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Do forró pé de serra ao estilizado, artistas de diferentes gerações do gênero afirmam que há espaço para todas as variações
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Eliane, A Rainha do Forró (Foto: Divulgação/Eduardo Abreu)
Foto: Divulgação/Eduardo Abreu Eliane, A Rainha do Forró

Seja o forró pé de serra, romântico ou eletrônico, há espaço para todos. É o que apontam artistas que vieram de diferentes gerações. Em locais variados de Fortaleza, também é possível encontrar o forró em suas diversas variações, mostrando que o gênero está ancorado na cultura local, seja nas versões mais tradicionais ou modernizadas.

As transformações na indústria não causam medo em Eliane, que acredita que novos movimentos não prejudicam a geração mais antiga. Para ela, o surgimento de estilos, como o piseiro, e o destaque de outros artistas pode até beneficiar a partir das colaborações e remixes. "O atual fica relembrando o passado. Todo esse encontro é muito bacana. Eu acredito que isso vai ajudar o forró a ficar mais forte e firme", destaca.

Solange também concorda com a visão.  "Durante o carnaval deste ano, vi em muitos lugares os sucessos de Luiz Gonzaga remixados em piseiro. E está com grandes números nas plataformas. Não sei a origem desse feito, mas me agradou muito. É uma forma de trazer o clássico para o contemporâneo", afirma. "Eu amo o forró! Da ordem cronológica do Luiz Gonzaga até João Gomes. Meu repertório, dependendo da região e do evento, canto de Luiz Gonzaga a Mastruz com Leite. De Magníficos a Mari Fernandez", destaca.

O cearense Nattan, de 22 anos, é um dos cantores de forró da nova geração que tem conseguido ultrapassar o Nordeste e ser ouvido em todo o Brasil. Ele acredita que é natural que o gênero sofra mudanças. "Eu sempre fui apaixonado por forró e nessa era digital acho que essa modernização e revitalização é natural. Tanto eu quanto os outros artistas dessa nova geração usamos a base do forró com elementos do nosso tempo. E o resultado é esse ai, conseguimos ultrapassar as fronteiras e levar nosso trabalho para o país todo. O público se identifica e curte o som", comenta.

O artista destaca que mesmo com o surgimento de novos estilos há espaço para todas as variações. "Tem público para todo mundo. Eu tenho muito respeito e admiração pelos grandes nomes do forró tradicional. Uma coisa não exclui a outra, pelo contrário, estamos aqui para fortalecer e fazer o segmento crescer e conquistar novos espaços", ressalta.

O cantor e instrumentista Freitas Filho, que desde os 14 anos toca acordeão, acredita que o forró de Luiz Gonzaga e Dominguinhos também tem espaço nos dias de hoje. "Houve uma época em Fortaleza que o forró eletrônico predominava quase que 100%, mas de uns 5 ou 6 anos pra cá inauguraram algumas casas pela Praia de Iracema e Aldeota que viram que o forró autêntico tem um público, inclusive um público jovem, da faixa etária de 20 a 40 anos, que frequenta o forró pra cantar e dançar", afirma.

Um dos espaços mais populares que mantém a tradição do forró pé de serra e forró das antigas é o Kukukaya. Inaugurada em 8 de março de 1996, no seu primeiro endereço na avenida 13 de maio, a casa de show foi uma criação do casal Elaine Brito Medeiros e Walter Medeiros, com a proposta inicial de ser uma pizzaria. No entanto, o local foi transformado pelo próprio público que frequentava em um espaço de cultura, especialmente do forró.

"Quem inaugurou o projeto do Forró foi o sanfoneiro de oito baixos Luizinho Calixto, um dos maiores músicos do Ceará. Naquele momento o projeto abria espaço para um ritmo que estava sendo invadido por uma música eletrônica, que desviava um pouco da originalidade rítmica da música defendida por seu maior promotor Luiz Gonzaga. Nós queríamos garantir que a mais legítima música nordestina voltasse a ter um palco em Fortaleza pois o público estava sedento", explica Elaine.

Nomes como Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Chico César, Elba Ramalho, Moraes Moreira, Xangai, Cátia de França e Trio Nordestino já passaram pela casa de shows. "Eu acredito que o forró tem e terá sempre seu espaço garantido pois está na alma do nordestino que tem nas suas raízes culturais o ritmo, a beleza melódica, a poesia das letras de Luiz Gonzaga e seus seguidores como referência", destaca Elaine. A seguir, confira opções para cantar, ouvir, dançar ou aprender forró na Capital.

Boteco do Maraponga Food Square
Boteco do Maraponga Food Square

Para ouvir

Não faltam opções para aproveitar o forró ao vivo, enquanto se come uma refeição. Um desses locais é o Boteco, com espaços no Imprensa e Maraponga Food Square. Às sextas e sábados, o forró é fixo na programação musical. Raied Neto, Suzy Navarro, Berg Lima, Binha Cardoso e Monique Pessoa são alguns dos artistas que costumam se apresentar no local.

"Estar em sintonia com esse estilo musical traz na personalidade dos Botecos Food Square às nossas raízes, além de lembranças eternas. Nós amamos estar em locais agradáveis, com música boa e animação. O forró traz exatamente essa mensagem, seja ele dançante ou pé de serra", declara Amandha Leitão, diretora executiva do Maraponga Food Square.

Outra opção é o Bar Chá da Égua, que tem programação musical de quinta a domingo, contemplando forró das antigas, piseiro e outros estilos. Darlym e Renata, Uma Cambada de Forró, Maria Paula e Banda, Janny Lins e Matheus Amplificado são alguns dos artistas que já passaram pelo local.

Bar Chá da Égua

Quando: Quinta a domingo

Onde: Av. dos Expedicionários, 5021 - Vila União

Quanto: Couvert 12 reais

Instagram: @barcha.daegua

Boteco

Quando: Sexta e sábado, das 17h à meia-noite

Onde: Imprensa Food Square (Av. Desembargador Moreira, 2355 - Dionísio Torres) e Maraponga Food Square (Av. Godofredo Maciel, 3081 - Maraponga)

Quanto: Couvert R$ 15

Instagram: @botecodoimprensa e @botecomarapongafoodsquare

FORTALEZA, CE, BRASIL, 08-04.2022: De Vóisse - Bar & Karaokê, pautas sobre Karaokê na cidade de Fortaleza. em epoca de COVID-19. (Foto:Aurelio Alves/ Jornal O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 08-04.2022: De Vóisse - Bar & Karaokê, pautas sobre Karaokê na cidade de Fortaleza. em epoca de COVID-19. (Foto:Aurelio Alves/ Jornal O POVO)

Para cantar

Para quem quer soltar a voz e cantar forró, há boas opções de Karaokê na capital. No Benfica, o De Vóisse Bar é um dos pontos populares. Não há um dia específico para o gênero, o público pode cantar o que quiser em qualquer dia de funcionamento, mas o proprietário Victor Fraga destaca que o forró não falta. "O forró é cantado todos os dias e com muita frequência", declara.

Ele ainda conta que tem o forró de todos os estilos, como o das antigas, representado por Calcinha Preta, Magníficos e Tropykália, e o forró atual, cantado por Nattan, João Gomes e Wesley Safadão. "O karaokê é o maior unificador de tribos existente, onde os forrozeiros podem se juntar pra fazer suas melhores performances das músicas mais icônicas e nostálgicas e fazer todos dançarem, desde o funkeiro até o roqueiro que frequenta o De Vóisse", afirma.

O estabelecimento funciona de terça a domingo, das 18h às 4 horas, e não há cobrança de couvert, nem para cantar, o cliente paga apenas a consumação.

Outra opção de karaokê é o Budega do Raul, onde os frequentadores costumam cantar Aviões do Forró, Desejo de menina, Forró do Muído, Forró real e Calcinha Preta. O estabelecimento fica no bairro Cidade dos Funcionários. O karaokê funciona às quintas gratuitamente e os clientes pagam apenas a consumação.

De Vóisse Bar

Quando: Terça a domingo, das 18h às 4 horas

Onde: Rua dos Pracinhas, 937 - Bairro Benfica

Quanto: Clientes pagam apenas o consumo

Instagram: @devoisse

Budega do Raul

Quando: Toda quinta

Onde: Av. Desembargador Gonzaga, 621 - Cidade dos Funcionários

Quanto: Clientes pagam apenas o consumo

Instagram: @budegadoraul

O Kukukaya é um dos únicos lugares que permanece aberto
O Kukukaya é um dos únicos lugares que permanece aberto

Para dançar

Localizado no complexo Cactus Sports Park no Estacionamento L6 do Shopping Iguatemi Bosque, o Cebolinha Music atrai os amantes do forró das antigas com programação exclusiva do gênero todas as sextas e sábados, das 19h à meia-noite. Bete Nascimento, Binha Cardoso, Monique Pessoa, Jack Lins, Lucinha Owens, Katia Cilene e Laninha Show são alguns dos artistas que costumam se apresentar no local. O couvert custa R$ 20.

Para Cristina Mota, diretora do Park, o Cebolinha Music ajuda a manter o forró tradicional vivo para o público mais jovem. "A nova geração não teve oportunidade de conviver com o forró raiz e as diversas casas que existiam na cidade. O forró faz parte da nossa cultura para sempre", declara.

A tradicional casa de shows Kukukaya é referência em Fortaleza quando o assunto é espaços para dançar e ouvir forró. Para o sócio-proprietário Gustavo Moura, o espaço proporciona um ambiente agradável para consumir comida regional e dançar.

"Temos clientes fiéis que frequentam exclusivamente para dançar e outros para ouvir as apresentações de artistas. E tem aqueles que acredito que são a maioria, que aproveitam uma boa música e não resistem também a uma dança", comenta.

O preço do ingresso pode variar de acordo com as atrações, mas a programação principal costuma acontecer no sábado, a partir das 20h, e uma vez por mês o estabelecimento abre na sexta-feira.

Cebolinha Music

Quando: sextas e sábados, das 19:00 à meia-noite

Onde: Estacionamento L6 do Shopping Iguatemi Bosque (Av. Washington Soares, 85)

Quanto: couvert R$ 20

Instagram: @cebolinhamusic

Kukukaya

Quando: sábados, 20h, e uma vez por mês na sexta

Onde: Av: Pontes Vieira, 55 - Joaquim Távora

Quanto: preço variável

Instagram: @kukukaya

Para aprender

Com oito anos de existência, o projeto "Forró é pra dançar" atende pessoas de diferentes níveis, que têm interesse em aprimorar as habilidades na dança do ritmo. As aulas acontecem às terças e quintas, de 20h às 22 horas, no Parque Rachel de Queiroz. Para participar, cada pessoa paga R$ 9, valor que auxilia a manter o projeto.

"É gratificante trabalhar com isso, porque a dança, além de ser uma atividade física e de poder ajudar as pessoas, também é uma forma de socialização, que aproxima as pessoas, proporciona interagir umas com as outras, melhora a saúde mental, a autoestima e a ansiedade", afirma Maiara Santos, responsável pelo projeto ao lado de Henrique Braga.

Na Aerolândia, o projeto "Dança Mais Eu" é uma outra opção. "O interesse em criá-lo surgiu pelo nosso interesse em evoluir nosso talento, transmitindo às outras pessoas. Depois, vimos que a dança é uma incrível ferramenta social, pois traz bem estar à saúde física mental dos nossos alunos e passamos de uma simples escola de dança para uma ferramenta de desenvolvimento humano", declara o idealizador do grupo, Matheus Brito.

As aulas acontecem de segunda a quinta em dois pontos diferentes no bairro. A equipe ainda oferece uma promoção para visitantes, onde a primeira aula custa R$ 10. "Nós desenvolvemos forrozeiros com o intuito de formar uma família que tem o Forró como Elo em comum. Nossa família forrozeira crescendo, a cultura do forró também continua crescendo e se mantendo viva com o passar do tempo", destaca.

Forró é pra dançar

Quando: terças e quintas,
de 20h às 22 horas

Onde: Parque Rachel de Queiroz

Quanto: R$ 9

Instagram: @forroepradancar

Dança Mais Eu

Quando: segunda a quinta

Onde: Rua Aspirante Mendes, 165 - Aerolândia e Rua Capitão Clóvis Maia, 135 - Aerolândia

Quanto: a partir de R$ 10

Instagran: @dancamaiseu

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