“É no jornal que o povo encontra o seu pão espiritual de cada dia. O jornal descortina-lhe que o mundo, vencendo distâncias” sustentava o jornalista e político Demócrito Rocha (1888 - 1943) no editorial de lançamento do O POVO, jornal que ele fundou há 95 anos. Originário do interior baiano, se mudou para Fortaleza e se tornou uma das vozes mais importantes da Capital.
Para prestigiá-lo, a Fundação Demócrito Rocha e a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará realizam uma celebração solene em homenagem aos 135 anos de nascimento do jornalista nesta sexta-feira, 14, data de seu aniversário. Além da comemoração, será lançado durante a noite o livro “Notas do Dia”, com algumas crônicas escritas e publicadas por ele entre 1928 a 1940. Além disso, serão celebrados também os 35 anos das Edições Demócrito Rocha. A homenagem é um requerimento do deputado Guilherme Sampaio.
Contribuindo para a cidade de diversas maneiras, Demócrito Rocha está marcado em vários pontos Fortaleza afora, a exemplo do bairro e da rua que seu nome. Como explica Raymundo Netto, gerente editorial e de projetos da Fundação Demócrito Rocha (FDR), o livro é uma maneira de aproximar quem ocupa esses lugares da Capital desta figura importante para o jornalismo do Estado. A publicação seria, portanto, uma forma dos cearenses “conhecerem essa outra figura, esse Demócrito Rocha do dia a dia, do cotidiano” detalha Raymundo, que é também cronista do Vida & Arte.
Com variados assuntos de acontecimentos do cotidiano, as crônicas escolhidas para compor o livro trazem para o presente acontecimentos de uma Fortaleza histórica por meio das palavras do autor. Raymundo aponta que existe a oportunidade de "conhecer o pensamento daquela época” e enxergar a Cidade em outro tempo por meio do recorte e detalhes presentes nas crônicas.
“Estamos resgatando textos que foram publicados apenas no jornal e agora vão ser publicados em livro. Ou seja, vamos democratizar o acesso a esse autor”, pontua Raymundo. “Existe o aspecto estético na literatura, mas também o histórico”, completa.
Além da atuação no jornalismo e na política, Demócrito era poeta e publicava seus trabalhos em revistas com um pseudônimo. “Ele assinava como Antônio Garrido quando escrevia como poeta porque achava que o nome Demócrito Rocha era para ser usado para jornalista", explica o cronista. O jornalista também ajudou na divulgação de modernistas cearenses na revista Maracajá, vinculada ao O POVO, em 1929.
Antes da fundação do jornal O POVO, Demócrito foi um dos fundadores da revista “Ceará Ilustrado” em 1924, distribuída na Praça do Ferreira. Também foi um dos fundadores da Associação de Imprensa Cearense (ACI) em 1925. Suas crônicas já eram publicadas a partir desse mesmo ano, mas no jornal O Ceará, onde também foi diretor literário e redator. “Não se pode contar a história de Fortaleza dos anos 1920 aos anos 1940 sem passar pelo nome Demócrito Rocha, porque ele se envolvia em tudo”, afirma o gerente editorial da FDR.
Há 35 anos, a contribuição para a literatura com o nome dele crescia por meio das Edições Demócrito Rocha (EDR). A editora é responsável por publicar títulos de diversos gêneros e variadas temáticas. A primeira publicação, “Demócrito Rocha: uma vocação para a liberdade”, de Paulo Bonavides, contava a trajetória do jornalista e foi lançada em seu centenário, 14 de abril de 1988. Também sendo homenageada na celebração de sexta, a EDR possui títulos premiados e também presentes em programas de órgãos municipais, estaduais e federal.
A comemoração, que acontece nesta sexta-feira na Assembleia, reforça para a cidade uma voz histórica que defendeu Fortaleza por meio de suas palavras. “Esta homenagem aos 135 anos de Demócrito Rocha é muito importante, uma forma de reviver a memória e trazer o nome pro alcance das pessoas”, finaliza Raymundo.
Sessão solene para Demócrito Rocha
Quando: sexta-feira, 14, às 18 horas
Onde: Plenário da Assembleia Legislativa do Ceará (Av. Desembargador Moreira, 2807)
Programação gratuita sujeita a lotação do local
Traje: passeio completo
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