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Marcas cearenses desenvolvem bolsas com elegância e sofisticação
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Marcas cearenses desenvolvem bolsas com elegância e sofisticação

Com foco na sustentabilidade e colaboração com artesãos, marcas cearenses inovam no cenário da moda nacional e até internacional ao produzirem bolsas com design fora do óbvio
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Bolsa da marca cearense Gonzalo (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Bolsa da marca cearense Gonzalo

Com suas texturas e bordados, a bolsa cearense produzida artesanalmente costuma ser sinônimo de casualidade na moda local. Palha e crochê são alguns dos materiais mais utilizados e costumavam ser estereotipados para determinado público e locais. Mas o cenário está mudando. A partir da inovação no design e mix de matérias-primas, marcas cearenses estão transformando a bolsa cearense em símbolo de elegância e sofisticação.

"Até um ano atrás, o crochê era usado apenas em ambientes domésticos e a palha era utilizada mais em tapeçaria e chapéu. Hoje, com esse olhar do design, a gente consegue transformar a palha em bolsa, em uma proposta de acessórios com textura, 100% sustentáveis e que substitui o couro, o tecido e que tem durabilidade e design mais interessante e é uma valorização dos processos manuais", destaca Larissa Lopes, idealizadora da marca Tropicana.

Outra característica importante da produção de bolsas artesanais é o incentivo à colaboração, dando destaque para o trabalho de artesãs de diversas cidades do interior do Ceará que auxiliam no processo de desenvolvimento das peças. "É um processo muito colaborativo. É diferente de você desenhar e ser um produto industrial. Você pensa junto com a artesã. É sobre entender o artesanato e não apenas a matéria-prima", afirma Celina Hissa, criadora da Catarina Mina, marca que hoje faz o artesanato cearense ser reconhecido em diversos países, como Reino Unido, França e Estados Unidos.

Avaliando o mercado internacional, a designer acredita que a produção artesanal brasileira consegue destaque por fazer algo que outros países não conseguem: manter a produção local. "O Brasil se destaca muito por a gente conseguir associar a sustentabilidade social e de matéria-prima. A moda aqui no Brasil ainda consegue ter a cadeia completa. Ser criada por designers brasileiros, ser produzida no Brasil com matéria-prima brasileira. A fotografia é aqui, a modelo é daqui", explica. "Eu gosto quando a rede é o mais local possível, dentro das limitações que nós temos, mas quanto mais local você consegue fazer a moda, melhor", ressalta.

A partir disso, o Vida&Arte reúne cinco marcas cearenses que se destacam no mercado de bolsa artesanal: Catarina Mina, Gonzalo, Tropicana, Seda de Cebola e Matulão. Promovendo uma produção criativa e sustentável, essas marcas resgatam as raízes cearenses ao mesmo tempo que inovam no mercado, ressignificando peças e materiais.

Gonzalo
Gonzalo

Gonzalo

Nascida no sertão cearense, a Gonzalo produz bolsas autorais feitas à mão em células de produção criativa. As principais matérias-primas utilizadas são palha de carnaúba, palha de milho, couro vegano e madeiras nobres e de reflorestamento.

A marca, idealizada por Walber Góes e Rodrigo Bessa, tem como objetivo contribuir para uma relação mais justa com artesãos e garantir a entrega de peças exclusivas e de alta qualidade, que exaltem a ancestralidade nordestina e as raízes cearenses.

A marca ganhou destaque nacional ao lançar uma parceria com a Anacapri, desenvolvendo cinco modelos exclusivos de bolsas bucket e crossbody. Franjas, aplicação de materiais naturais e pespontos artesanais são detalhes que chamam atenção na linha. As peças estão disponíveis no site da marca (anacapri.com.br) e em todas as lojas físicas.

Onde Comprar: gonzalodoceara.com, anacapri.com.br e lojas físicas Anacapri

Preço: a partir de R$ 339,90 (Coleção Gonzalo e Anacapri)

 

FORTALEZA, CE, BRASIL, 01.11.2022: Bolsas cearenses - Catarina Mina Foto: Thais Mesquita/OPOVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 01.11.2022: Bolsas cearenses - Catarina Mina Foto: Thais Mesquita/OPOVO)

Catarina Mina

Com peças feitas à mão, a Catarina Mina defende a sustentabilidade e colaboração. A criadora da marca, Celina Hissa, acredita que o design inovador, a sustentabilidade e o impacto social são os principais fatores que levam a marca a ganhar destaque no cenário nacional e internacional.

Utilizando crochê, palha, bilro e outras tipologias artesanais, o ateliê produz modelos como a Bolsa Mira, uma tira colo de crochê com alça de corrente ônix. Outras chamam atenção pelo formato ousado sem perder a funcionalidade, como a Bolsa Ora, um modelo estruturado com alça tubular coberta e presa na frente e verso em um ponto vazado, e a Bolsa Rae, que tem formato geométrico inovador
com alças de mão triangular em madeira marchetada.

O ateliê tem uma rede de 370 artesãs, que participam do processo de criação dos produtos ou que recebem treinamento para conquistar sua independência através do artesanato. Junto com as peças, vem um cartão com QR Code que leva para uma página na internet com mais informações sobre a artesã responsável por aquele trabalho.

Onde comprar:  Rua República do Líbano, 540 - Meireles ou catarinamina.com

Preço: a partir de R$ 159

 

Tropicana
Tropicana

Tropicana

Criada em 2017 pela artista Larissa Lopes, a marca Tropicana tem o compromisso de valorizar e fortalecer a identidade cultural do Ceara a partir da comercialização de acessórios artesanais de baixo impacto ambiental, utilizando como matéria-prima miçangas de vidro e linha de algodão orgânico. As peças da marca chegaram a integrar o desfile de David Lee no DFB Festival 2022.

Para ela, a marca surgiu de uma herança, repassada a partir dos talentos das tias e mães que eram artesãs. "Autoral, sustentável e responsabilidade social" são os conceitos que impulsionam o ateliê. Por meio de projetos, Larissa capacita mulheres de comunidades periféricas. Além disso, é comprometida a usar matéria-prima limpa e valoriza os processos manuais ao criar peças à mão.

A partir do bordado de miçanga na palha e de miçanga com crochê, as bolsas da Tropicana chamam a atenção pela originalidade, afinal, Larissa acredita que é a única cearense que produz esse tipo de artesanato. Além disso, seu trabalho de tecelagem de miçanga também é destaque. "É uma bolsa feita 100% com miçangas. Vou fazendo várias amarrações com linhas e miçangas e vai se transformando em um tecido", explica. "É uma técnica indígena. Foi através de estudos sobre a arte indígena que eu consegui chegar nesse lugar, por eu ser uma mulher preta afro-indígena", ressalta.

Onde comprar: Rua Tabajaras, 610

Preço: a partir de R$ 160

 

Bolsa Mundo
Bolsa Mundo

Seda de Cebola

Criada neste ano, a Seda de Cebola surgiu do interesse de trazer a tradição cultural nordestina para a cena da moda, unindo o crochê e a moda streetwear. A marca já desenvolveu dois modelos de bolsas e a peça que pertence a coleção atual é feita à mão com crochê, utilizando linha 100% algodão, e se chama Bolsa Mundo.

O acessório é inspirado na tendência oversized, que consistes em produtos de moda maiores que o tamanho convencional. "A intenção é fugir do conceito de bolsa, ela é mais para complementar o look. É uma bolsa que pega da cabeça até praticamente o pé, tem mais de 1 metro de comprimento", explica Thyago Arpelau.

"A intenção da marca é trazer o lado urbano para o crochê. Normalmente, o crochê remete a uma coisa tradicional, ancestral, então a gente tenta trazer para o lado urbano", ressalta. Além disso, a peça foi inspirada em elementos locais, como a rede de pesca, vegetações e vento, a partir da presença de franjas e da cor verde.

Onde comprar: sedadecebola.offstore.me/shop

Preço: R$ 238

 

Donna Clutch
Donna Clutch

Donna Clutch

Idealizada por Beatriz Soares, a Donna Clutch é uma marca focada nas clutches, modelo de bolsas que é mais utilizado em festas ou eventos sofisticados. Recentemente, Beatriz lançou uma coleção focada em matérias-primas cearenses com o objetivo de ressignificar esses materiais. 

A nova linha de bolsas inclui palha e corda entre os materiais. De acordo com Beatriz, as peças trazem a delicadeza desses materiais para a elegâncias das clutches. "Busco trazer todo esse material de forma que fique moderno também, que traga aos produtos maior versatilidade no dia a dia, sem perder o charme e a sofisticação que esses materiais trazem", destaca Beatriz. "É uma questão de quebrar estereótipo e uma barreira com relação ao que é considerado arrumado. A gente quer trazer a clutch para um novo ambiente e quer trazer uma delicadeza e uma sofisticação que esses materiais naturalmente têm", comenta.

Onde comprar: donnaclutch.com.br

Preços: a partir de R$ 215

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Matulão
Matulão

Matulão

Direto de Maracanaú, a Matulão produz bolsas a partir da madeira e couro. O ateliê é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso de Leo Moreira, formado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Ceará, e foi orientado por Gilmar de Carvalho.

Investindo em formatos geométricos, Leo acredita que as peças da Matulão fogem do óbvio. "Eu aprendi a amar as coisas que são mais ocultas, justamente de sair desse óbvio. O professor Gilmar me ensinou a enxergar fora do óbvio", explica.

Há bolsas da marca em formato de tambor, triângulo e até mesmo tonel. Além de trabalhar com formatos incomuns, a Matulão também se destaca pela variedade de cores dos produtos.

Apesar de ousar no design, Leo ressalta a importância de pensar também a funcionalidade do acessório. "Você tem que fugir do óbvio desde que seja interessante. Às vezes, você acha que é só fazer diferente que fica legal, mas você tem que testar. A gente concebe as formas mais diferentes, mas sempre pensando na usabilidade. Afinal de contas, uma peça é pra ser usada", destaca.

Onde comprar: estudiomatulao.com.br

Preço: a partir de R$ 229,90

 

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