Logo O POVO+
a "rainha do bacalhau" e sua trajetória na cidade
Vida & Arte

a "rainha do bacalhau" e sua trajetória na cidade

A chef de cozinha portuguesa fala sobre seu famoso restaurante e bacalhau em entrevista ao Vida&Arte
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
FORTALEZA, CEARÁ, 05-04-2023: Dona Berta, chefe no restaurante Marquês da Varjota. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, 05-04-2023: Dona Berta, chefe no restaurante Marquês da Varjota. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Há mais de 20 anos presente na Capital, o Marquês está inserido na história da gastronomia de Fortaleza com seus pratos e ambiente tipicamente português. Comandado pela portuguesa Berta Castro Lopes, o restaurante oferece diversos pratos compostos pelo famoso bacalhau lusitano, muito procurado no período de Páscoa.

Berta chegou no Ceará em outubro de 1997 com sua família. A ideia de se mudar para o Brasil veio do marido, que havia passado férias em Fortaleza e gostou da ideia de viver aqui. Em Portugal, a chef do restaurante trabalhava na administração de um Centro de Saúde e não tinha em seus planos fundar um restaurante português até dois anos após sua chegada ao Estado.

Hoje conhecido como Marquês da Varjota, o restaurante já teve dois outros endereços. O primeiro Marquês era localizado na rua José Lourenço, onde ficou por dez anos, e o segundo ficava na Praia de Iracema, com o nome Tasca do Marquês. Com a degradação daquela área, o segundo precisou ser fechado e o terceiro e atual nasceu no bairro Varjota, onde está há 12 anos.

Em uma conversa com o O POVO, a portuguesa fala sobre seu concorrido restaurante e da fama de seu bacalhau português.

O POVO - A senhora vende bacalhau o ano inteiro, um prato bem típico de Portugal. Durante esse tempo, notou um prato que seja o preferido dos cearenses?

Berta Castro Lopes - Sim. O prato que é mais vendido aqui é o Bacalhau à Lagareiro, que é feito na brasa, e o Bacalhau entre Rios que é feito no forno. São os que mais saem. Já quando o bacalhau é desfiado, é o Bacalhau com Natas. Este aí é o rei da casa. Durante todo o ano! (risos).

O POVO - E durante a Páscoa, a senhora nota um aumento de vendas destes pratos?

Berta Castro Lopes - O rei da casa é o bacalhau. Também temos peixes, sirigado, pargo, salmão, polvo e camarão. Estes são os que vendo no dia a dia, mas o que vende mais é o bacalhau. Então na altura da Páscoa e do Natal vende muito mais. E na Páscoa, como algumas pessoas não comem carne na Sexta-feira Santa, elas comem bacalhau ou peixe. Mas o bacalhau é o que sai mais, para consumir aqui no restaurante ou para levar para casa. Tem muitas encomendas para casa.

O POVO - A senhora tem uma noção de quantos quilos de bacalhau vende mais ou menos durante o ano?

Berta Castro Lopes - Espera, deixa eu ver. Vou fazer as contas. Se eu comprar 5 caixas de bacalhau por semana, cada caixa tem 50 kg. Sai 250 kg por semana?! Não sei quantas semanas tem o ano (risos). Mas eu vendo… não sei dizer. Mas por semana eu gasto 250 kg de bacalhau. Na altura da Páscoa e do Natal o consumo quase que dobra. Mas no dia a dia é 250 kg que eu uso por semana de bacalhau.

O POVO - Por conta da tradição do restaurante com o prato, a senhora parece ser conhecida como rainha do bacalhau...

Berta Castro Lopes - Não, não sei. Dizem que nosso bacalhau aqui é bom. A casa é conhecida pelo bacalhau, mas não sei se já me chamaram de rainha do bacalhau (risos).

O POVO - E a senhora se considera?

Berta Castro Lopes - Assim, talvez. Das pessoas que fazem bacalhau aqui somos os mais tradicionais, somos portugueses. Neste momento acho que sim (risos).

O POVO - Depois de tanto tempo morando aqui no Ceará, a senhora já se consideraria cearense?

Berta Castro Lopes - Eu me sinto muito portuguesa, gosto de ser portuguesa. Mas também já me sinto um pouco brasileira, pois já são muitos anos aqui. Eu, por exemplo, vou a Portugal por três semanas. Ao fim de duas semanas já começo a sentir saudades daqui. Já estou completamente adaptada aqui, gostamos muito de viver aqui. Sou muito grata ao povo brasileiro. Já tenho um 'cadinho' do Brasil em mim também, não é? É normal.

O que você achou desse conteúdo?