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Bailarina Silvia Moura apresenta espetáculo "Raios e Trovões"
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Bailarina Silvia Moura apresenta espetáculo "Raios e Trovões"

Artista Silvia Moura apresenta espetáculo "Raios e Trovões" no Cineteatro São Luiz nesta quinta-feira, 1º
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Silvia Moura criou um
Foto: Luiz Alves/Divulgação Silvia Moura criou um "ritual" com elementos como bacias de alumínio usadas pela sua avó para lavar e colocar frutas e apresenta no espetáculo "Raios e Trovões"

O Cineteatro São Luiz abre a programação de dezembro nesta quinta-feira, 1º, com a apresentação do espetáculo “Raios e Trovões”, da atriz, bailarina e coreógrafa cearense Silvia Moura. O trabalho será exibido gratuitamente no equipamento cultural a partir das 19 horas e a entrada é limitada a 70 pessoas.

A obra integra a faixa de programação “Curta Mais Dança” e foi desenvolvida por Silvia durante os momentos mais críticos da pandemia de Covid-19. Em sua performance, a artista trabalha improvisação e aborda como criar “usando o que sentimentos como elemento na obra, relacionando o aqui e agora como parte do entendimento das ações que estão no enredo do trabalho”.

Em “Raios e Trovões”, ela recorre aos sentimentos que teve durante a pandemia, em que precisou ficar isolada e enfrentava perdas causadas pelo vírus da crise sanitária. A construção do espetáculo surgiu a partir da vontade de Silvia de “falar sobre os orixás e de suas influências” na vida da dançarina, principalmente durante a pandemia.

“Eu me apeguei muito aos elementos da natureza para me fortalecer”, relata. Essa experiência se expandiu para contatos com elementos que traziam memórias de sua infância ligadas à natureza, quando passava as férias na casa de sua avó e se relacionava “com os animais, com o vento e com a água do açude”.

“Eu resgatei um bocado de coisa que veio das minhas memórias de infância. O ‘Raios e Trovões’ veio muito a partir dessas observações das coisas que meus avós falavam e que eu vivi como criança que eu só pude identificar como uma força vinda da natureza depois de adulta. Assim, pude falar sobre isso e trazer para a cena”, revela.

Como exemplo de suas observações, ela lembra dos momentos em que rezava em uma árvore em seu quintal diariamente. “Toda vez que eu rezava eu pedia clemência ao universo, aos deuses e às deusas para acabar com a pandemia, para as pessoas não sofrerem tanto. Eu pedia por cura, e sempre que eu começava a rezar ventava muito, às vezes com raios e com trovões. Então, eram sinais de que eu estava muito conectada com a árvore do meu quintal. Eu pedia para Oxum, Iansã e Oxóssi para me protegerem, me darem força, e eu recebi sinais de acolhimento”, recorda.

A partir disso, Silvia criou um “ritual” com elementos como bacias de alumínio usadas pela sua avó para lavar e colocar frutas e colher outros objetos. “É um resgate também de memórias que me trouxeram acolhimento e força que eu precisava naquele momento da pandemia”, introduz. Dessa procura por força, surgiu “Raios e Trovões”, resultado de sua busca para “se manter com sanidade” e para se conectar com entidades divinas ao longo da crise sanitária.

No espetáculo, os sentimentos de Silvia são apresentados ao público de forma falada. A dançarina, em um trecho da obra, improvisa cenas e relata como essas memórias vieram e o que ocorreu durante a pandemia. “É como se eu narrasse uma pequena história que faz parte da minha mitologia pessoal, que é a minha relação com o que aconteceu na minha infância e com coisas que vejo agora como adulta”, pontua.

Essa será a primeira apresentação presencial de “Raios e Trovões” em Fortaleza. Anteriormente, o espetáculo passou por Russas e pelo Cariri. Inicialmente desenvolvido virtualmente, o trabalho se diferencia no espaço físico pelo fato de “o público levar sua própria energia”, na visão de Silvia. A bailarina defende que seus trabalhos têm interação forte com o público e, no espetáculo, isso contribuiria para o compartilhamento de forças levantadas para enfrentar momentos difíceis.

Como conta a dançarina, o espetáculo deseja também transmitir ao público a percepção da “busca pelo equilíbrio” e instigar a confiança de que “a cura para vencer os medos” pode vir de dentro das pessoas. Ela reflete sobre o processo de autoconhecimento que teve a partir da construção de “Raios e Trovões”: “O espetáculo me deu essa necessidade de fortalecimento da minha essência como pessoa, como um ser único no mundo”.

Na pandemia, com o “autorecolhimento”, veio também a compreensão de que estar sozinho também pode ser benéfico para entender sua própria essência. “Esse silêncio e esse recolhimento vieram como uma necessidade de entender que você estar só não necessariamente é uma coisa apenas ruim. A gente precisa também estar em companhia de si mesmo. Faz parte da vida”, completa.

Raios e Trovões

Quando: de 1º a 31 de dezembro
Onde: Icó (Ceará)
Programação gratuita

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