Antes da ascensão do Instagram e TikTok, o auge das interações sociais tinha como palco o Facebook, que atingiu o ápice na década de 2010. Antes mesmo da criação do termo influenciador digital, a plataforma já possibilitava a viralização dos usuários a partir das ferramentas de curtir, comentar e compartilhar. Foi nesse contexto que Spartakus conquistou milhões de interações na rede social.
Tudo começou com o desejo de descomplicar assuntos referentes à comunidade negra e falar sobre suas vivências e resistências com o racismo. "Peguei como minha missão, realmente, tentar usar a minha voz na internet para ajudar as pessoas a entenderem coisas complicadas", declara. Mas não foi sorte que fez com que ele viralizasse no Facebook.
Em 2017, quando Anitta lançou o clipe "Vai Malandra" e apareceu com tranças, a cantora foi acusada de apropriação cultural. Em meio à polêmica, Spartakus se propôs a debater o assunto, mas de um jeito diferente. Antes disso, ele usava o Facebook para "escrever textão", mas decidiu testar um novo formato: os vídeos.
Na época, Spartakus trabalhava na Rede Globo e participou de treinamentos onde aprendeu técnicas de viralização na internet. Foi então que decidiu usar esse conhecimento a seu favor. Utilizando as técnicas aprendidas, Spartakus transformou os "textões" em vídeos e o conteúdo que antes passava despercebido entre os usuários da plataforma conquistou milhões de visualizações em poucos dias.
Mas antes das curtidas e dos compartilhamentos, quem era Spartakus? Nascido na Bahia, ele nasceu com esse nome mesmo: Spartakus Santiago. Não é invenção ou nome artístico e a origem é simples. Os pais do criador de conteúdo, admiradores do filme "Spartacus" (1960), decidiram dar ao filho o mesmo nome do protagonista do longa, interpretado por Kirk Douglas.
O personagem é inspirado no gladiador Spartacus, nascido aproximadamente em 113 a.C., e que liderou uma revolta com milhares de escravizados contra a República Romana. "Sem saber, meus pais me deram o nome de um militante revolucionário", brincou em um vídeo publicado no YouTube. Sim, além de criar conteúdo no Facebook, Spartakus também passou a utilizar a plataforma de vídeos.
Falando sobre arte e política, o youtuber criou conteúdos diversificados ao longo dos anos, buscando educar e celebrar sua comunidade."Eu sempre fui uma pessoa muito envolvida com política", afirma. "Eu acho que quem tem o privilégio de não se importar com política é quem tá muito confortável. Eu nunca estive confortável. Eu sempre achei que a sociedade precisava de mudanças", declara.
"Eu vim de uma família muito pobre do interior da Bahia. Minha avó era uma pessoa que passava muita necessidade, ela dava farinha para a minha família comer, para se alimentar. Meu pai é motorista de ônibus. Minha mãe era dependente química, morreu ano passado por causa da falta de vacina do Bolsonaro. Então, assim, eu acredito muito, sempre acreditei que essa realidade precisava ser mudada e eu tinha muita esperança que dava pra fazer isso. E eu tentei fazer isso com meus vídeos", conta.
Mas fora das câmeras e fora das redes sociais, ele também se dedicava aos estudos. Concluiu uma graduação em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e se formou em Direção de Arte pela Miami Ad School de Nova York. Ao longo da carreira, também foi apresentador do Canal Futura, do Prêmios MTV Miaw e até do MTV Video Music Awards. Em 2022, celebrando 5 anos de carreira, ele decidiu estrear na música, lançando "Mission" com o objetivo de inspirar outras pessoas da sua comunidade a não desistirem dos seus sonhos.
"Eu queria mostrar para os meus seguidores que a gente não pode ter medo de seguir nossos sonhos. Mesmo que as pessoas não apoiem, mesmo que elas achem que é loucura, a gente precisa ter fé, porque a única coisa que a gente precisa fazer é seguir em frente e ter foco no que a gente quer realizar. Se a gente fizer isso, é o bastante para você chegar onde você quiser, foi assim que eu cheguei até aqui", declarou.
Apesar das oportunidades que conquistou através das redes sociais, Spartakus relata os desafios. Ataques de internautas, problemas de saúde mental, como fobia social, ansiedade e depressão, são algumas das dificuldades que enfrentou nos últimos anos. Com isso, passou a fazer um exercício de imaginar uma versão mais confiante de si mesmo através da terapia, criando o alter-ego Spartta, que assina "Mission".
"Nesses momentos de tristeza, eu comecei a compor e comecei a escrever uma música, que era uma música só pra me sentir mais confiante quando eu tava cantando. Mas eu senti que seria talvez inspirador compartilhar isso com outras pessoas da minha comunidade", explica. "Existem formas de lidar com a nossa insegurança e a gente não pode ter medo de ir em busca do que a gente quer, de criar. Não dá pra ter medo do que as pessoas vão achar. A gente tem um potencial gigantesco", destaca.
A faixa foi produzida por RDD, responsável pelas batidas de "Me Gusta", de Anitta e Cardi B, além de "Urucum", de Karol Conká. Com mistura de rap e pagodão, a música mistura inglês e português. Junto com a canção, veio um clipe gravado em Nova York, com direção do estadunidense e afro-cubano Casiano Hamer e direção criativa de Maxwell Vice.
Youtuber, influenciador digital, criador de conteúdo, apresentador, comunicador, artista. São vários títulos que acompanham Spartakus. O que ele destaca é seu potencial. "Eu posso ser qualquer coisa, eu posso ser um artista, eu posso ser um apresentador, eu posso ser um criador de conteúdo, um youtuber", diz. "Quando eu tinha 17 anos, eu não acreditava que era possível. Eu não acreditava que eu tinha capacidade de ser youtuber, apresentador, e hoje eu sou. Eu entrevistei a Anitta no VMA. Eu realizei sonhos que eu não achei que eram possíveis", declara.
Mission
Disponível em: Spotify e Youtube
Clipe: youtube.com/
Instagram: @spartakus
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