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Alice in Borderland: Segunda temporada estreia na Netflix
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Alice in Borderland: Segunda temporada estreia na Netflix

Segunda temporada de "Alice in Borderland" estreia na Netflix e amplia narrativa a partir do desenvolvimento dos personagens
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Tipo Notícia
Foto: Kumiko Tsuchiya/Divulgação "Alice in Borderland" ganha segunda temporada na Netflix

Após dois anos de espera, "Alice in Borderland" retorna para o catálogo do serviço de streaming da Netflix. A nova temporada traz oito episódios que ampliam o universo da obra, mostrando uma série mais madura não apenas em roteiro, mas em aspectos técnicos. E, apesar de trazer alguns clichês, consegue manter a atenção do espectador do início ao fim, fazendo toda a espera ter valido a pena.

A primeira temporada da série original japonesa, que é uma adaptação homônima do mangaká "Haro Aso", conta a história de Ryohei Arisu (Kento Yamazaki) e seus dois amigos, Karube (Keita Machida), Chota (Yuki Moringa). No centro lotado da cidade de Tóquio, após chamarem a atenção da polícia local por fazerem uma brincadeira no meio do trânsito da cidade, eles se escondem em um banheiro público e sentem o que acreditam ser um terremoto. Quando percebem, todas as pessoas desaparecem, restando apenas os três amigos. Depois de algumas horas tentando entender o que aconteceu, acabam descobrindo que, para sobreviver, precisam participar de um jogo — quer dizer, de vários.

Na segunda temporada, tanto Arisu como o telespectador já conhecem o mundo de Borderland e todas as suas regras e, graças a isso, a série foca em desenvolver os personagens de forma mais profunda, por vezes mostrando como era a vida de alguns deles antes de entrar naquele universo violento, bem como as dificuldades de muitos deles antes de estarem ali, o que nos dá uma noção muito maior de suas atitudes durante os desafios.

Os jogos, agora mais complexos, nos trazem reflexões ainda mais profundas sobre as relações humanas em temas como, por exemplo, amizade, confiança, propósito e perseverança. Destacam-se aqui dois deles. "Osmose" (Episódio 2) é indiscutivelmente um dos episódios mais bonitos da temporada, tanto em roteiro como tecnicamente, trazendo em sua fotografia cenas que parecem terem sido reproduzidas diretamente do mangá que deu origem à obra.

O jogo em equipe do episódio, apesar de ter regras simples, surpreende até o último momento, com uma montagem inteligente e cenas muito bem executadas. Vale também o destaque para a atuação de Yamashita Tomohisa (Kyuma), que mesmo com o pouco tempo de tela se mostra um personagem extremamente carismático, o que faz com que o espectador queira conhecer mais e mais sobre ele.

Já no episódio 3, com o jogo "Confinamento Solitário", a série mostra que não precisa de tramas mirabolantes para prender a atenção do espectador e, apesar de ficar "claro" desde o início quem irá ganhar o jogo, "Alice in Borderland" nos mostra o quão longe a paranoia e o egoísmo humano podem complicar algo que poderia ser facilmente solucionado. Afinal, é natural do ser humano complicar o descomplicado.

"Alice in Borderland" mostra, mais uma vez, que o Oriente não está para brincadeira quando o assunto é entretenimento audiovisual e faz valer o claro aumento em orçamento, com efeitos visuais que convencem — tanto em CGI como em efeitos práticos —, uma fotografia fantástica e, acima de tudo, um roteiro inteligente, se mostrando uma das raras exceções em que o live-action funciona tanto, ou até mais, do que a obra original.

Com um final que não oferece necessariamente uma resposta definitiva para o principal mistério da série, "Alice in Borderland" brinca com várias possíveis teorias dos fãs sobre o que estaria acontecendo com os personagens principais de uma forma divertida e convincente, mas também nos apresenta um final digno para uma jornada que nos mostra a importância de dar valor à vida e que devemos sempre fazê-la valer. Afinal, nada é mais doloroso e demorado do que apenas esperar pela morte.

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