Homenageado especial desta edição do Choro Jazz, Dori Caymmi tocou no Cineteatro São Luiz, na primeira parte do festival, mas não foi a Jericoacoara. Em vídeo, ele justificou a ausência dizendo que a "idade" (79 anos) o impediu. No entanto, sua obra foi interpretada por Renato Braz e Sérgio Santos. Em um dos shows mais emocionantes do evento, eles, que se definem "filhos artísticos de Dori", dividiram o palco com o percussionista Bré num espetáculo de fina delicadeza. Em certo momento, Sérgio não resistiu e chorou, o que diz muito de como foi o show.
Para Baden
Depois de dividir o palco com o pianista Gilson Peranzzetta no São Luiz, o violonista Marcel Powell fez show solo em Jericoacoara. Com muita simpatia e virtuose, ele manteve o público atento com uma série de canções de sua discografia própria e homenagens a mestres da MPB. Falando de seu pai, Baden Powell (1937-2000), ele lembrava histórias de Vinicius de Moraes, Antonio Maria, Paulo César Pinheiro e outros. Com a mesma voz curtinha do pai, Marcel ainda arriscou no canto ao encerrar com "Samba da benção".
Para Luizinho Duarte
Uma das mais importantes formações instrumentais do Nordeste, a Marimbanda subiu ao palco com uma missão muito nobre: celebrar a memória do mestre Luizinho Duarte, baterista e principal compositor do grupo, que faleceu em 28 de abril deste ano. Para complicar, o quarteto entrou desfalcado do flautista Heriberto Porto, que estava doente. O espetáculo foi defendido por Thiago Almeida (piano), Pedro Façanha (baixo) e Michael da Silva (bateria), eles resumiram o repertório de três discos autorais e hipnotizaram a plateia com sons de valsas, frevos, sambas e mais
Cumplicidade
Mais fiel fruto do Choro Jazz, a parceria de Pedro Martins e Michel Pipoquinha voltou à cena nesta edição. O guitarrista brasiliense e o baixista cearense se conheceram em 2017, na véspera de tocarem juntos no festival. Do encontro, nasceu a parceria, a amizade e o disco "Cumplicidade" (2020). Os dois brincam com seus instrumentos e com as melodias, se divertindo enquanto tocam. A plateia recebe essa positividade e se impressionou com a espontaneidade com que eles mostram composições de Cartola, Hamilton de Holanda e Chick Corea.
Na praia e na escuridão
A noite de quinta, 1º, começou com uma queda de energia que deixou Jericoacoara no escuro. Seria até melhor assim, caso não tivesse agendado para as 21 horas o show do violonista Nelson Faria com o baixista Ney Conceição. Com a energia reestabelecida, o duo subiu ao palco para um espetáculo com muito Tom Jobim e homenagens ao Nordeste. "Vou tocar uma coisa de Luiz Gonzaga que eu acho que representa o Nordeste como um todo", anunciou Nelson antes de tocar "Pau de Arara". Outra bela homenagem foi a que Vitor Alcântara (sax) e Daniel D'Alcântara (trompete) prestaram a Miles Davis e John Coltrane no sábado, 3. A programação do Choro Jazz ainda contou com rodas de choro à beira mar e em bares da cidade
Mais shows
A programação do Choro Jazz, em Jericoacoara, começou na terça, 29, com o trio do bandolinista Fábio Peron, seguido por Derico Sciotti, saxofonista que fez fama na banda de Jô Soares. Na quarta, 30, teve Dito Trio (Marco César, bandolim; Jorge Simas, violão de 7; e João Paulo, cavaco), seguido por duas referências do violão brasileiro: Marco Pereira e Paulo Bellinati. O encerramento aconteceu no domingo, 4, com o cantor e violonista Juliano Eriston acompanhado do clarinetista Vinicius Matos. Em seguida, o sanfoneiro Mestrinho recebeu o cearense Cainã Cavalcante (violão) e a cantora Vanessa Moreno.
O Vida&Arte viajou a convite do Festival Choro Jazz
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