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Terra e Paixão: Suyane Moreira reflete sobre representatividade na TV
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Terra e Paixão: Suyane Moreira reflete sobre representatividade na TV

Novela substitui "Travessia" no horário das nove. Em entrevista ao Vida&Arte, a artista compartilha as inspirações por trás da personagem Iraê Guató
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Após firmar carreira como modelo, Suyanne Moreira se dedica à atuação  (Foto: Divulgação/Thom Foxx)
Foto: Divulgação/Thom Foxx Após firmar carreira como modelo, Suyanne Moreira se dedica à atuação

A atriz Suyane Moreira tem uma vívida memória de infância ligada à avó. Mulher indígena e benzedeira, a matriarca entendia e repassava um tanto dos ensinamentos acerca da medicina das plantas. Os aprendizados captados pela artista ainda na meninez serviram, também, para a construção da nova personagem. Ela integra o elenco de "Terra e Paixão", próxima novela das nove da rede Globo, na qual interpreta Iraê Guató. "Ela vai ser uma especialista em ervas. Estou resgatando esse conhecimento da minha avó, nunca imaginei na minha vida que ia fazer uma mulher com o mesmo entendimento dela e está sendo maravilhoso. Não posso deixar de homenagear a minha avó por meio da Iraê", destaca.

O enredo do papel está inserido no núcleo dos povos originários da trama, composto pelos artistas Mapu Huni Kui, Rafaela Cocal e Daniel Munduruku. Na história, a família faz parte da etnia Guató, retratando parte da população do Mato Grosso do Sul. "São pessoas indígenas com vivências diferentes, povos diferentes e tribos diferentes. A gente está se unindo, com as nossas culturas, para poder representar", acrescenta. Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado nesta quarta-feira, 19, ela reitera que levar essas narrativas para o horário nobre da televisão aberta é agregador e considera um "presente".

Enquanto mergulha nas novas oportunidades profissionais, Suyane faz questão de levar consigo todos aqueles que ajudaram a construir sua própria identidade. Ela cresceu com a influência artística do pai e reconhece o seu lado performático na infância, mesmo que "acuado". "Eu criava peças de teatro, fazia apresentações, tudo que tinha a parte para apresentar eu estava junto", relembra. Com o apoio dos familiares, ingressou no mundo da moda como modelo aos 15 anos e ficou internacionalmente conhecida quando foi uma das cinco finalistas na edição de 2000 do concurso "Supermodel of the World".

Poucos anos depois, em 2003, a jovem foi convidada para as telonas com participação no filme "Árido Movie", no qual interpretou Wedja. "Eu não tinha intenção nenhuma de ser atriz, fui por curiosidade. Fui preparada pela Myriam Muniz e foi maravilhoso, fiquei apaixonada. Falei que queria isso para a minha vida e fui buscar conhecimento", descreve. Desde então, as vivências da artista abarcam amplos formatos. Ela participou da minissérie "Amazônia, de Galvez a Chico Mendes" (2006), das séries "As Brasileiras" (2012) e das novelas "Caminhos do Coração" (2007), "Araguaia" (2010) e "Gabriela" (2012).

Versátil, ela também foi campeã do reality show "A Ponte: The Bridge Brasil", transmitido em 2022 pela HBO Max, e se tornou o rosto que inspirou a criação de Yara Flor, a Mulher-Maravilha brasileira da DC Comics. A personagem dos quadrinhos, desenvolvida por Joelle Jones, nasceu numa aldeia indígena e é a companheira do novo Superman nas aventuras da era "Future State". "É muito fantástico, gratificante. Quando eu iniciei minha carreira sofri muito preconceito, principalmente por causa da minha cor, do meu sotaque. Mas sempre fui uma menina e adolescente muito astuta e atrevida, no bom sentido. Levanto até hoje essa bandeira contra o preconceito, acho que o sol nasce para todo mundo e todo mundo pode brilhar", comenta.

Com as origens fincadas em Juazeiro do Norte, onde reside hoje, Suyane vê no Ceará um terreno fértil para suas iniciativas futuras. "Tenho hoje 40 anos de idade, continuo sendo uma mulher que ainda sonho em ter muitos projetos. Tenho um projeto aqui há cinco anos ministrando cursos de modelo. Não foi fácil chegar onde eu cheguei, não tive o apoio de ninguém, mas queria muito ser esse suporte aqui no Cariri. Eu tenho amor, admiração, respeito por Juazeiro e pelas pessoas que moram aqui, e aquelas que tiveram que sair para viver a vida, ver novos horizontes, mas nunca esqueceram de onde vieram".

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