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Ana Clara celebra a força feminina no samba e no pagode
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Ana Clara celebra a força feminina no samba e no pagode

Em entrevista ao Vida&Arte, cantora Ana Clara relembra grandes parcerias que fez na música e ressalta o crescimento de artistas mulheres na música popular
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Ana Clara conta sua história e ressalta amor pelos palcos  (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Ana Clara conta sua história e ressalta amor pelos palcos

Voz feminina do samba e do pagode, Ana Clara é uma artista que abraça a sonoridade popular brasileira. Com 14 anos de carreira, a cantora já fez parcerias com destaques da música nacional, como Alcione e o grupo de pagode Atitude 67, em seu EP "A Gente Sempre Ganha", de 2018. A catarinense vem crescendo gradualmente desde os seus primeiros lançamentos. Ela, que foi criada em um ambiente familiar de muita "paixão pela música", conversou com o Vida&Arte sobre seus projetos e a constante luta por mais oportunidades para as mulheres dentro do seu gênero musical.

"A Ludmilla abriu uma porta importante para gente, dessa nova geração, ela é uma menina que gosta muito de pagode, desde sempre. E eu, como seguidora, percebi que, mesmo cantando muito bem o funk, ela sempre teve no sangue o pagode. É importante para nós mulheres ter essas referências no mercado que possam nos abrir portas, assim como Jojo que recentemente lançou um disco de samba. A gente não procura essas oportunidades para ser mais, mas sim para termos as mesmas oportunidades. O homem tem, a gente também quer ter e merece ter", reflete Ana.

A artista, que com 18 anos se mudou para São Paulo atrás de crescimento profissional, teve a oportunidade de regravar a canção "Coração Feliz", sucesso de Beth Carvalho, para estrear como trilha sonora da novela "Bom Sucesso", de 2019, da TV Globo.

No mesmo ano, a cantora idealizou o projeto "Batucada da Ana Clara". O trabalho, coordenado pelo produtor Prateado, referência dentro do samba e pagode, que já produziu Belo, Thiaguinho e Maria Rita, foi gravado apenas em julho de 2021, em um formato de show desconstruído, da tradicional roda de samba. Disponível no Youtube, ele carrega a identidade da Ana Clara e traz participações muito especiais, além de acumular quase 2 milhões de visualizações. No Spotify, o projeto ultrapassa meio milhão de reproduções.

Confira trechos da entrevista para o Vida&Arte Convida com Ana Clara:

O POVO: Quais foram as principais dificuldades que encontrou na sua mudança de Joinville para São Paulo?

Ana Clara: Eu moro em São Paulo há 7 anos. Eu morava em Joinville que, apesar de ser a maior cidade do estado, é um local com muitos costumes do interior, e o mercado da música não tem tanta visibilidade. Na época, eu conversei com meus pais e resolvemos que eu iria para São Paulo para tentar alavancar a carreira. Óbvio que, na época, minha cabeça era pequenininha e eu imaginava que seria muito mais fácil entrar no mercado. Mas também, por ser mulher, eu tive muito mais obstáculos e barreiras a serem quebradas. Quando eu vim, tinha pouquíssimas meninas da nova geração. Hoje, já vivemos um momento muito oportuno de muitas vozes femininas se destacando. O desejo é que as oportunidades venham de forma igual, a batalha é constante.

O POVO: Você já fez grandes parcerias musicais como Alcione e Alexandre Pires. O que de especial você viveu nesses períodos e quais memórias e aprendizados você guarda desses trabalhos ?

Ana Clara: Se eu começar a falar das participações que eu já tive, com certeza, eu vou esquecer de alguém, pois fui agraciada com muitos momentos especiais que dividi com pessoas que sempre tive como referência. Alcione é uma potência, um talento que não há como questionar. Mas assim, Alexandre Pires, Péricles, Belo, os caras do Raça Negra, eu fiz um projeto muito importante para minha vida e divisor de águas com eles, que foi o Gigantes do Samba. Nós fizemos mais de 200 shows pela América Latina em um ano. Eu nunca tinha saído do Brasil pra cantar. Essa oportunidade que me foi dada, de ter uma mulher para levantar essa bandeira, com certeza, engrandeceu muito meu trabalho. Foi uma virada grandiosa, as pessoas passaram a me conhecer e meus shows que tinham uma quantidade relativa de pessoas, passou a ter 100 mil pessoas da noite pro dia. Eles me proporcionaram esse espaço para mostrar que as mulheres estão firmes na batalha, foi muito nobre da parte deles.

O POVO: Em qual momento você se encontra na sua carreira ? Há projetos para ainda este ano?

Ana Clara: Hoje, eu e minha equipe estamos rodando algumas cidades com o show da Batucada. É legal voltar, porque foram 2 anos parados, sem fazer show. Não quis me colocar em risco e também a minha equipe que é composta por muitas pessoas de grupos de risco. Estamos apresentando a batucada, mostrando esse novo som. Um dos meus desejos é poder gravar essa batucada com o público, em um show, mas não sei se vou conseguir fazer isso até o final do ano, já estamos em outubro e foi tudo muito rápido em 2022. É isso, o foco é estrada e em algum momento gravar um audiovisual. Eu costumo dizer que todo mundo tem uma missão e a nossa é levar alegria, descontração e leveza através da música; seja em momentos bons ou ruins, a música é sempre um escape. Estamos sendo muito bem recebidos nas cidades e é bonito ver isso, o respeito pelo trabalho das mulheres.

 

OP+

No 39º episódio do Vida&Arte Convida, a cantora Ana Clara relembra sua relação com a música desde pequena e exalta vozes femininas no samba e no pagode. A entrevista está disponível na sessão Filmes e Séries do OP+.

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