Quem nunca quis mudar para conquistar alguém? Aluno da Escola Estadual Professor Mandelão, situada na Zona Leste de São Paulo, Luan (Mauricio Sasi) faz de tudo para conquistar o coração de Camila (Laura Castro). O drama adolescente é acompanhado pelo público em "Escola de Quebrada", primeira longa-metragem da produtora Kondzilla, disponível na plataforma de streaming Paramount+ desde 03 de março.
Para se enturmar, ele tenta virar "chavoso", entrar para o grupo dos "mil grau" e ganhar aproximação dos "mandrakas". As palavras soam diferentes para quem não está acostumado com o vocabulário, mas são parte do objetivo da série: retratar a cultura da periferia paulista. As cenas são embaladas por hits de funk como "Faz o Movimento" - que emplaca milhares de dancinhas no TikTok -, e trazem tendências como o óculos 'juliet', o risco na sobrancelha e o cabelo 'nevado'.
"As produções maiores são sempre do Rio, a gente quis trazer esse olhar para São Paulo. A gente ajudou a construir a narrativa do funk de São Paulo e a gente quis trazer esses elementos para o filme", explica Kaique Alves, responsável pela criação e direção do projeto ao lado de Tiago Eva, em coletiva de imprensa. O personagem principal, então, entra em uma saga que reflete a realidade de vários espectadores. Na tentativa de ser popular a partir dos "Mandamentos da Escola de Quebrada", o protagonista acaba ganhando a inimizade dos colegas e coloca em risco o campeonato de futsal da escola.
Com seus dois melhores amigos, Rayane (Bea Oliveira) - que se destaca pela luta para emplacar um grêmio estudantil - e David (Lucas Righi), ele deve salvar a competição e, ao mesmo tempo, conseguir a atenção de Camila. A comédia juvenil transmite a história por um formato leve, similar ao da famosa sitcom "Todo Mundo Odeia o Chris", com narrações em off e elenco jovem. A produção estadunidense foi uma das inspirações para "Escola de Quebrada", assim como a minissérie "Turma do Gueto", exibida em 2002.
"A gente ficou muitos anos batalhando para alcançar esse lugar de realizador e produtor, tentando imprimir as quebradas da quarta maior cidade do mundo dentro das telas e trazer essa representatividade", acrescenta o diretor e produtor KondZilla, também quem está por trás da série "Sintonia", grande sucesso da Netflix. No longa-metragem, a visibilidade foge do estereótipo das periferias brasileiras e traz uma nova visão para o audiovisual. "Sou um menino preto, protagonista de um filme que fala sobre conflitos adolescentes como qualquer outro. A gente não sofre só racismo, também temos uma vida. É importante subir essa escada, é um menino que, apesar de morar na periferia, tem uma condição estável, uma família linda. São fatores muito importantes para se destacar", ressalta Mauricio.
O filme faz questão de abordar temáticas sociais, como a linguagem neutra e o processo de ressocialização de presos. "Quem vive sabe que são temas sensíveis, mas (no filme) tem uma narrativa muito leve, pop, que vai alcançar bastante gente", complementa KondZilla. O elenco ainda é formado por Pathy de Jesus, que interpreta a mãe super protetora; Rogério Brito, o pai "exemplo"; Mawusi Tulani, a diretora durona; e Jéssica Barbosa, a professora descolada.
Outros nomes são Oscar Filho, Cleide Queiroz, Aysha Nascimento, Juan Queiroz, Nina Baiocchi, Hugo Gomes, Felipe Kott, Kekel Souza, Rub Brown e Thiago Torres, criador de conteúdo conhecido como Chavoso da USP. "É um conteúdo revolucionário que vai trazer identificação leve para as crianças de quebrada e outra visão para as pessoas que estão de fora", opina a atriz Laura Castro. Divertida, a obra tem potencial para expansão em outros modelos. "Estamos preparados para fazer mil versões, mil temporadas, e temos expectativas que o público se sinta muito representado", projeta KondZilla.
"Escola de Quebrada"
Disponível no Paramount
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