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Museu de Arte Contemporânea promove Mostra Cearense de Artes Visuais
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Museu de Arte Contemporânea promove Mostra Cearense de Artes Visuais

Com destaque para a produção artística do Estado, MAC - CE abre nove exposições a partir deste sábado, 29
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Fachada do MAC Uribusa cuptasped esequibus essunt reicipidunt ilique nos alique maxim voloriti nectaep uditis di volendae. (Foto: Luiz Alves/divulgação)
Foto: Luiz Alves/divulgação Fachada do MAC Uribusa cuptasped esequibus essunt reicipidunt ilique nos alique maxim voloriti nectaep uditis di volendae.

Com ênfase em uma agenda cultural ativa em diferentes frentes, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) continua com a programação de comemoração dos 24 anos de atuação, celebrados oficialmente na última sexta-feira, 28. Entre shows, homenagens e reabertura de espaços comuns, o complexo estende oportunidades por meio da Mostra Cearense de Artes Visuais. O projeto será lançado neste sábado, 29, com nove exposições de artistas cearenses no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC - CE).

Distintas salas do museu são ocupadas por fotografias, escritos, além de instalações visuais e sonoras. As peças vêm em formato de bordados, desenhos, sons e falas que ocupam os ambientes e atravessam os sentidos dos visitantes. Dentro da área interna, as narrativas externas ganham novas forma pelas exposições "Intradérmica", de Bruna Acioly e Levi Banida; "Como Desorganizar Um Organismo", de Plantomorpho; "Cratera Lunar", de Vivi Rocha; "Com Quantas Palavras se faz um Corpo?", de Anderson Morais; "Uma Filomena", de Leo Silva; "Elas Chegam Pelo Mar", de Marília Oliveira; "Amolde", de M. Dias Preto e João Paulo Lima; "Revisitando os Medos da Infância", de Wes Viana; e "São Pedro - presença, ruína e fabulação", de Felipe Camilo.

"Como é um museu de grande porte, a gente consegue receber cada projeto ocupando uma sala. São nove projetos, inicialmente, sem vínculos. Mas quando a gente recebe as propostas, a gente acaba, de alguma forma, criando naturalmente uma harmonia. Cada um tem sua individualidade, sua forma de montar, suas cores, cada artista e cada curadoria tem a independência de pensar o próprio espaço", explica a gestora do MAC, Cecília Bedê, ao mencionar o progresso do desenvolvimento da montagem. Os trabalhos apresentados estão entre os 154 selecionados em 2022 em edital da Temporada de Arte Cearense (TAC), programa de ocupação artística dos equipamentos da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult CE), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar, que tem como propósito o estímulo da produção criativa em múltiplas linguagens.

A mostra, pontua Cecília, incentiva a integração destes nomes e fortalece o diálogo entre profissionais que estão começando a trilhar o caminho dentro da arte e pessoas que já atuam há mais tempo no meio. "O conjunto é muito potente, as pautas são importantes. Acaba dialogando muito com o que o próprio museu gosta, pretende e deve trabalhar". Nesta efeméride de festividade, o Centro convida artistas, gestores e trabalhadores da cultura para consolidar debates e ações sobre cultura e território. "De 2020 para cá, o MAC só realizou exposições de artistas cearenses. É uma demanda que a gente escuta no circuito das artes visuais, que a gente tem poucos espaços de exposição onde os artistas podem experimentar e que eles também possam continuar a circular. É um trabalho que fala muito sobre a cena local, não só como território, mas como vozes e demandas da própria classe artística", elabora a gestora.

Cecília sinaliza que o equipamento também opera em outras áreas, como cursos, oficinas e programas de performance. "Esse ano a gente vai trazer uma exposição com artistas que circulam nacionalmente como um próximo passo, porque também é importante para os artistas locais essa conversa com a produção nacional. Pretendemos, também, fazer uma convocatória no segundo semestre de 2023 e primeiro semestre de 2024, mudar um pouco o modelo de como o artista entra no museu". Segundo a dirigente, as demandas surgem a partir do momento de realização do plano museológico - o que está vigente foi planejado em 2020 -.

Neste novo documento, a equipe redobra a importância da integração do complexo e seu entorno para o futuro do museu. "A gente já vinha trabalhando uma questão que, para a gente, é muito cara, que é o acervo. Com a nova gestão da Helena (Barbosa, superintendente do CDMAC desde janeiro), a gente sente o foco em ações que pensam realmente o entorno também no sentido muito físico. É legal a ocasião do aniversário porque está chamando o diálogo entre o museu, o cinema, a ação cultural. É muito significativo comemorar com artistas cearenses de produção fresca, atual, em movimento, que estão com corpo de pesquisa que trazem questões de diversas naturezas e lugares", complementa.

Demandas e projeções

Entre as possibilidades oferecidas pelo MAC, é possível conhecer os moradores e elementos da comunidade Santa Filomena, do bairro Jangurussu, na exposição "Uma Filomena", do fotógrafo, escritor e cineasta Leo Silva. Oriunda de um jornal comunitário que nasceu em 2020, a mostra retrata um diário fotográfico do artista. "Pensei em como trazer a comunidade para a exposição sem ser só com a imagem, fui dialogando com eles. Vai ter depoimentos e falas dos moradores, trazendo uma visão deles sobre a minha fotografia e também sobre o que eles acham do próprio local, o que eles construíram", revela Leo.

O visitante é ambientado por meio de distintas representações, constituídas de imagens, objetos - como camisas de futebol - e sons, que são expandidos pelo espaço por meio de tubulações de PVC. "Já venho há um bom tempo dentro da fotografia e do audiovisual fazendo um pequeno trajeto para, hoje, ter esse espaço no MAC. Tem uma ansiedade do "Uma Filomena" estar ocupando um espaço no Centro, de estar levando uma exposição sobre uma comunidade específica, e estar com outras pessoas também. É uma ansiedade boa para ver o pessoal se vendo, contemplando nossa ideia de tentar sentir a comunidade dentro do museu. Sem contar que é uma abertura de portas, de caminhos, de possibilidades de integração", defende o artista.

Ocupar este local simbólico também é considerado como uma realização para Anderson Morais, único artista do Interior entre os selecionados. Com mais de 18 anos de experiência no campo artístico, ele traz uma visão sobre a homoafetividade e o homoerotismo na exposição "Com Quantas Palavras se Faz Um Corpo?". Para adentrar nos temas, ele transita entre a pintura, o bordado e o lambe. "Eu misturei, nessa exposição, o bordado com instalações. A ideia é falar de outros corpos de desejo que estão fora do padrão. Comecei a trabalhar nesse caminho sobre relacionamentos. Sou um homem gay e comecei a falar da naturalidade que é você gostar de quem você quiser", aponta.

Tendo o Dragão como espaço de referência, Anderson menciona que o espaço passou por um período de "abandono" e deve recuperar o fôlego para continuar com as atividades de formação e fruição artística. "Ter minha obra centralizada dentro do MAC é importante, porque estamos trazendo temas que são tabu. Estar expondo no MAC é como se fosse uma reconstrução do que a gente vive na questão da cultura, da liberdade de expressão. Estamos falando sobre a liberdade que a arte possibilita", expressa.

Segundo a doutoranda em Artes Visuais Marília Oliveira, premiada pela TAC com a "Elas Chegam Pelo Mar", iniciativas similares à mostra necessitam do suporte de editais de incentivo e apoio à pesquisas e obras de artes visuais para serem viabilizadas. Neste novo trabalho, ela apresenta a lenda das Incriadas, "seres monstruosos" que aparecem na nas praias do Nordeste em noites de luas minguantes. "Eu tenho pensado na relação entre imagem e imaginação. Sobretudo, a possibilidade de pensar um mito que seja um lugar de acolhimento para quem não tem lugar nesse mundo. É um lugar seguro para corpos que experimentam, de certa maneira, a monstruosidade, no sentido de excederem a norma".

A exposição em questão constrói uma "expografia monstruosa" por meio de fotos, vídeos, textos, notícias de jornais e objetos que foram colhidos em praias, por exemplo. Para a artista, expor o resultado final no MAC é uma oportunidade de "ser vista por muita gente" e entrar em contato com outros agentes culturais que trazem movimento à cidade. "Me preocupa o que nos aguarda no futuro, porém eu acredito na força do coletivo. Acho que é muito emblemático que sejamos nós, cearenses, a ocupar este museu. Quero pontuar o desejo de que a gente tenha editais de maior valor, que o investimento se alongue e chegue ao Dragão do Mar como um todo", reflete.

MAC apresenta Mostra de Artes Visuais Cearenses
MAC apresenta Mostra de Artes Visuais Cearenses

24 anos

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) segue com programação especial de aniversário até este domingo, 30. Neste sábado, 29, além da abertura da Mostra Cearense de Artes Visuais, que acontece às 17 horas no MAC, também terá a exibição da websérie "Mucuripe: Territórios de Memórias"; apresentação do Reisado Nossa Senhora da Saúde; sessão "Música nas Estrelas", no Planetário Rubens de Azevedo; e o espetáculo "Delirantes e Malsãs", do coletivo No Barraco da Constância Tem!. Já no domingo, 30, também tem o espetáculo circense "A Arte de Não Fazer Nada", de Neto Holanda; roda de samba com Batuque do Dipas e Feirinha do Poço. A programação completa pode ser vista no Instagram
(@dragaodomar).

 

Mostra Cearense de Artes Visuais

"Intradérmica", de Bruna Acioly e Levi Banida

Pesquisa multiplataforma que, por meio das artes visuais e plásticas, debate a violência de gênero e suas ficcionalizações materiais de percepção, cura e combate.

"Como Desorganizar Um Organismo", de Plantomorpho

Exibe um recorte retrospectivo com trabalhos que têm afinidade com o universo da botânica, da biologia, da zoologia e da geologia.

"Cratera Lunar", de Vivi Rocha

Instalação sonora oriunda do estudo da frequência 432 hertz e da vibração sonora no campo físico e no corpo humano. Toca pesquisa sobre o uso terapêutico do som.

"Com Quantas Palavras se Faz Um Corpo?", de Anderson Morais

A exposição mergulha nas questões do desejo, do encontro e do corpo homoerótico-afetivo para pensar imagens que entram no campo da provocação das normas de gênero e sexualidade, ao passo em que são espaços de afirmação.

"Uma Filomena", de Leo Silva

Retrata o olhar sobre a comunidade Santa Filomena, no Grande Jangurussu. A mostra traz o cotidiano do local por meio de obras e elementos dos moradores.

"Elas Chegam Pelo Mar", de Marília Oliveira

Apresenta a lenda das Incriadas, seres sem que aparecem nas praias nordestinas e compõem a mitologia pessoal ficcional da artista. A exposição reúne fotografia, texto e objetos que contornam a pesquisa.

"Amolde", de M. Dias Preto e João Paulo Lima

Trabalho que busca tencionar questões sociais. João expõe questões acerca do corpo def. e da sexualidade por meio da escrita e dança, assim como M. Dias recria a própria história por meio de intervenções em fotografia.

"Revisitando Os Medos de Infância", de Wes Viana

Convida o visitante a revisitar memórias da infância e olhar para os medos que o acompanham. As fotografias emergem nesse espaço do desconhecido como escrita com a luz, para ativar aquilo que escapa às palavras.

"São Pedro - Presença, Ruína e Fabulação", de Felipe Camilo

Mostra coletiva que parte do Edifício São Pedro. O projeto reúne ruínas, documentos e fotos, coletadas e produzidas por cinco fotógrafes e quatro escritores.

Como visitar

Quando: terça a sexta-feira, das 9h às 18 horas; sábados, domingos e feriados, das 13h às 18 horas
Mais infos: (85) 3488 - 8624
Gratuito

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