Ao entrar em uma sala de cinema para assistir a filmes de ação repletos de cenários grandiosos e efeitos especiais, certamente em algum momento você se perguntou como aquilo é feito. Imagine poder se transportar para o momento das gravações e acompanhar de perto alguns detalhes. Essa foi a experiência do Vida&Arte ao ser convidado para entrar no set de filmagens do mais novo filme de Halder Gomes e Edmilson Filho, o “C.I.C. - Central de Inteligência Cearense” que começou a ser rodado no final do mês de abril aqui em Fortaleza e promete unir humor e aventura.
Com um ambiente escuro, misterioso e cheio de detalhes, como mapas espalhados pela sala e enormes maquinários, o cenário da produção se mescla com a agitação das dezenas de pessoas no set. Concentração e leveza definem o ritmo da equipe nas filmagens que acontecem no subsolo do Centro de Formação Olímpica de Fortaleza. O longa-metragem foi idealizado por Edmilson Filho e tem direção de Halder Gomes.
Um dos pontos centrais da produção é pensar o universo da espionagem dentro da América do Sul e por que não trazer esse centro de inteligência para o Ceará? O diretor pontua que, nas telas, o público está acostumado com filmes que trazem sempre o embate entre Rússia e Estados Unidos, o que acaba ficando distante dos interesses do povo brasileiro. Foi pensando nisso que “C.I.C” foi elaborado.
Uma característica que Halder costuma incluir em seus filmes é o humor cearense e dessa vez esse humor se funde com muita ação. "[A produção] fala desse universo de espionagem e com muita aventura, arte marcial, comédia e com uma trama muito interessante”, sintetiza Halder. A atriz Ana Ferri, intérprete de Micaela, uma dos protagonistas da trama, antecipa que a produção também tem romance e "uma beleza estética muito rica".
“É aquele filme que você tem que ver na tela grande. Tem tudo que um filme de ação de gênero de agente secreto espionagem precisa", ressalta Edmilson.
O personagem central da história é Wanderlei, mais conhecido como Agente Karkará, interpretado por Edmilson. O personagem é um herói nacional que luta no combate ao crime. O agente precisa mostrar sua inteligência e habilidades físicas para recuperar um projeto ultrassecreto roubado dos governos de Brasil, Argentina e Paraguai. Misturando português e espanhol, o filme brinca com a diversidade linguística. “Você não tem filme de ação com comédia e com essa linguagem desse universo. O que a gente está fazendo é uma superprodução",elogia André Segatti, o antagonista da trama.
"Eu sempre quis ter um filme que tivesse um herói nacional que a gente conseguisse olhar para ele e se espelhar. E, é claro, contar as histórias que eu sei, que são as histórias do Ceará”, explica o idealizador.
Halder e Edmilson têm uma parceria de longa data, que vem desde o lançamento do filme “Cine Holliúdy”, em 2012. Depois disso vieram várias outras produções. Ao ser questionado como essa relação se sustenta na criação de novos trabalhos com as mesmas bases, Halder argumenta: “O humor não tem fim”. Para ele, sempre existirão novas formas de criar e falar de inúmeras temáticas de forma bem-humorada. ”Cada universo desse é muito distinto", destaca.
"A gente tenta não perder a originalidade, passear em vários gêneros. Eu acho isso que é a magia do cinema. A gente está sempre contando novas histórias. Eu tenho um caderno cheio delas. É tanto que todos os projetos que vão vir em breve, eles são histórias com pano de fundo completamente diferente do que a gente já vinha fazendo”, reflete Edmilson.
As gravações do longa iniciaram na última semana de abril e se estendem até junho de 2023. O filme contará com cenas na capital cearense e algumas regiões litorâneas do Estado. A produção será lançada entre junho e dezembro de 2024.
Ao longo de sua trajetória, Halder Gomes conseguiu romper as barreiras do Ceará e levar o cinema cearense para o cenário nacional, chegando ao top 5 das produções mais assistidas na Netflix no início do ano com a série “Cangaceiro do Futuro”.
O diretor conclui falando da honra que é levar o cinema cearense e as particularidades do Ceará para o público nacional e internacional. Para ele, nós, como público, ainda estamos acostumados a ver outras culturas nas telas e poder fazer com que a nossa cultura chegue nesse espaço "não tem preço".
Outros atores que dividem a centralidade da história com Edmilson Filho são Ana Ferri, que interpreta a agente Micaela, representante argentina da C.I.C, e André Segatti, que encarna o vilão da trama. Os atores falaram para o Vida&Arte sobre os principais desafios e a melhor parte de fazer parte do elenco da nova produção de Halder Gomes.
Ana fala que teve um período de intensa preparação física para encarar as cenas de ação. A atriz também fez uma imersão no espanhol. Ela fala que viajou para a Argentina, praticou bastante e observou as particularidades do espanhol argentino, ela também teve muitas aulas para treinar isso no Brasil.
Uma das melhores partes que eles apontam é o trabalho com equipe nos bastidores. "Eu tô me sentindo em casa aqui. Eu gosto desse clima, do calor. Eu tô achando lindo, engraçado", frisa Ana.
André Segatti foi o único ator que a equipe não teve permissão de divulgar a imagem, mas isso porque a caracterização dele será uma surpresa para o público. O personagem interpretado pelo ator é um vilão paraguaio, que tem braços biônicos e um olho de vidro.
André já atuou diversas vezes como vilão, mas esse se distingue por várias particularidades, uma delas a aparência. Ele conta que para fazer a caracterização completa do personagem leva cerca de ua hora, mas no início das gravações o tempo era ainda maior, demorando até três horas para obter o resultado. "É muito legal, porque há uma desconstrução do seu ser por uma construção de uma nova pessoa nova identidade e isso é muito legal", afirma.
André revela que não está usando dublê durante as gravações e, para isso, o preparo físico foi essencial. As artes marciais estão diretamente ligadas ao filme e os atores tiveram que trabalhar bem essa parte mais técnica de cenas de luta com chutes e socos.
"É melhor para o ator quando ele faz todas as cenas de ação e de luta, porque, quando você entra para cena de texto, você tá com aquela emoção de toda a ação que foi feita", afirma.
"A maior dificuldade é você não ficar caricato. A minha maior preocupação é em fazer um personagem com essa magnitude que tem tudo para ficar não humano e não natural. Então a minha preocupação é sempre em humanizar de forma mais intensa possível”, salienta o ator.
Leia também | Confira matérias e críticas sobre audiovisual na coluna Cinema&Séries, com João Gabriel Tréz
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui