Em janeiro de 1869, surgia Nhô Quim: personagem principal da primeira história em quadrinhos do Brasil. Feita por Ângelo Agostini e publicada no periódico "A Vida Fluminense", a obra "As Aventuras de Nhô Quim" ou "Impressões de Uma Viagem à Corte" é a principal homenageada deste dia 30, data que marca o Dia Nacional do Quadrinho e celebra o pioneirismo de Agostini.
A partir do aparecimento de Nhô Quim, os quadrinhos foram se popularizando no País e passando a integrar o cotidiano brasileiro. Nessa época, os fãs tinham acesso a esse tipo de literatura por meio de jornais e revistas, como a "Tico-Tico" (1905 -1950), que destinava-se ao público infantil e reunia material estrangeiro e nacional. Com o tempo, heróis, vilões, turmas de amigos, famílias e personagens saídos da TV e do cinema ficaram "independentes" e ganharam suas próprias revistas. Com a evolução da tecnologia, os leitores de quadrinhos ganharam um novo meio de acompanhar suas histórias preferidas: a internet.
Será que eles se acostumaram a ler virtualmente ou ainda preferem colecionar as edições físicas? Para o designer gráfico Pedro Damasceno, 21, a internet facilitou o acesso às histórias que acompanha, mas ainda não substitui a experiência de lê-las impressas.
"Com o desenvolvimento da internet, eu pude ter acesso a obras que não possuíam publicação oficial no Brasil e até mesmo adquirir de maneira oficial e digital obras raras. Mas em relação à preferência do método de leitura, o físico sem dúvidas é o melhor. Ter o quadrinho em mãos e poder vivenciar e sentir todo o carinho posto em sua produção não tem preço", explica.
O estudante de História Ikaro Gabryel, 18, compartilha da opinião de Pedro. Contudo, defende a internet como facilitadora do acesso aos quadrinhos, tendo lido a maioria assim. "Se não fosse por essa facilidade de acesso proporcionada pela internet, provavelmente eu não teria a leitura de quadrinhos como uma das minhas paixões". O jovem é apaixonado desde a infância, graças às historinhas da "Turma da Mônica", mas só por volta de 2021 passou a levar a sério o desejo de colecioná-los.
O coordenador de TI Reginaldo Carneiro, 49, conta que não conseguiu se acostumar a ler virtualmente. "Apesar de trabalhar na área de tecnologia, sou bem analógico, prefiro comprar e sentir o papel", comenta. Reginaldo é fascinado por quadrinhos desde os anos 1980 e inclusive, em 2007, realizou o sonho de conhecer Al Rio (1962-2012), famoso quadrinista cearense que trabalhou para grandes editoras como Marvel, DC Comics e Dark Horse.
Conheça 3 quadrinistas cearenses
Daniel Brandão
Quadrinista, ilustrador e educador, decidiu trabalhar com quadrinhos em 1994, quando ainda era estudante de Direito e passou a fazer parte da Oficina de Quadrinhos da UFC. Ao longo da carreira, ganhou três prêmios HQ Mix - considerado o Oscar dos Quadrinhos no Brasil - com a publicação Manicomics, trabalhou com empresas como DC Comics e Marvel e criou o Estúdio Daniel Brandão, escola de artes referência no Ceará.
JJ Marreiro
Se dedicando à arte desde a infância, teve como uma de suas primeiras experiências as tiras e caricaturas de colegas que fazia para o "jornalzinho da escola". Com o passar dos anos, tornou-se integrante da Oficina de Quadrinhos da UFC e ganhou três troféus HQ Mix graças ao Manicomics. Participou da produção do "Direito Constitucional em Quadrinhos", uma abordagem inédita da Constituição e almeja facilitar o aprendizado da Lei.
Klevisson Viana
Descobriu os quadrinhos ao se mudar da zona rural para Fortaleza. Trabalhou como ilustrador e chargista, fez histórias em quadrinhos para a Unicef, fundou a editora Tupynanquim e, individualmente, ganhou três prêmios HQ Mix. Está completando 35 anos de carreira e é ainda produtor cultural e compositor.