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Alice no País das Maravilhas: peça baseada em clássico acontece no sábado, 18
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Alice no País das Maravilhas: peça baseada em clássico acontece no sábado, 18

Ambientado em um estacionamento, releitura do clássico "Alice no País das Maravilhas" será apresentado nos sábados, 18 e 25, na Capital
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Espetáculo foi apresentado pela 4ª turma do Laboratório de Experimentação Cênica Acontece (LEA), da  Cia Teatral Acontece (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Espetáculo foi apresentado pela 4ª turma do Laboratório de Experimentação Cênica Acontece (LEA), da Cia Teatral Acontece

Obras clássicas são caracterizadas, entre outros motivos, pelo caráter atemporal e poder de inspirar as próximas gerações. A obra “Alice no País das Maravilhas”, do escritor britânico Lewis Carroll, publicada em 1865, faz parte do imaginário de milhares de pessoas ao redor do mundo. Promover uma releitura da fábula infantil com abordagem contemporânea foi o objetivo da 4ª turma do Laboratório de Experimentação Cênica Acontece (LEA), da Cia Teatral Acontece, que apresenta o espetáculo “Alice” neste sábado, 18, às 19 horas, na Unifametro do bairro Jacarecanga, em Fortaleza.

Baseado no enredo original, a releitura dirigida por Neto Sier e Felício da Silva inova ao trazer uma Alice jovem adulta que enfrenta conflitos familiares e tem que lidar com a mãe em estado terminal, em decorrência de um câncer, enquanto o pai está cada vez mais imerso no trabalho. Sobra para ela e a irmã, Clara, os cuidados com a matriarca, até as duas discutirem durante uma visita no hospital. Nesse momento, Alice avista um coelho, e passa a segui-lo até o estacionamento 2 da Unifametro, onde a peça é ambientada.

"Na versão do Laboratório de Experimentação Acontece quisemos aproximar a dor da personagem de uma situação mais familiar. Haja vista que Alice tem um contexto de convenções sociais rígidas típicas da Inglaterra vitoriana. Na versão do dramaturgo que divide a direção comigo, Neto Sier, Alice é apresentada em um núcleo familiar fragilizado por conta da mãe que se encontra em uma situação de câncer terminal. Esse ambiente faz com que Alice crie mecanismos psicológicos de fuga dos problemas", explica Felício.

Para ele, embora "Alice no País das Maravilhas" seja originalmente voltada para as crianças, pode ser lida com uma perspectiva crítica. "Alice aparentemente é uma história para crianças, mas talvez seja a crítica mais contundente à racionalidade vitoriana que todos nós temos de certa forma. Em 'Alice no País das Maravilhas' tudo são regras. As regras da etiqueta, as regras da poesia, as regras do julgamento, as regras do palácio da Rainha de Copas", destaca ele.

Ancorada no princípio de site especific, que se baseia em criar obras de acordo com o ambiente e com um espaço determinado, a proposta é que a peça explore o ambiente de estacionamento. Dessa forma, carros e motos compõem a cenografia da montagem.

“O diferencial (desta versão) é comparar essa motivação da protagonista em entrar no mundo das maravilhas, na nossa versão a Alice entra no buraco para fugir dessa realidade. É contraditório também porque ao mesmo tempo que ela quer fugir, ela quer voltar para casa também, porque ela percebe que tem pouco tempo para estar com a mãe e o coelho fica como símbolo de que o tempo está acabando”, explica a atriz Cintia Paula, que estreia como protagonista no papel de Alice.

Com um teor mais sombrio que a versão original, a peça ganha carga dramática e é complementada por um palco não convencional, o estacionamento. “Foi desconfortável de início, porque a gente tinha que ocupar todo aquele espaço e adaptar muitas coisas, é um espaço vazio e tivemos que usar elementos improvisados também e fazer no formato profissional e itinerante”, conta a artista.

Em “Alice”, os espectadores conseguem acompanhar a jornada da protagonista e se envolver ainda mais com a história. O elenco, por sua vez, desbravou o espaço e as possibilidades cênicas. É uma forma, segundo Cintia Paula, de “trabalhar mais o corpo, a criatividade, usar os elementos e recursos para melhorar a experiência do espectador”. Pela terceira vez participando de formações da Cia Teatral Acontece, ela considera a experiência como única para o público.

“É se deparar realmente com uma releitura inovadora, que vai ser imersiva para o público, algo totalmente diferente. E que eles vão se deparar com temáticas que o coloquem para refletir”, defende ela.

Próxima de completar 21 anos de atuação na cena artística do Estado, comemorado em julho, a Cia Teatral Acontece teve início com o diretor teatral e ator Almeida Júnior e o ator e professor Sidney Solto. Felício avalia que a Companhia está na contramão de um tempo cada vez mais tecnológico. 

"Trabalhamos com uma arte antiga, primitiva, o teatro. Na História da Arte (e na teoria) o teatro já deveria ter sido superado pelo cinema e TV, mas não foi. Desde o advento da tela o teatro sofreu uma brutal concorrência disputando plateia. Atualmente a crise do teatro é a crise de formação de atores. As inteligências artificiais (IA) criam personagens em segundos. Hoje, por meio dessas IA qualquer pessoa aplica uma “máscara tecnológica” e vira ator", critica. "O que fazer? Não sabemos, seguimos focando no teatro como desenvolvimento humano, já que os Apps ainda não conseguem ofertar em segundos", provoca o diretor. 

Almeida Júnior,  por sua vez, ressalta as contribuições para a cena teatral cearense. “Por meio dos nossos cursos com seres humanos melhores, profissionais sejam no teatro ou qualquer outra profissão que escolherem comprometidos consigo e com o outro e que entende que responsabilidade faz parte de um bom ser humano ou profissional. Com nossos festivais de esquetes, surgimento de novos atores, novos grupos de teatro e novos espetáculos”, reflete. Para ele, a trajetória da Companhia, que já soma duas décadas, é motivo de orgulho.

“Nos espetáculos que montamos e circulamos sempre frisamos que o ator ou atriz sempre sai com um ensinamento para a vida para que este processo tenha funcionado e funciona muito”, comemora.

Espetáculo Alice

Quando: 18 e 25 de março, às 19 horas
Onde: Unifametro (rua Carneiro da Cunha, 180 – Jacarecanga)
Quanto: R$30 (meia)
Ingressos no link da bio da @ciateatralacontece ou pelo whatasapp (85) 99732-0129
Classificação indicativa 14 anos

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