Na esquina da avenida da Universidade com a 13 de Maio, o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará ganha destaque entre a população jovem e boêmia que habita o bairro Benfica. Com novas exposições ocupando seus espaços, o Mauc, como é conhecido o museu, é reduto de arquivos e documentos de alunos e ex-alunos da Universidade, além de abrigo de mostras sobre populações diversas, suas particularidades e vivências.
No local desde dezembro de 2022, a exposição “Carybé ilustra Jorge Amado: O Compadre de Ogum” traz 30 ilustrações do artista baiano Carybé, produzidas desde 1997, adaptadas de “O compadre de Ogum”, do romance “Os pastores da noite”, de Jorge Amado. Tendo já passado por Sobral, Crato e Iguatu, a exibição em Fortaleza fica até o dia 24 de março.
Realizado pelo Sesc, a mostra conta com aquarelas produzidas por Carybé que fizeram parte da abertura do programa especial exibido pela Rede Globo em 2002. A parceria com o serviço facilitou a visitação ao museu e contribuiu para que novas pessoas desvendassem o ambiente. “O Sesc foi fundamental na retomada do público escolar ao Mauc. Nos foram disponibilizados transporte para as escolas públicas, além do transporte oferecido pela UFC que também viabilizou as visitas”, relembra Graciele Siqueira, diretora do Museu de Arte da UFC.
Na programação atual, o Mauc conta com outras três mostras que devem ficar em exposição até o dia 24 de março: “Cadernos de Aula. Desenhos e outros estudos”, da arquiteta e professora Aléxia Brasil, “Im[per]manências”, da professora e doutora em desenho Aline Basso, e “Paisagens Imaginárias” da artista Sônia Figueiró.
Resultado da tese de doutorado em Desenho pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, “Im[per]manências: estudos sobre desenho à luz dos manuais de pintura chineses” traz 29 desenhos e uma instalação realizada por Aline Basso. A partir de estudos de manuais e manuscritos chineses dos séculos 17 e 18 sobre a prática do desenho, Aline construiu sua tese que, dividida em teórica e prática, acarretou nas gravuras que hoje podem ser vistas no Mauc.
“O processo de desenhar é o processo de entender como funciona o desenho, de pensar sobre e em desenho. Inicialmente, as ilustrações não seriam figuras humanas, mas depois essa temática acabou convergindo”, explica a atual professora adjunta do Instituto de Cultura e Arte da UFC. A artista também detalha que, para dar prosseguimento ao processo de criação dos desenhos, foi preciso conhecer sobre a prática budista.
“Eu comecei a pesquisar sobre budismo e taoísmo, que particularmente me interessam bastante. Para a tese, porém, o budismo foi essencial, já que a impermanência é a base de toda a construção teórica da religião. Eles (os budistas) dizem que nada nesse mundo é permanente, tudo está fadado a desaparecer”, descreveu.
Com trabalho voltado à discussão sobre o olhar para o desenho, já que “o desenhar não é o resultado, mas um processo”, Aline Basso conta ter ficado alegre com o resultado e receptividade das pessoas que visitaram o museu e viram o seu trabalho. “Eu me divirto e acho legal que as pessoas avaliem e interpretem o que está sendo exposto. Isso enriquece e lança novos pontos de vista sobre o que foi produzido”.
Aberto à visitação de segunda a sexta-feira, o Mauc recebeu, em 2022, cerca de 13 mil visitantes, conforme informa a diretora, um número considerado positivo após dois anos fechado durante o período da pandemia de covid-19. Nos planos para a programação de 2023 do museu, outras seis exposições temporárias estão previstas para serem abertas. Para o mês de março, Graciele adianta que a exposição “Mãos que Encantam”, do artista plástico Edismar Arruda chegará ao Museu na próxima quarta-feira, 8.
Museu de Arte da UFC
Quando: segunda a sexta-feira, de 8 horas ao meio-dia; 13 horas às 17 horas
Onde: avenida da Universidade, 2854 – Benfica
Gratuito
Agendamento de visitas: (85) 3366.7481 e no site do Mauc
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