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"Cientista Chefe da Cultura" investe em tecnologia 3D em equipamentos cearenses
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"Cientista Chefe da Cultura" investe em tecnologia 3D em equipamentos cearenses

Pesquisadores do programa "Cientista Chefe da Cultura" atuam em parceria com a Secult-CE para promover avanços e inclusão social nas políticas culturais do Ceará
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 Theatro José de Alencar (Foto: Divulgação/Cientista Chefe da Cultura)
Foto: Divulgação/Cientista Chefe da Cultura Theatro José de Alencar

Inovar, redesenhar, aprimorar. Verbos que se tornam palavras de ordem para empresas se destacarem em mercados cada vez mais competitivos. Quando se trata de gestão pública, a inovação tem sido estimulada como forma de sofisticar os processos e, por conseguinte, as entregas à população. Com várias frentes de atuação, o programa "Cientista Chefe da Cultura" tem se debruçado em fortalecer as políticas culturais no âmbito da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-CE).

Os desafios são muitos e vão desde mapear o chamado “ecossistema cultural” do Ceará, que envolve diversos agentes e estruturas, como artistas, equipamentos, programas, ações de bases comunitárias e formativas e cadeias produtivas. Não bastasse a empreitada, eles também têm como missão viabilizar a conexão deste universo, com a criação de um modelo conceitual e operacional. Tudo isso sem deixar de lado dados e indicadores que possam indicar as melhores decisões para a administração pública.

Um dos braços do projeto é coordenado pelo professor Esequiel Mesquita e se dedica a digitalizar patrimônios culturais do Estado. A iniciativa é desenvolvida pela equipe do Laboratório de Reabilitação e Durabilidade das Construções - LAREB, no campus de Russas da Universidade Federal do Ceará e tem como objetivo aliar tecnologia, técnicas da construção civil e cultura em prol da inclusão social.

"Trata-se de um projeto bastante inovador, são poucas iniciativas de digitalização no mundo. De tão novo estamos discutindo como esses dados depois vão ser armazenados e disponibilizados para a sociedade", compartilha Esequiel. Até agora, o laboratório já realizou a digitalização em 3D do Theatro José de Alencar, do Museu da Imagem e do Som e está em andamento o da Biblioteca Estadual do Ceará (BECE).

Até 2023, quando se encerra o ciclo do projeto, que conta com apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), ainda serão digitalizados o Cineteatro São Luiz, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a Escola de Gastronomia Social, a Escola de Artes e Ofício e o Sobrado Dr. José Lourenço.

A inovação será utilizada desde projetos de requalificação dos espaços públicos, como também fomentar o turismo e conhecimento dos equipamentos culturais do Ceará. Para o pesquisador responsável pelo projeto, o professor Custódio Almeida, é possível expandir a tecnologia para além da ideia original.

"É uma proposta de cristalizar equipamentos e não só equipamentos, a gente pode cristalizar rotas, por exemplo, se a gente imaginar que o Ceará tem uma rota religiosa, como a do Cariri, assim como a rota do couro, a rota das águas, a rota dos açudes. Então isso são propostas que podem vir para os próximos projetos, mas neste momento nós nos dedicamos aos equipamentos culturais", avalia Custódio.

Em outra frente, pesquisadores desenvolveram a "Plataforma Cultura Ceará", semelhante à Plataforma Lattes, mas voltada para o âmbito cultural e que pretende servir para cadastrar agentes culturais e pesquisadores e facilitar o acesso aos recursos públicos, otimizando o papel atualmente exercido pelo Mapa Cultural.

Pesquisadores visitam equipamentos culturais do Ceará
Foto: Divulgação/Cientistas Chefe da Cultura
Pesquisadores visitam equipamentos culturais do Ceará

Recursos que levaram pesquisadores a formular e propor novas formas de financiamento cultural, para somar às já existentes. Professor da Universidade Federal do Cariri, Ivânio Lopes de Azevedo Junior, coordena a equipe que busca aprimorar os editais da Secult-CE.

“Estamos fazendo um estudo diagnóstico-propositivo das formas de financiamento da cultura no estado do Ceará. Tradicionalmente esse financiamento vem através de leis de incentivo, então a gente parte do princípio que o campo da cultura é muito complexo então precisamos pensar de um sistema de financiamento que seja híbrido e mais plural, porque as formas hoje instituídas atendem uma parte da demanda, mas não a totalidade”, avalia o professor.

Em busca de promover a cidadania cultural e suas relações com empreendedorismo e inovação a grupos historicamente excluídos, a equipe de pesquisadores está inserida na rotina da Secretaria e realiza diagnósticos que podem servir de embasamento para mudanças.

"A gestão pública muitas vezes está presa à sua própria rotina, que é bastante puxada, e o projeto e a universidade vem para somar, para que os problemas cotidianos da gestão possam ser refletidos com mais calma, mais tempo", explica Ivânio.

Em mais de um ano de atividades, acompanham desde a concepção dos editais até a seleção e aplicação do recurso. "Nossas palavras-chave são cultura, inovação e inclusão social. A ideia do programa Cientista Chefe como um todo, que a gente replica na cultura, é de aproximar a produção acadêmica, do conhecimento que é produzido nas universidades e dos problemas reais que são enfrentados pela gestão pública. Então o nosso objetivo é provocar sinergia entre o que a gestão já tem também e no que a universidade pode contribuir", sintetiza o Ivânio.

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