“A música brasileira continua sendo a mais rica e bonita do planeta!”. As palavras de Alcione entoam sua avaliação sobre as transformações da música nacional ao longo do tempo de carreira. Nascida no Maranhão, sua obra não se restringiu ao estado - virou, sem dúvidas, patrimônio de todo o País.
Não à toa, afinal, lembra o carinho do público que a prestigiou “por todos os cantos” em 50 anos de música. “Me sinto renovada e feliz por estar sendo tão presenteada nesta celebração do meu cinquentenário de carreira”. O sentimento também será o mesmo neste domingo, 30, quando a artista fará show no estacionamento do Shopping Salinas, em Fortaleza.
Uma das maiores cantoras da música brasileira, Alcione pode ser conhecida também por outras designações, como “Rainha do Samba” e “Marrom”. Ao longo de sua trajetória, cantou sobre romantismo e conquistou espaço em rádios e televisões - incluindo novelas. Os maiores hits da artista são “Não Deixe O Samba Morrer”, “Meu Vício é Você” e “A Loba”.
A importância de Alcione para a cena nacional é tamanha que será homenageada como tema enredo da escola de samba Mangueira para o Carnaval de 2024 no Rio de Janeiro (RJ). Em entrevista ao O POVO, a “Marrom” relembra a produção de seu último álbum, avalia a função social da cultura e aponta o maior orgulho de sua carreira: “Contar com o carinho do público”.
O POVO: Em 2020, a senhora lançou o álbum “Tijolo Por Tijolo”, com músicas inéditas e que estão ligadas à construção de sua carreira: tijolo por tijolo. Em sua análise, quais foram os pontos fundamentais que levaram à consolidação dessa “construção” de tamanho sucesso, celebrando agora os 50 anos de carreira?
Alcione: O álbum "Tijolo por Tijolo" era um trabalho muito esperado porque fiquei sem gravar um disco de inéditas durante sete anos, e me cobravam por isso. Foi um período em que investi em outros projetos. Mas os compositores, os fãs, todos me perguntavam quando sairia um álbum com músicas novas. E, naquele momento, em plena pandemia, tive a chance de dar uma parada nos afazeres e uma trava na agenda de shows para poder me dedicar apenas à feitura do álbum.
O POVO: Tendo como gancho os 50 anos de carreira, como a senhora avalia as transformações da música brasileira ao longo desse tempo e como a senhora se mantém inspirada e motivada a continuar produzindo?
Alcione: Me sinto renovada, e feliz por estar sendo tão presenteada nesta celebração do meu cinquentenário de carreira. Nunca pensei que receberia tantas flores em vida. A música me deu tudo! Só posso permanecer entusiasmada e agradecida por contar com o carinho de um público que me prestigia, por todos os cantos, nesses 50 anos de música. E, pra mim, a música brasileira continua sendo a mais rica e bonita do planeta!
O POVO: Muitos sucessos da sua carreira tratam de romantismo e conquistaram espaços nas rádios e nas televisões (incluindo as novelas). Qual a importância de seguir cantando letras de amor e quais mensagens a senhora acha importante propagar?
Alcione: Mensagens positivas, naturalmente, porque o mundo já anda repleto de conflitos e discursos de ódio. E nada melhor do que cantar o amor! Gosto de interpretar o que me emociona, o que me toca, me arrepia. Mas nunca tive preconceitos quanto a gêneros e estilos musicais.
O POVO: Como a senhora avalia a função da arte e da cultura no contexto da política brasileira em 2023? Acredita que a música pode ser uma ferramenta de conscientização e mudança social?
Alcione: A cultura e a arte refletem hábitos, tendências, são símbolos de identidade, "contam" a história de um povo. No Brasil, não é diferente. O samba, o futebol, sem falar na beleza e diversidade desse território continental, são ótimos exemplos disso. E vale lembrar que os nossos compositores sempre souberam retratar, em todas as épocas, não somente o universo romântico e a alegria do nosso povo mas, também, nos alertar a respeito das mazelas e ameaças antidemocráticas a que, volta e meia, estamos sujeitos.
O POVO: Qual o seu maior orgulho da trajetória profissional e há algo que a senhora teria feito diferente?
Alcione: Sem dúvida, o meu maior orgulho é contar com o carinho do público. Ter fãs que me acompanham pelos quatro cantos da Terra, durante todo esse tempo, não tem preço! Afinal, também vale reiterar que não existe artista sem fãs...eles são o fator primordial para a nossa existência. Enfim, só tenho a agradecer!
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Alcione
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