Fortaleza completa 297 anos de existência nesta quinta-feira, 13. Capital do Ceará e uma das principais do Brasil. Maior cidade do Estado, abriga quase 2,6 milhões de habitantes. Além disso, acolhe diferentes crenças, origens, histórias e vozes espalhadas pelas suas 12 regionais. Há muito o que se dizer sobre Fortaleza e há muito o que se ouvir a respeito das diversas fortalezas que seguem firmes na Cidade.
Em seu aniversário, será a vez de ouvir, no Aterrinho da Praia de Iracema, misturas de expressões. Afinal, sobem ao palco Makem, às 20h30min, e Djavan, às 21h30min, em programação gratuita. O cantor alagoano retorna à Capital com show de sua turnê mundial iniciada em março e promete repertório com as principais músicas da carreira, como “Lilás”, “Oceano” e “Eu Te Devoro”.
A cearense Makem volta a presentear o público com sua voz após apresentação durante o Férias na P.I, ocorrido em janeiro. A artista não-binária encantou o Brasil na última edição do reality show musical The Voice Brasil, virando as quatro cadeiras dos técnicos do programa e chegando à semifinal.
Essa, porém, é uma trajetória que começou bem antes, nos idos de 2015. A música, para Makem, “sempre foi uma paixão ardente”, mas os passos maiores começaram a ser dados há oito anos, quando viralizou um vídeo seu cantando em uma barraca de praia na Barra do Ceará.
“Dali fui parar em programas de escala nacional como o Programa do Gugu na Record, programa da Eliana no SBT e em 2016 participei do quadro ‘Iluminados’ no programa do Faustão, da Globo. Desde então passei a participar ativamente de shows públicos, nas TVs locais, festivais, eventos privados, restaurantes e por aí vai. Tudo o que eu mais quero nessa vida é cantar!”, pontua.
A participação no The Voice Brasil teve grande impacto na carreira de Makem e representou um “avanço” importante em sua trajetória, pois teve a oportunidade de “mostrar sua arte” para mais pessoas e tocá-las. Há, porém, ainda mais aspectos que valem ser ressaltados ao longo da caminhada no reality musical.
“Acima de tudo, ser um corpo LGBTQIAP+ e periférico, ocupando espaços que são geralmente cedidos às mesmas pessoas com seus privilégios. Isso para mim é tudo. Eu não subo ao palco só. Eu levo comigo as comunidades que eu amo. O Álvaro Weyne, o Pirambu, o Jardim América… Minhas raízes me completam e continuam sendo minha força maior”, revela.
Não foi fácil, assim, chegar ao The Voice Brasil. Foram vários os desafios enfrentados para alcançar a projeção que teve no programa: “No caminho da música existe uma grande falta de credibilidade da nossa profissão. Nem sempre temos o apoio necessário para continuar. Além disso, o próprio mercado nos desgasta. A desvalorização da cultura é um veneno na nossa sociedade. Ainda existem obstáculos. Mas hoje posso dizer que o caminho está menos turbulento do que antes”.
Makem é inspirada e influenciada por um “sem fim” de nomes plurais, contemplando destaques como Whitney Houston, Anita Baker, Gal Costa, Maria Bethânia, Clara Nunes, Tim Maia e também a atração nacional desta noite: Djavan. O primeiro nome que vem à sua cabeça, porém, é o de Elis Regina. Tais profissionais têm contribuições importantes para a formação musical da cearense.
Em suas interpretações e formas de encarar a música, a artista defende mensagens de amor como forma de cura para as “feridas do mundo”. Makem também aponta a necessidade de expandir as compreensões sobre o amor como uma forma de combater preconceitos e intolerâncias.
“A compreensão que temos de amor é limitada ao nosso convívio particular. A partir de um amor universal, nós ganhamos empatia, compaixão, respeito e dignidade. Mas só buscamos amar quem já conhecemos. O diferente nos amedronta. E esse medo é a raiz do preconceito e da intolerância. Acho que deveríamos nos permitir a aceitação do outro como ele é, sem querer mudar ninguém. Somos todes iguais aos olhos da Deusa”, afirma.
A artista não esconde a felicidade de se apresentar no aniversário da Capital: “É de uma honra tamanha para quem veio da minha origem, em que essa possibilidade seria apenas a de um sonho febril de jovem. Djavan é um gigante da música mundial. E ainda poder celebrar a minha cidade com música e amor. Palavras me faltam para descrever o que eu sinto, de fato. Só posso sentir muita gratidão por tantos momentos lindos que estou vivendo!”
Ao resgatar sua origem, por sinal, Makem se posiciona diante das diferentes Fortalezas que existem em uma única cidade. É preciso lembrar, ressalta, das desigualdades que seguem marcando a Capital, inviabilizando por vezes oportunidades de acesso e de projeção. No aniversário de 297 anos de Fortaleza, se posicionar sobre o assunto ganha ainda mais importância.
“Eu mesma venho de uma Fortaleza completamente diferente dos outdoors e anúncios políticos. Eu vejo de perto a desigualdade de oportunidades e o isolamento que sofremos na periferia. A poltrona que fica perto da janela geralmente já está ocupada. No palco, eu busco me pôr com muito orgulho como alguém que está aos poucos vencendo essas barreiras e buscando representar um sonho que muitos de nós corremos uma vida inteira atrás”, relata.
As novidades na carreira de Makem não se encerrarão nesta quinta-feira, 13. A cantora já planeja um novo show para o São João - anunciará mais detalhes em breve - e também está trabalhando em um novo single para ser lançado em um tempo próximo. “Sou muito criteriosa com o meu trabalho e estou levantando composições minhas e de outros amigos aqui da terra para representar a nossa música com excelência!”, compartilha.
Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio
Aniversário de Fortaleza
Quando: quinta-feira, 13, a partir das 19 horas
Onde: Aterrinho da Praia de Iracema
Gratuito
Horários
19 horas – DJ
20h30min – Makem
21h30min – Djavan
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