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Daisy Jones & The Six: familiaridades em cena para além da ficção
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Daisy Jones & The Six: familiaridades em cena para além da ficção

Embalada pelo rock dos anos 1970, minissérie "Daisy Jones & The Six" retrata ascensão e queda de banda famosa em meio a dramas compartilhados que ultrapassam a ficção
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Química entre Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin) é desenvolvida na minissérie
Foto: Lacey Terrell/Divulgação Química entre Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin) é desenvolvida na minissérie "Daisy Jones & The Six"

Na década de 1970, a banda Daisy Jones & The Six alcançou o topo das paradas musicais, agregou milhões de fãs e produziu músicas que embalaram trilhas sonoras de uma geração ávida por rock. Canções como "Regret Me", "Look At Us Now (Honeycomb)" e "Let Me Down Easy" não pararam de tocar nas rádios e não saíam dos holofotes os nomes de Daisy Jones e Billy Dunne, carismáticos líderes do grupo se viam no alvoroço das atenções tanto por seus talentos quanto pela relação da dupla.

Foi no auge, porém, que a banda chegou ao fim. Depois de um show esgotado em 1977 em Chicago na turnê do "Aurora", seu único disco, os integrantes se separaram e ninguém - além dos envolvidos e de pessoas próximas - sabia o que havia acontecido. Até que, 20 anos depois, eles aceitaram contar as suas histórias - e as circunstâncias que os levaram até aquele ponto. Em comum, sonhos que se entrelaçam na história do rock, mas conflitos que ultrapassam o dito em letras musicais.

É nesse contexto que se ambienta "Daisy Jones & The Six", a nova minissérie da plataforma de streaming Amazon Prime Video. Baseada no romance homônimo de Taylor Jenkins Reid, a produção estreou na última sexta-feira, 3, e serão lançados novos episódios semanalmente até 24 de março. Os três primeiros capítulos já estão disponíveis no serviço.

Apesar de "tátil" e facilmente associável ao cenário do rock dos anos 1970, a banda - e os personagens retratados - existem apenas no universo criado por Reid. Há, sim, influência de Fleetwood Mac, mas a trama se desenvolve por "com pernas próprias". Entretanto, não são poucas as construções que permitem aos espectadores se perguntarem, em algum momento, se "Daisy Jones & The Six" realmente não existiu - e a desejarem conhecer mais do grupo.

Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin) comandam a banda de rock "Daisy Jones &The Six"(Foto: Lacey Terrell/Divulgação)
Foto: Lacey Terrell/Divulgação Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin) comandam a banda de rock "Daisy Jones &The Six"

Os dois primeiros minutos já dão uma amostra do tom adotado pela série para narrar a história. Sob o formato "documental", a obra mescla entrevistas com os ex-integrantes e pessoas envolvidas na trajetória da banda com flashbacks. Assim, é apresentado um "mosaico" sobre os integrantes desde antes da formação final do conjunto. Afinal, são várias as narrativas que permeiam a trama.

Nos holofotes principais, Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin). Jones é uma garota de Los Angeles que sonha em seguir carreira de uma cantora famosa, enquanto Dunne, de Pittsburgh, acaba se reunindo com seu irmão, Graham (Will Harrison), e os amigos dele, Eddie Roundtree (Josh Whitehouse) e Warren Rhodes (Sebastian Chacon), para formar uma banda de rock chamada The Dunne Brothers. Eles também desejavam o estrelato.

Desde o início, então, é sabido que essas trajetórias irão se cruzar. Para chegar até lá, porém, o espectador conhece outras personagens, como a fotógrafa Camila Dunne (Camila Morrone), a tecladista Karen Sirko (Suki Waterhouse), a cantora Simone Jackson (Nabiyah Be) e o produtor Teddy Price (Tom Wright). Todos assumem papéis importantes na série, expandindo as discussões trazidas pela obra.

Afinal, não se trata apenas de uma "linha cronológica" do surgimento e da queda de uma banda famosa. São abordados temas que se relacionam com as características dos personagens e com os conflitos interiores e exteriores que precisam enfrentar. O uso abusivo de drogas, as brigas causadas por disputas de ego, a busca pelo protagonismo feminino na indústria musical, as dificuldades de artistas negros e LGBTQIA nesse cenário e desconfianças em relacionamentos são assuntos pincelados ao longo dos capítulos.

Tais questões conseguem ganhar mais peso a partir do trabalho de ambientação (com uma nostalgia pela atmosfera dos anos 1970), pelos figurinos, pela trilha sonora e, acima de tudo, pela atuação. O entrosamento entre os atores é perceptível assim como a dedicação de interpretar as músicas criadas especificamente para a série.

Sim, as canções do grupo foram criadas do zero e tocadas pelos próprios artistas - já é possível ouvi-las, aliás, nas plataformas digitais de música. As faixas podem conquistar os espectadores não somente pela identificação com o estilo demarcado pela banda, mas por se relacionarem com as ambições e os pensamentos de seus criadores.

A produção, aliás, mostra tais processos de gravação no estúdio tanto em relação às letras quanto às melodias, envolvendo os outros integrantes. Em destaque, os conflitos entre Daisy e Billy saltam entre momentos de raiva e de medo pelo despertar de uma paixão que pode comprometer o futuro de ambos.

Em "Daisy Jones & The Six", são observados também os sacrifícios internos atravessados pelas personagens em uma balança entre "ações pelo bem maior" e "atitudes egoístas" que refletem as suas próprias personalidades. Algumas interações contribuem para os crescimentos dos participantes, enquanto outras os fazem desmoronar.

Os dilemas vividos pelos protagonistas e pelos coadjuvantes não são totalmente estranhos à realidade, principalmente em um contexto de luta por sonhos e de um mercado que pode exigir além do previsto. Música, dramas, medos e desejos: elementos que tocam a minissérie de ficção e encontram familiares no mundo exterior. Reflexos de como uma estrada pode ser tortuosa para seus navegantes mesmo que compartilhem os mesmos sonhos.

Pôster do filme
Pôster do filme "Quase Famosos"

Dica

Outra produção audiovisual retrata os bastidores de uma banda de rock nos Estados Unidos na década de 1970: o filme "Quase Famosos", dirigido por Cameron Crowe. A obra, de 2000, apresenta a história de William Miller (Patrick Fugit), um adolescente de 15 anos que tem a chance de realizar o sonho de acompanhar a turnê da banda Stillwater como jornalista, em um trabalho para a revista Rolling Stone. Ele passa, porém, a se envolver cada vez mais com o grupo e a fazer parte do cenário rock dos anos 1970.

Onde assistir: no streaming Star e disponível para aluguel no Google Play Movies, no Amazon Prime Video, na Microsoft Store e na Apple TV

Daisy Jones & The Six

Onde: Prime Video; três primeiros episódios já disponíveis no streaming; episódios 4 a 6 serão lançados nesta sexta-feira, 10, os outros dois no dia 17 e os capítulos 9 e 10 no dia 24
Classificação: 16 anos

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