Reunindo 168 expositores das mais diversas localidades do Brasil, a SP-Arte chegou a 19ª edição consagrando-se com o principal evento de Arte e Design do País. Ocorrida entre os dias 29 de março e 2 de abril, o encontro contou com um público de 31 mil pessoas durante os cinco dias de exposição, e consolidou-se como a maior exposição da área na América Latina.

"Por sua trajetória de sucesso e resiliência ao longo de quase duas décadas, a SP-Arte é hoje um marco no calendário cultural nacional. O evento reúne a melhor seleção de artistas e expositores do país e uma rica programação que fazem da SP-Arte uma experiência ímpar para o visitante.", defende Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP-Arte.

Como se autodefine, a SP-Arte é um grande encontro de sotaques, tradições e costumes, sendo experimentados e vividos por diferentes gerações e personalidades que passearam nos corredores da Bienal, localizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, o pavilhão da Bienal foi ocupado pelas mais diversas formas artísticas, desde pinturas, instalações, esculturas, produções audiovisuais, além de mobiliários, itens de decoração, produtos e objetos de design.

Preenchendo os dois andares do local, no ambiente era possível se deparar com obras de arte, antes encontradas nas páginas de livros escolares, como as telas de Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Cândido Portinari, e as reconhecidas na cultura pop, como os grandes painéis de Tomie Ohtake e Os Gêmeos.

Após uma pausa de dois anos devido a covid-19, o retorno da exposição em 2023 integrou galerias de arte nacionais e internacionais, estúdios e profissionais do design e arquitetura, espaços independentes e instituições culturais de mais de 20 cidades brasileiras, como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza.

Da Capital cearense, a Galeria Leonardo Leal e a Pinakotheke, encabeçadas por Leonardo Leal e por Max e Victor Perlingeiro, respectivamente, destacaram-se entre os espaços de arte e obtiveram sucesso em seus negócios. Com a participação massiva de colecionadores e compradores durante a SP-Arte, os galeristas do Ceará puderam firmar seus nomes entre o público presente.

Entre os criadores, um trio de designers cearenses conquistou os olhares e a atenção de quem passava pelo térreo da Bienal. Com a exposição “Design Exaltação”, ambientada no espaço Conexão Ceará, Bruno Camarotti, Igor Sabá e Valter Costa Lima levaram suas produções de mobiliários e afins, feitos com matérias-primas como madeira, barro, palha e ferro, inspirados em elementos naturais e culturais do Estado.

“A SP-Arte é o suprassumo da Arte e do Design no Brasil, ela reúne os grandes expositores, grandes artistas e designers de diversos locais, então, estar expondo aqui é uma grande honra!”, revela Igor Sabá. Para a capital paulista, o designer levou entre as suas produções a poltrona Ubá e a mesa Horto, e confessou a alegria de estar participando da edição. “Eu estou muito impressionado como este ano a área do Design está gigantesca, ainda mais por ser um evento pós-pandemia e estar com esse porte, isso me faz ficar ainda mais feliz por ser um dos participantes.”.

Nomes do Ceará

Localizada na rua Visconde de Mauá, em Fortaleza, a Galeria Leonardo Leal apresentou uma curadoria com 19 artistas plásticos do Ceará, entre eles Artur Bombonato, Cadeh Juaçaba, Cecília Bichucher, Sérgio Gurgel e Tetê de Alencar. À frente do espaço, Leonardo Leal conta, com orgulho e admiração, a importância de levar criadores cearenses para a SP-Arte.

"É sempre um imenso prazer poder estar aqui com um recorte do nosso Estado, e é impressionante como ele acaba por impactar o público paulista. Acho que por estarmos um pouco fora do eixo, a nossa obra tem uma identidade muito próxima e tem sido muito bem recebida pelo público paulista", afirma o galerista.

Entre as obras expostas no espaço, Leonardo destaca os quadros de Francisco de Almeida. "É difícil destacar somente um artista cearense, mas acho que no momento, a gente tem que falar sobre o Francisco". Especializado em xilogravura, as pinturas de Francisco de Almeida remetem ao imaginário e ao regionalismo.

O artista cearense abriu sua exposição individual intitulada "O vulcão do meu peito explodiu", em meio a semana da SP-Arte. Lançada no dia 1º de abril, a mostra está em cartaz dentro da Biblioteca Mário de Andrade e faz parte das comemorações do centenário da biblioteca. "Ele está em um momento fantástico!", define Leonardo Leal.

Oportunidades

Antonio Bandeira, Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Cícero Dias, Djanira da Costa e Silva, Di Cavalcanti, Franz Weissmann, Heitor dos Prazeres, Hércules Barsotti, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Lygia Clark e Rubem Valentim foram alguns dos artistas que tiveram suas obras selecionadas para integrara SP-Arte.

No espaço da Pinakotheke Cultural, galeria de arte comandada por Max e Victor Perlingeiro, obras, pinturas e fotografias de artistas nacionais e internacionais preenchiam o estande. "A seleção de obras que a gente trouxe para exposição é sempre pensando como é o perfil da galeria. Trouxemos um conjunto de artistas modernos, apresentando um recorte importante do que foi o Modernismo brasileiro, além de um conjunto de obras abstratas e trabalhos com linguagem mais contemporânea", explica Victor Perlingeiro.

Instalada logo na entrada do primeiro andar da Bienal, a Pinakotheke atraiu olhares e visitas de colecionadores e compradores em potencial. Victor conta que a SP-Arte é um bom indicador de como está o mercado da Arte no Brasil: "Essa feira acaba sendo um termômetro legal para a gente pensar como está funcionando o setor de arte, para nós está fluindo super bem! Vendas aconteceram já antes do primeiro dia, então isso, normalmente, é um ótimo sinal".

Exaltação

Com curadoria Winnie Bastian, arquiteta e jornalista especializada em design, a exposição “Design Exaltação” apresentou ao público da SP-Arte criações de mobílias e itens decorativos feitas pelos cearenses Bruno Camarotti, Igor Sabá e Valter Costa Lima. Executados em barro, madeira, palha e ferro, as obras retratam, com clareza e detalhe, que as inspirações dos designers passeiam do norte ao sul do Ceará, evidenciando a cultura e a natureza do Estado.

Utilizando da marcenaria tradicional, Bruno Camarotti apresentou na exposição a escultura Ponta Grossa, feita de madeira maciça e com coloração que relembra as falésias do litoral cearense, que chamou para perto quem passava pelo corredor da Bienal. Já Igor Sabá, revela a delicadeza do barro moldado à mão em fabricação única, como nos vasos Marimbondo, e nos fios de palha que bordam o espelho Lagoa.

“Entramos em contato com gente que ainda não conhecia a nossa produção de design autoral vindo do Ceará. Está sendo uma oportunidade maravilhosa, e um momento muito legal para trocar ideias, dialogar e compreender o que as pessoas enxergam das nossas obras, além de presenciar como elas interagem com nossas produções", conta Valter Costa Lima, que levou à SP-Arte algumas de suas criações mais recentes, como as cadeiras Uçá e Laje.

Com evidência às criações manuais e produções singulares, Valter detalha que a edição de 2023 do encontro marca uma nova era para o design brasileiro. “O que estamos vendo por aqui é ligação com a natureza e, cada vez mais, o contato pessoal, o toque da mão, nas produções. Isso tem muito valor! Então, o que eu estou vendo aqui, na SP-Arte, é que os próximos passos para a área são a valorização da pessoa, do ser humano que está envolvido nas obras.”, compartilha o cearense.

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