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M3GAN: filme usa boneca para discutir tecnologia, carência e solidão
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M3GAN: filme usa boneca para discutir tecnologia, carência e solidão

Após divulgação cheia de passinhos ritmados, filme "M3GAN" segue em cartaz e constrói trama que discute Inteligência Artificial
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Foto: Divulgação Filmes "M3GAN" debate as tensões humanas entre o real e o virtual

"M3GAN" começa com a trágica perda dos pais da personagem Cady (Violet Mcgraw). Além de lidar com as consequências do acidente que a deixou órfã, a garota agora se vê morando com sua tia Gemma, que também sofre muito com a perda da irmã. A partir daí a vida da garotinha e da sua tia mudam completamente.

Gemma (Allison Williams) é uma jovem adulta com carreira promissora em uma empresa multinacional. Ela trabalha como especialista em robótica e Inteligência Artificial (IA), com foco em brinquedos. Apesar de sua competência profissional, ela se vê diante de um grande desafio ao assumir a responsabilidade de cuidar da sobrinha e ao mesmo tempo atender às demandas de seu trabalho.

Após uma conversa com sua sobrinha, Gemma tem a ideia de utilizar seu maior projeto para solucionar os problemas enfrentados por ela: entregar um brinquedo revolucionário que irá ajudar a empresa em que trabalha a derrotar a concorrência e ajudar Cady a superar o trauma da perda de seus pais.

Como resultado, Gemma desenvolve M3GAN, uma boneca realista com Inteligência Artificial cujo único objetivo (por enquanto) é cuidar de Cady. A partir desse ponto, M3GAN começa a ficar o máximo de tempo possível com a menina, se tornando assim uma companhia inseparável para ela. Logo M3GAN se mostra um sucesso no trabalho de Gemma, afinal quem não ficaria abismado com uma boneca realista, que se comunica de forma espontânea e articulada com uma criança, a acolhendo, ouvindo, ou até mesmo educando.

E talvez essa seja uma das maiores críticas do filme, que faz esse paralelo entre Gemma e pais modernos, que deixam seus filhos com as famosas "telas" enquanto cuidam de outros afazeres. Situação que é abordada de forma muito dura no longa, já que M3GAN cuida de Cady enquanto Gemma faz ''o que realmente importa", que é se focar no seu trabalho.

No entanto, além de se conectar emocionalmente com Cady, M3GAN começa a se desenvolver de forma muito rápida, através da sua conexão com a internet e interação com os humanos, o que a faz começar a agir fora do normal. E é aí que entra o "terror" do filme. Escrevo "terror" entre aspas, pois a roteirista Akela Cooper ("Maligno!") juntamente com o diretor (quase estreante) Gerard Johnstone fazem um filme que quase beira à satira, o que não é de todo um problema se não fossem as caricaturas exageradas sobre o meio corporativo nos personagens secundários.

Chega a ser um pouco constrangedor a forma exagerada que um desses personagens é abordado, de forma excessivamente caricata, trazendo referência ao que seria o Elon Musk, talvez? O que não é um problema por si só, já que a sétima arte sempre se utilizou da grande tela para criticar pessoas e acontecimentos. A questão aqui é a forma exagerada e pouco convincente que isso acontece.

"M3GAN" tem, sim, cenas mais tensas e que podem (e vão) assustar. Um dos pontos fortes do filme é a coragem em gravar essas cenas em locais claros, não se aproveitando da escuridão para causar uma falsa sensação de medo ou até mesmo maquinar possíveis falhas na cena. Em umas das cenas mais bizarras do filme, M3GAN dança de forma inquietante momentos antes de cometer um ato de violência. Sem dúvidas um dos momentos mais marcantes do longa.

Destaque indiscutível aqui não só para o design da boneca, mas também para as atrizes que a interpretam. A atriz Amie Donald dá vida ao corpo de M3GAN, enquanto a voz da personagem é interpretada por Jenna Davis. E ambas fazem um trabalho fantástico dando vida a essa personagem que já nasce marcante, antes mesmo da estreia do filme.

@meetm3gan

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Já que uma das formas que o marketing do filme encontrou de divulgar a obra foi exatamente a dancinha com pegada TikTok que a boneca faz, o que se tornou viral por todo o mundo rapidamente. Nada mais justo se utilizar de redes sociais e algoritmos nessa divulgação, já que "M3GAN" aborda muito sobre isso.

Em um momento no qual se discute de forma intensa a utilização da Inteligência Artificial no nosso dia a dia, "M3GAN" mostra de forma clara (e assustadora) os perigos que essa tecnologia pode apresentar caso não seja feita com responsabilidade.

Apesar de não ser uma discussão nova, e já apresentada em tantos filmes, como "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Exterminador do Futuro", "Blade Runner" e vários outros, "M3GAN" acaba por atualizar a discussão a trazendo para moldes mais atuais e reais, que nos fazem, sim, refletir se a IA chegar ao ponto em que o filme propõe, como devemos vê-la? Abordá la? Tratá-la? Afinal, se ela tem pensamentos, ela é viva? O que nos diferencia como seres humanos não é justamente isso? Sem dúvidas, existe também, toda uma questão ética discutida nesse filme sobre as IAs e como vamos utilizá-las.

O que mais assustador em "M3GAN" não são as cenas de terror ou violência, mas, sim, a forma real que o filme apresenta de como nós, humanos, nos utilizamos da tecnologia para solucionar problemas que deveriam ser solucionados com o oposto disso, que seriam as relações humanas.

No geral, "M3GAN" entrega o que se propõe, talvez não de forma totalmente inovadora, mas indiscutivelmente bem feita, nos fazendo refletir e se divertir durante todo o filme.

M3GAN

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