Passar em uma banquinha de tapioca, na esquina da rua, faz parte do cotidiano dos cearenses. Seja antes do trabalho ou no café de fim da tarde, uma parada é sempre bem-vinda. De tão tradicional, o point virou cenário da comédia "Guerra da Tapioca", filme cearense exibido nesta segunda-feira, 27, a partir das 23h55min, na Tela Quente.
O telefilme se baseia em um conflito amoroso entre os protagonistas Solange (Samya de Lavor) e Manoel (Galba Nogueira). No início, os dois estão apaixonados, trabalham juntos vendendo tapioca e chegam a planejar o casamento, planos que mudam quando Manoel diz que não quer mais casar. Desolada, Solange abre uma banca de tapioca e concorre com o ex-noivo, rivalidade que fica ainda mais acirrada quando ela passa a se envolver com outro homem.
Em cena, amor, desilusão e ciúmes, sem deixar de lado as pitadas de bom humor. "Temos uma história comum, de uma mulher real, temos um cenário bem brasileiro com uma trilha sonora muito conhecida do grande público: que é nosso maravilhoso forró. Quem nunca passou ou conhece alguém que vivenciou o drama de Solange?", provoca a atriz Samya de Lavor.
Para ela, "Guerra da Tapioca" se trata de uma produção cearense, já que além das cenas gravadas no bairro Jardim América, em Fortaleza, conta com cearenses em diferentes etapas, da produção ao elenco.
"Foi um encontro bonito que resultou na junção de artistas cearenses bastante experimentados. Vejo também como uma oportunidade de adentrar a seara do humor, inclusive dividindo cena com a maravilhosa Karla Karenina, por exemplo", cita Samya.
Outro ganho do filme, conforme destaca, é a identificação do público com a comédia. "Estar numa janela com maior visibilidade é bem importante tanto profissionalmente quanto em termos de ocupação de espaços importantes para promover mais diversidade cultural", defende a atriz. Atualmente, Samya de Lavor segue na carreira audiovisual e atua em áreas como casting e preparação de elenco.
Repertório visual, montagem, técnicas de atuação e roteiro estão entre os elementos que compõem filmes e se tornam ainda mais desafiantes quando se trata de uma comédia. "O processo (de fazer comédia) em si não é diferente de outros gêneros, mas a comédia tem suas técnicas à parte. Cada gênero cinematográfico evoca repertórios diferentes. Agora, se a comédia tem uma especificidade, é a diversão do seu set de filmagem. Em geral, toda a equipe fica contagiada pelo bom humor", ressalta a diretora Luciana Vieira.
Lado a lado durante todo o processo esteve o diretor Wislan Esmeraldo, que comemora a exibição em TV aberta.
"Confesso que nunca passou pela minha cabeça que um filme meu pudesse ser exibido no maior canal de TV aberta do Brasil. A gente costuma fazer filmes e torcer para que eles entrem em festivais. Exibir no cinema já é uma grande vitória. Na TV aberta, então, parece inacreditável. Fico muito feliz com a visibilidade que o filme vai ganhar e espero que essa exibição abra portas para os artistas que trabalharam nesse projeto", declara.
Intensidade é a palavra que mais define os meses de desenvolvimento do telefilme. "Em menos de um ano elaboramos a ideia, desenvolvemos o roteiro, filmamos e entregamos o filme. Quem trabalha com cinema sabe o quanto cada uma dessas etapas demanda tempo. Apesar da correria, foi um processo bonito e muito divertido. Principalmente por ser um filme leve, musical e com uma história de superação que passa por uma guerra, literalmente", narra Wislan. Para ele, é "impossível" os telespectadores não se virem, em algum ponto da história, no dilema dos personagens.
"É algo muito próximo das pessoas, principalmente dos cearenses, afinal, quem nunca passou numa banquinha de tapioca para tomar um café antes de ir para o trabalho? Quem nunca dançou aquele forró das antigas na pista de dança para esquecer a dor de cotovelo? O filme tem tudo isso, ambientado numa pracinha de bairro aqui de Fortaleza e com nosso solzão e o mar colorindo a tela", conclui.
Na noite de natal do ano de 2017, "Guerra da Tapioca" foi exibido pela primeira vez na TV Verdes Mares. À época, a recepção surpreendeu positivamente a co-diretora Luciana Vieira. "Foi muito gostoso assistir o filme ao vivo, na televisão de casa e poder acompanhar a repercussão dele em tempo real no twitter. Me sinto honrada de ter feito parte de uma produção que entreteve e encantou o público cearense", compartilha.
Próximo de completar 35 anos no ar, no próximo 7 de março, a Tela Quente é um quadro semanal de filmes da Rede Globo e um dos mais tradicionais da grade de programação. "É um marco na vida de qualquer brasileiro, imagina de alguém que trabalha com cinema. Imagina ter um filme que você fez na praça perto da sua casa, tocando as músicas que você sempre ouviu nas rádios, estrelado pelos atores que você vê ao vivo no teatro da sua cidade, exibido em rede nacional para milhões de pessoas?", avalia Luciana.
Agora, Luciana Vieira, Wislan Esmeraldo e o roteirista Victor Costa Lopes estão engajados da série "Se Avexe Não", que contou com apoio da Agência Nacional de Cinama (Ancine) e está na etapa de pós-produção. A expectativa é que a estreia aconteça no segundo semestre deste ano.
"A série foi toda filmada em Fortaleza, com elenco e equipe majoritariamente locais. No caso da série, o foco central não é amor romântico, mas uma família com muito talento para a gambiarra. Estamos convictos de que o público vai morrer de rir também!", projeta Luciana.
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Guerra da Tapioca no Tela Quente
Quando: segunda-feira,27, às 23h55min
Onde: Tela Quente (Rede Globo). Também disponível na plataforma de streaming Globoplay
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