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Editora lança graphic novel sobre a vida do escritor George Orwell
Vida & Arte

Editora lança graphic novel sobre a vida do escritor George Orwell

| Graphic novel | Editora Almedina lança "Tantas, Tantas Eram as Alegrias"
Edição Impressa
Tipo Notícia
Foto: divulgação "Tantas, Tantas Eram as Alegrias", editora Almedina

Escritor brilhante e crítico cultural do mesmo naipe, o inglês George Orwell (1903-1950) sempre deixou vestígios da influência de sua vida pessoal na carreira em diversos artigos. Em um deles, "Tantas, Tantas Eram as Alegrias", ele relata a penosa rotina na escola preparatória St Cyprian's, onde estudou quando jovem e da qual guardou terríveis recordações, especialmente por conta dos maus-tratos que recebeu de colegas e professores, principalmente por ser bolsista. Foi justamente esse ensaio autobiográfico que inspirou uma graphic novel adaptada pelo premiado escritor de quadrinhos Sean Michael Wilson, lançado agora pela editora Almedina.

Orwell (que era o pseudônimo literário de Eric Arthur Blair) provavelmente escreveu o artigo entre 1939 e 1948, mas o texto só foi publicado dois anos após sua morte, na Partisan Review, por receio de que as pessoas mencionadas tomassem medidas legais, ainda que o autor tenha trocado os nomes. O texto figura no livro "Como Morrem os Pobres e Outros Ensaios" (Companhia das Letras) com o título Tamanhas Eram as Alegrias

O título irônico, "Tantas, Tantas Eram as Alegrias", foi retirado do poema The Echoing Green (O Verde Ecoante), que faz parte da coleção de 1789 de William Blake, Songs of Inocence (Canções da Inocência). Tal aprendizado sobre o uso da força deixou marcas profundas no pensamento de Orwell a ponto de, segundo especialistas, ter influenciado de algum modo a construção de suas obras-primas "A Revolução dos Bichos" (1945) e 1984 (1949), livros cujo alvo era direcionado contra o totalitarismo.

"Adaptar um romance existente ou uma história real em um formato de história em quadrinhos é principalmente selecionar, resumir e recombinar", conta Sean Michael Wilson, que elaborou um tratamento gráfico, ao lado do ilustrador Jaime Huxtable, que revela um mundo cruel por meio dos olhos atentos de uma criança, enquanto justapõe as ruminações do Orwell maduro a respeito do que essa educação diz sobre a sociedade.

Para o artista, Orwell afirmava ser um socialista democrático. "Assim, os livros podem ser vistos dentro da ampla consideração de 'como podemos fazer um sistema melhor que não dê errado?'", provoca. "Esta é uma questão vital com a qual ainda lutamos hoje. Os zapatistas no México ou o confederalismo democrático no Curdistão são exemplos atuais de pessoas que tentam isso de maneira impressionante. É uma divisão clássica entre quem pensa que é uma utopia impossível e quem pensa que é difícil, mas possível. Eu mesmo acho que é possível. A Revolução dos Bichos e 1984 são análises do que pode dar errado, que podemos usar como guias para evitar esses erros, no processo de fazer um sistema melhor". (Agência Estado)

 

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