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Marcus Dias une música e poesia no lançamento do primeiro livro
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Marcus Dias une música e poesia no lançamento do primeiro livro

Compositor cearense Marcus Dias lança primeiro livro "A Carne da Cidade" em evento que celebra música e poesia
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Marcus Dias lança livro "A Carne da Cidade" (Foto: Divulgação/Helton Vilar/Comunik Filmes)
Foto: Divulgação/Helton Vilar/Comunik Filmes Marcus Dias lança livro "A Carne da Cidade"

Música e poesia se cruzam na trajetória do compositor e escritor cearense Marcus Dias. Conhecido pelas letras cantadas por Fagner, Simone Guimarães e Leny Andrade, pelas parcerias com Pantico Rocha e Isaac Cândido, a trajetória do artista na música já é reverenciada, mas o caminho na literatura será oficialmente lançado.

Nesta sexta-feira, 12 de maio, é lançado "A Carne da Cidade", primeiro livro de Marcus, reunindo 43 poemas escritos desde a década de 1980. Emoção, profundidade, memória e bom humor passeiam entre os cinco capítulos que dividem a obra: Cidade, Modo, Carne, Palimpsesto e Credo.

Inspirado pelo cotidiano do Centro de Fortaleza, no período em que trabalhava por lá, Marcus descreve vivências, relações, locais, entre outros assuntos que experimentou não apenas na capital cearense, mas em outros lugares também. "A Carne da Cidade" é um mergulho na vida real.

"Cidades anteriores, de muitas novidades. Escadas signos de mudanças. Outros que preferiram levitar. Nós que fazemos parte dos prédios, e somos menores que a alvenaria. O movimento circular dos pensadores dessa praça, que se tornaram sábios de verdade. A praça onde ousaremos repetir nossas primeiras inverdades. Na música das ruas, a ópera dos transeuntes. O barulho do sol do meio-dia. A espera do momento em que a cidade inteira se declare equivocada. O outro lado da cidade, com Ar-Puro-da-Floresta, você jura que é de verdade. A cidade que nos devora. Não há maior metáfora que essa cidade. Um vilarejo iluminado, em que até parece que as pessoas são felizes", descreve o jornalista Dalwton Moura, que assina o prefácio.

"Embora prazerosa a vista do alto do prédio / Alucinada com o saber depois das outras casas / Não há compromisso nesse sentimento / Nem maior metáfora do que essa cidade", escreveu Marcus no poema que leva o mesmo nome do livro. Um dos favoritos do autor é "Silêncio", que diz: "Muito me desculpem / Não costumo florestar / Em meses que me inverno / Permaneço / Quando muito / Arrisco um desabafo / Se ameaçam de inundar / A flora em que me outono". O texto conquistou o escritor pela simplicidade. "É muito simples, parece um texto do Manoel de Barros. Manoel de Barros escreve assim. Eu gosto muito da pluralidade de informações dele", declara.

"Apesar de conhecer o Marcus como músico, ele recitando poesias eu achei de uma delicadeza, me tocou profundamente", afirma a poeta e produtora cultural Marta Pinheiro, que incentivou a criação do livro. Com o projeto idealizado, outros profissionais se uniram na produção. O teatrólogo Ricardo Guilherme assina a orelha, o prefácio, além de ter a participação de Dalwton, também foi escrito pela jornalista Ethel de Paula e curadoria de textos foi feita por Aluísio Martins, Íris Cavalcante, Isaac Cândido, Marta Pinheiro e Sara Síntique, em diálogo com o autor. Eduardo Freire assina a capa, a diagramação e o projeto gráfico. Gylmar Chaves, a curadoria de design, e Sara Síntique, a edição e a revisão textual.

"Esse livro foi um projeto muito coletivo, de muitos amigos, a gente fez muitos saraus para fomentar recursos pra fazer a impressão da obra. Foi todo mundo muito fraternal e também muito fã, porque o Marcus Dias é um poeta e compositor genial da nossa cidade", destaca Sara Síntique.

"Reparem: em seu corpo a corpo amoroso com a cidade, o poeta, esse desencaminhado das ruas, avança no contrafluxo da multidão, tomando para si a estranha tarefa de esculpir os sentidos da vida com sobras de encantos apanhados rente ao chão. Trata-se, sim, de um exímio catador de tudo o que resta de encantamento e pulsa à revelia, teimosamente vivo, causando redemoinhos contrários às muitas formas de confinamento da existência que alimentam o projeto institucional e mortandade produzido pelo desencanto do mundo", declara Ethel de Paula em um trecho do prefácio.

A música também não podia ficar de fora desse projeto. Alguns poemas se transformam em canções a partir de QR codes que levam os leitores a plataformas digitais para ouvir a versão musicada da poesia. "Os Mamíferos", por exemplo, é um desses textos. O poema virou música por Isaac Cândido no CD "Algo sobre a distância e o tempo", feito em conjunto com Marcus.

Transitando entre a música e a poesia, Marcus explica como funciona o processo de criação para as duas linguagens. "São muito parecidas. Às vezes eu escrevo um poema que dá para virar música. Às vezes eu escrevo música que não dá para ser poema. São momentos diferentes. Tem certos manejos que você usa", explica.

"A Carne da Cidade" está em pré-venda por R$ 40 em plataforma virtual e após o lançamento oficial no dia 12, também estará disponível para compra em livrarias físicas de Fortaleza.

Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

Cena de nervo e ossos

Era uma cena de nervos e ossos

Decomposição da própria cena Pouco depois

Já não havia mais um corpo

Nem seu anjo

Mas havia o tempo

Incorporado

Nas buzinas, gritos, gargalhadas

Na música das ruas

A ópera dos transeuntes

Cada coisa falava por si

E todos ficavam mais tristes

Lançamento "A Carne da Cidade"

  • Quando: sexta-feira, 12, às 19 horas
  • Onde: BNB Clube (av. Santos Dumont, 3646 - Aldeota)
  • Preço do livro: R$45
  • Entrada franca

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