Natural de Votuporanga, em São Paulo, Gustavo Mioto ganhou destaque nacionalmente em 2017 com o sucesso da faixa "Impressionando os Anjos". Já em 2020, um novo marco: a dramática “Com ou sem mim”, superando canções de Marília Mendonça e Gusttavo Lima, conquistou o posto de música mais ouvida naquele ano.
Antes do sucesso estrondoso, porém, o jovem de 25 anos já dava passos na música e acaba de completar uma década de carreira. Em entrevista ao Vida&Arte, o músico relembra trajetória, conta planos para 2023 e opina sobre o futuro do ritmo sertanejo.
"De primeira, ninguém reconhece ninguém. Acredito que o grande passo para o meu reconhecimento foi a constância. É sobre se manter no mercado, zelar pela sua imagem, fazer um trabalho bem feito, com carinho e paciência", destaca o artista sobre a projeção que conquistou.
Para celebrar dez anos de trajetória, Gustavo reuniu milhares de pessoas no Parador da capital de Pernambuco para a gravação do DVD "10 Anos Ao Vivo em Recife", que traz 9 canções inéditas e 11 regravações, e participações como Léo Santana e Don Juan. A primeira parte do projeto foi lançada nas plataformas em janeiro deste ano, intitulada "EP Parte 1", já a segunda parte será lançada agora no dia 2 de março.
"A gravação de um projeto de dez anos acaba sendo um dos trabalhos mais importantes da carreira de um artista. Estou muito ansioso para que os fãs compartilhem essa emoção comigo e para saber o que eles vão achar das novas músicas. A gente separou cada parte a ser lançada de forma minuciosa e com muito carinho. A parte 1 é diferente da parte 2, mas ao mesmo tempo as duas conversam. Tenho certeza que os fãs vão amar", pontua.
O sertanejo revela que suas principais referências são artistas como Ed Sheeran, John Mayer, Michael Bublé e o ritmo country americano em geral. Compor para Gustavo é algo que pode variar, mas ele afirma que escreve melhor sobre situações pelas quais está passando. "Já aconteceu de amigos contarem histórias pra mim e eu escrever algo com isso. 'Contramão' e 'Com ou Sem Mim' são histórias que eu vivi, então eu pude falar melhor; eu vejo uma densidade maior na letra e na interpretação delas", completa.
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Confira trechos da entrevista para o Vida&Arte Convida com Gustavo Mioto:
O POVO: Um mês antes da pandemia você lançou um DVD ao vivo em Fortaleza. Como foi a repercussão do projeto e quais as principais dificuldades que vivenciou naqueles 2 anos?
Gustavo Mioto: Se não tivesse acontecido a pandemia, acredito que o DVD de Fortaleza teria sido maior que o de São Paulo. Eu gosto muito daquele repertório, e mesmo com a pandemia tivemos a música mais tocada de 2020 que foi a 'Com ou Sem Mim'. Foram dois anos muito complicados. Pelo menos pra mim, a vida da música só compensa por causa do palco; ali eu desabafo, coloco pra fora tristezas, frustrações, alegrias e raivas. Achar coisas que suprissem a minha terapia semanal foi muito difícil. Eu odiei fazer aqueles shows em Live, porque eu sou muito de conversar com a galera que tá na frente do palco e isso faz parte do meu desabafo. O processo até que foi divertido, mas não faria de novo. Aqueles dois anos demoraram muito a passar, mas ainda bem que passou!
O POVO: Recentemente seu nome foi mencionado por uma das participantes do BBB 23. Como você lida com as polêmicas e histórias que envolvem ter uma vida pública?
Gustavo Mioto: A pessoa física é mais tímida. Mas quando tô no palco, eu me sinto muito mais eu do que fora dele. Eu sou mais reservadão, não gosto de expor minha vida e, mesmo que acabe acontecendo, nunca é algo que saiu de mim. Não fico chateado quando acontece, mas causa uma estranheza justamente por eu ser esse cara mais reservado. Acho que faz parte do que é a vida pública.
O POVO: Como enxerga sua carreira no ano de 2023 e qual visão tem do espaço que o sertanejo ocupa entre os diferentes ritmos da atualidade?
Gustavo Mioto: 2022 foi um ano de construção. 2023 será um ano de lançamentos, de colher o que foi produzido. Além da segunda parte do DVD de 10 anos, também tenho uma música internacional para lançar. Acho que o sertanejo, hoje, vive uma fase que, ao meu ver, precisa dar um gás nas mudanças e na modernização das coisas. Ainda é um ritmo muito quadrado, fica muito do mesmo porque todo mundo sabe que é o que funciona, e a gente acaba não gastando e não investindo na parte estética da coisa. E estamos vivendo um momento da música que o mercado nunca esteve tão aberto para outros gêneros serem conhecidos. Então, pra defender o sertanejo, eu preciso dizer que ele precisa dar uma mudada e uma alavancada, senão pode ficar pra trás.
O POVO: Ao completar dez anos de carreira, quais são as principais mudanças referentes ao seu crescimento pessoal e quais são os grandes sonhos musicais?
Gustavo Mioto: Acho que o que mais mudou é o próprio Gustavo; o jeito de falar, de escrever, de pensar sobre as coisas, de gostar de música. Eu era um adolecesnte de 16 anos, a mudança é muito brusca. Essa fase dos 16 para os 25 são só mudanças na vida da gente, principalmente na cabeça. Quanto aos sonhos, tenho vontade de fazer uma carreira internacional, é um sonho grande. Mas te dizer… depois de 10 anos, a minha preocupação é o 11º ano, não tô pensando em muitos na frente. No momento estou focando em 2023 e vamos ver o que acontece.
OP+
Confira a entrevista completa com Gustavo Mioto na seção Filmes e Séries do OP+
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