Apesar da saída da seleção brasileira nas quartas de final da Copa do Mundo, não há como deixar de lado os artistas que trazem alegria e emoção neste período. Shakira, Jennifer Lopez e Claudia Leitte são algumas das celebridades mais lembradas pelos hits "Waka Waka" e "We Are One". No Brasil, a canção que une toda a torcida é "País do Futebol", do funkeiro Mc Guimê junto do rapper Emicida. A faixa, lançada em 2013, foi símbolo da copa de 2014 e segue repercutindo com mais de 100 milhões de visualizações no YouTube.
"Foi emocionante revisitar esse sucesso da minha carreira e fico muito feliz que tenha sido ao lado dos meninos do Dubdogz e Whatzgood. Mesmo não saindo vencedores, continuamos sendo o 'País do Futebol' e temos, sim, o que comemorar. Jogamos bonito e escrevemos uma trajetória linda e marcante nesse mundial", afirma Guimê em entrevista ao Vida&Arte.
Dono de sucessos como "Tá Patrão", "Plaquê de 100" e "Na Pista Eu Arraso", MC Guimê, considerado um dos maiores nomes do chamado "funk ostentação", revela ainda que "País do Futebol" ganhará um remix diferente. "O remix vai vir pra ajudar a galera a curtir ainda mais o som", antecipa. A canção foi escrita junto do jogador Neymar, que também marca presença no videoclipe.
Para além do seu trabalho, MC Guimê faz uma observação sobre o lançamento de canções de outros artistas para a Copa de 2022. "Nunca criticaria ou julgaria o trabalho de nenhum nome artístico", diz. Ele acrescenta que "País do Futebol" foi criada de forma natural, mas pensando em um sucesso prolongado.
"As pessoas têm diferentes estilos e gostos. Acho que quem prova se algo é bom ou ruim é o próprio público. Os artistas têm total liberdade para chegar junto e fazer esses hits. O que acho legal é fazer pensando na responsabilidade que a música tem por carregar um evento que ocorre de 4 em 4 anos. Acredito que atualmente falta pensar na longevidade das canções antes de seus lançamentos", conclui ele.
Confira outros trechos da entrevista com MC Guimê:
OP - Em qual contexto de sua vida você decidiu trilhar a carreira musical?
MC Guimê - Meu começo na música foi muito natural, porque desde a infância admirei esse trabalho. A música era como um remédio pra quem era da periferia, da 'quebrada', que é o rapper e o funk. Mesmo sendo um moleque, eu tinha diversos sonhos e vontades. Passava por algumas dificuldades financeiras também. Então, quando eu saia pra rua e escutava a letra de uma canção que me identificava, eu guardava aquilo no coração. Foi com 14/15 anos que comecei a escrever e percebi que tinha talento pra isso. Acreditei nisso e fui! Absorvia o que achava interessante para meu caminho e comecei a lapidar muitas ações minhas para entrar no meio artístico. Se você quer ser um artista, não adianta ficar indo aos bailes e causando "auê", você tem que buscar o respeito das pessoas e se cuidar nesse processo.
OP - Naquela época, quais eram suas principais referências no meio musical?
MC Guimê - No primeiro momento que eu comecei a ter a música como cura, Racionais MC's era o top 1. Eu também gostava de escutar um grupo de rapper paulista, o SNJ, acho que hoje não é mais a mesma formação, mas fizeram grandes sucessos. Facção Central e Realidade Cruel também têm seus destaques. Lá fora, nos Estados Unidos, eu escutava muito Jay-Z, Tupac, entre outros. Eu sou muito eclético; DJavan, Victor & Léo, Legião Urbana, MC Smith, MC Lon, MC Primo, me inspiraram e me inspiram até hoje. Destaque para um artista que não está mais entre nós, mas será sempre meu grande amigo e inspiração que é o Mr Catra.
OP - Um dos seus primeiros sucessos foi "Plaquê de 100". Era algo que você esperava? Como lidou nos primeiros momentos com a fama?
MC Guimê - A fama veio de uma forma muito boa. Ainda mais que eu era "novão" e tinha muita vontade de viver isso. A "Plaquê de 100" foi surreal. Aconteceram coisas mágicas na minha vida depois dela. Quando ela alcançou a meta de 60 milhões de views no YouTube, eu fiz uma parceria com a própria marca Citroën, no qual a gente faz um remix da canção. Até hoje, na garagem de casa, eu tenho um Citroën que foi fruto dessa faixa. É um sonho que nunca imaginei viver, foi uma surpresa muito positiva. Nesse meio artístico, eu vejo muitos que são de verdade e outros que não são. A minha verdade sempre foi essa, viver um sonho de um moleque ousado e guerreiro que não ia baixar a cabeça pra ninguém, que não ia desistir, nem passar por cima do trampo de alguém.
OP - Qual seu sonho de carreira atualmente? No que você vem trabalhando nos últimos meses?
MC Guimê - No dia do meu aniversário, eu postei algo que refletia sobre isso. Muitos pensam que eu já cheguei no topo da minha carreira, mas vejo que só estou começando. Com o tempo que passa, eu me sinto melhor e mais forte. Eu, hoje, invisto totalmente no funk, mas como sou eclético, invisto em parcerias diversas, como Claudia Leitte, parceiros do rapper também. Minha meta é fazer muitas músicas boas, voltei para os estúdios e sigo trabalhando em muitas canções. Acredito que 2023 será um ano de muitos sucessos e bençãos. "País do Futebol" tem sido uma prova de que músicas podem ser eternizadas, sempre mostrando porque eu vim pra música e porque eu escolhi isso. Vou continuar livre no ramo, porque ele permite essas oportunidades. O que os fãs podem esperar são mais músicas de funk, rap e trap e muitos feats que vão trazer a minha essência e a minha realidade.
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui