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Lino Villaventura comenta coleção lançada na SPFW
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Lino Villaventura comenta coleção lançada na SPFW

Estilista radicado no Ceará, Lino Villaventura fala sobre seu processo criativo e a nova coleção apresentada no São Paulo Fashion Week
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Lino Villaventura e Régis Vieira (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite)
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite Lino Villaventura e Régis Vieira

Os desfiles de Lino Villaventura são ápices nas semanas de moda. Assim foi em várias São Paulo Fashion Weeks, inclusive na 54ª, que terminou esta semana em São Paulo. Lino se apresentou como um dos estilistas mais ativos do evento e uma das maiores potências da moda brasileira em seus quase 45 anos de carreira. Durante este tempo dedicado à moda, Lino construiu uma identidade de marca, como um desfile de moda que lhe é próprio, profundamente enraizado na genialidade de um criador nato.

O estilista costuma fixar seus modelos, ecléticos e diversos, à noite, como sempre, com poucas exceções. Nesta última edição do SPFW, ele trouxe uma novidade e mudou um pouco a expectativa, apesar de não ter sido a primeira vez. Em 2015, o desfile diurno de Lino foi uma ponte para os atores de "Verdades Secretas", lembrou o estilista. Desta vez a proposta foi passear pelo Komplexo Tempo, local onde apresentou uma nova coleção de verão com Régis Vieira.

As roupas dessa série, ele revela, são feitas de "tecidos muito preciosos" que ganham um novo significado depois que o material é finalizado em seu ateliê. Peças únicas e originais com a marca Villaventura que resistem ao tempo. Não saiu de moda por isso, muito pelo contrário.

Nesta temporada, o estilista delineou sua nova leitura do tempo. A ideia, que partiu de desenvolver o verão, deu origem a novos modelos, onde, segundo Lino, a cor foi fundamental no processo. "Acho que ficou muito bem acertada, principalmente por ser verão, por ser umas silhuetas mais curtas, mas modernas, mais jovens, talvez", diz.

A apresentação dos novos designs foi envolta pela vista do alto de São Paulo, possibilitada pelo vidro que emoldura o espaço do Komplexo Tempo, resultando em um cruzamento entre uma cidade vibrante ao ar livre e seu design de marca. "Uma coisa muito moderna", definiu Lino em relação ao local proposto, à sua visão da moda e do futuro, embora este último, admite o estilista, seja pouco previsível. "Olha, eu não sou muito de prever o futuro, não, nunca fui. Acho que o futuro já está aqui. É o presente", reflete.

Ele fala, por exemplo, da vida moderna, das redes sociais. "Isso já nos remete muito ao futuro", não necessariamente à vibe futurista que pode lembrar alguns de seus looks. "Na verdade, eles estão dentro de um conceito da coleção", ajuda a entender sobre sua intenção criativa. Na coleção desfilada em São Paulo, o estilista destaca tecidos preciosos, um prateado e outro dourado, modificados com sobreposições de tecidos, que lembram o "tecido de armadura" e resultam em vestes de "guerreiras". "Isso vai nascendo conforme vai se fazendo a coleção", menciona.

"Sempre provoquei. Acho que isso é determinante no meu trabalho, não só por revelar alguma parte do corpo. Não faço isso gratuitamente", pontua. Para o arquiteto de moda que é, o gosto pela provocação é nesse sentido sui generis. "(Vem do) formato do tecido, da textura, do volume que quero dar, da sensualidade que quero transmitir com as roupas que monto, para que o look seja um look com uma mensagem de liberdade, de posicionamento, de fora preconceitos; tudo é muito importante, o que se nota de forma muito forte em todo o meu trabalho", que mesmo quando misturado à arte é apenas próximo, destaca Lino.

"Eu nunca penso a roupa como arte, mas acho que quando você faz qualquer trabalho que expresse tudo o que está pensando que seja muito forte em relação ao seu desejo, a sua personalidade, a sua maneira de perceber as coisas naquele momento. Se for assim, é uma forma artística de você fazer o trabalho", define nesse sentido novos rumos para pensar o corpo e praticar moda. "Sempre faço roupas", observa o estilista. No entanto, explica, "há uma arte ou um aspecto artístico nelas, como são feitas, como são montadas".

"São pequenos pedaços montadas como um quebra-cabeça que vai tomando uma forma, mas não uma forma de qualquer", indica Lino. "Sempre fiz isso no meu trabalho, me dei e me dou total liberdade de trabalhar. Acho que é isso que faz uma identidade forte do trabalho".

Confira imagens do Desfile:

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