieta Cia
Hora: 19h
Indicação etária: 14 anos
Local: Teatro Municipal São José (Rua Rufino de Alencar, 299 - Centro)
Espetáculo: LÁZARO
Grupo/Artista: Rhamon Matarazzo
Hora: 19h
Indicação etária: 14 anos
Local: Teatro Municipal Antonieta Noronha (Rua Pereira Filgueiras, 04 - Centro)
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