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Dia das Mães: Um amor que respira arte
Vida & Arte

Dia das Mães: Um amor que respira arte

Neste Dia das Mães, o Vida&Arte mergulha em diferentes histórias sobre educação, amor e aprendizado em meio a diversidade artística
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FORTALEZA, CE, BRASIL,10.05.2023: Rossana Pucci e seus filhos, Roxanne Pucci e Cid Neto. Dia das mães V&A. (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA, CE, BRASIL,10.05.2023: Rossana Pucci e seus filhos, Roxanne Pucci e Cid Neto. Dia das mães V&A.

O cuidado que vai além. É falando sobre um amor que atravessa a arte que trazemos as homenagens neste 14 de maio. Para exaltar a figura materna e enxergá-la em diferentes esferas da vida, O POVO apresenta mães que escolheram caminhos artísticos para transmitirem seus ensinamentos e acolhimento.

"As atividades artísticas, além do brincar, agregam novas descobertas, ampliam novos conhecimentos, promovem a socialização e a coordenação motora, além, é claro, de ensinar aos nossos filhos a importância do respeito e empatia, resiliência e disciplina, criatividade e imaginação, entre outros", afirma a mãe, professora de dança, e psicóloga Rossana Pucci, 51 anos.

Seja através da dança, da música, do artesanato, da pintura, ou da gastronomia, a arte é um dos principais caminhos para expressar sentimentos, pensamentos, trabalhar a confiança e as formas de se comunicar. Viver todo este processo ao lado da mãe pode tornar tudo ainda mais especial!

 

FORTALEZA, CE, BRASIL,10.05.2023: Rossana Pucci e seus filhos, Roxanne Pucci e Cid Neto. Dia das mães V&A.
FORTALEZA, CE, BRASIL,10.05.2023: Rossana Pucci e seus filhos, Roxanne Pucci e Cid Neto. Dia das mães V&A.

o Palco que nos une

Mãe dos bailarinos e coreógrafos Cid Neto, 31, e Roxanne Pucci, 27, Rossana Pucci conta que sempre teve uma vida pautada na mistura da arte com a educação, respeitando a individualidade de cada um. A professora fala que, desde muito cedo, viu crescer em seus filhos a admiração pelo trabalho que já exercia há anos na escola de dança que leva seu nome: Espaço de Arte Rossana Pucci.

Em entrevista, a educadora comenta que, apesar de não ter acontecido na mesma época, os filhos estrearam no mundo da dança com muito sucesso. "Sempre foram muito talentosos, disciplinados, ritmados; adoravam assistir às minhas aulas e ficavam no cantinho reproduzindo. Os olhos nem piscavam durante os espetáculos. Nenhum dos dois sofreu qualquer tipo de interferência para que adentrassem no mundo da dança. É claro que para a Roxanne foi mais fácil. A decisão do Cid foi mais tardia, em meio a uma sociedade preconceituosa, pelo medo de alguns enfrentamentos. Mas quando ele decidiu, penso que foi libertador", conta.

Atualmente, os três dirigem a academia participando de espetáculos e competições nacionais e internacionais. Rossana aponta que isto só foi possível com o respeito e o entendimento de que eles formavam uma equipe e iriam crescer no ramo com honra e verdade.

"A dança é uma parte de mim, a melhor delas, acredito. Aquela que me permitiu por tantas vezes sonhar, fugir dos meus próprios monstros, educar inúmeras crianças e adolescentes pela linguagem corporal. Desistir da dança, é como desistir de mim mesma, é deletar uma parte da minha vida. Tenho em mim, enquanto filha e mãe, que o tempo passa, mas esse amor incondicional persiste", conclui.

Amigas de treino

Falando ainda em atividade física, Solânea Andrade, 48, tem muito o que contar. Mãe de Sabrina, 19, e Suzana, 21, as três dividem a mesma paixão pela musculação e pelos treinos de vôlei. Já tendo dançado juntas em espetáculos da Escola de Dança Passos, a mãe relembra que dividir o palco com as pessoas que você mais ama é algo sem igual.

"Participar de festivais de dança juntas… penso que foi um dos momentos mais marcantes. Não estamos mais juntas na dança, porém ainda continuamos estimulando uma a outra na academia, praticando musculação. Com certeza, saúde física e mental são trabalhadas, pois cuidamos do corpo e conversamos, trocamos ideias e nos divertimos", conta a mãe.

A educadora física afirma que as atividades as aproximaram e fizeram com que desenvolvessem um relacionamento mais sincero, com momentos de qualidade. "Sou grata pelas duas mulheres lindas, generosas, inteligentes, honestas e tantas outras qualidades. São minhas melhores amigas", conta.

Francione e Nicoly cantam e tocam juntas na mesma Igreja
Francione e Nicoly cantam e tocam juntas na mesma Igreja

À quatro maõs

Mãe de três filhas, Nicoly, Raquel e Rebecca; Francione da Silva, 58, escolheu trilhar o caminho da música e transmitir seu amor pelas aulas vocais. Nicoly, filha de 33 anos, relembra que, mesmo tendo pensado em deixar de lado o ramo, sua mãe sempre a apoiou e motivou.

"Ela sempre me falava que a música era importante, que eu não podia desistir e que eu poderia ajudar tocando nas reuniões da Igreja. Nunca imaginei que me tornaria uma professora de música como ela", conta.

Nicoly terminou o ensino médio sem saber qual curso iria escolher. Foi com o conselho de sua mãe para que cursasse licenciatura em música, na Universidade Federal do Ceará, que a fez admitir seu amor e entrega pelo ramo musical. "No fundo, eu sabia que amava cantar, assim como ensinar. Quando passei na universidade e contei pra ela, cheguei a ficar surpresa com tamanha felicidade", conta.

Durante muitos anos, as duas trabalharam juntas, a mãe como regente e a filha como pianista, acompanhando o coral. Nicoly observa que o fato de terem seguido os mesmos passos fez com que criassem uma conexão que perdura até os dias atuais: "Estávamos sempre discutindo o que iríamos fazer no coral, arranjando e ensaiando. Muitas vezes, conversamos sobre nossas aulas, as alegrias e dificuldades. E, por sinal, de vez em quando estou perturbando ela pedindo algum livro ou partitura para meu uso ou para meus alunos", revela aos risos.

Para além dos sentimentos que envolvem a atividade musical, Nicoly, que também é mãe de duas filhas, faz questão de exaltar o esforço da dona Francione e a sua preocupação em transmitir uma boa educação, tanto secular como espiritual.

"A maternidade perfeita não existe, mas de uma coisa eu tenho certeza, ela sempre esteve e ainda está pronta para nos ajudar a qualquer momento. Como mãe, espero que eu também seja assim para as minhas duas filhas; presente para o que elas precisarem", finaliza.

Christiane Emygdio junto de suas filhas e mãe
Christiane Emygdio junto de suas filhas e mãe

Juntas na cozinha

Compondo uma família ligada à arte desde os seus antecessores, Christiane Emygdio, 53, mãe de Isadora, 22, e Raquel, 25, é psicóloga clínica e fundadora da doceria Doçura de Maria. Filha de artistas, com a parte de pai ligada à música, e a parte da mãe às artes plásticas, Christiane conta o quão importante foi observar e aprender com os passos dados pela mãe, Maria José.

"A minha mãe usou a arte para ganhar a vida. Por conta disso, ela criou receitas de biscoito que costumava servir para as alunas na escola de arte Inventus, fundada pela mesma. Esses biscoitos já existem há dez anos e, como sempre, fizeram muito sucesso. A partir disso, eu trilhei meu caminho", conta Christianne.

Para homenagear sua avó, que foi a vida toda doceira, assim como sua mãe que criou as receitas, Christianne convidou a filha Isadora, estudante de Nutrição, para fundar a Doçura de Maria.

Sobre empreender com a filha, que se familiarizou com os negócios desde cedo, a mãe revela como fizeram dar certo. "É interessante, porque dividimos um negócio, então já passamos por vários perrengues. Temos dee ser a força da outra."

Sua filha mais velha, Raquel Emygdio, também tem veia artística; trabalha como designer de moda e produz bijuterias para vender.

"Meu sentimento é de gratidão, porque eu, graças a Deus, ainda tenho a minha mãe, uma mulher guerreira, jovem, que trabalha muito. E eu tenho as minhas filhas; olho pra elas e sinto um orgulho… às vezes nem acredito que são minhas. É uma realização imensa!"

Lorena e Ana Louise para campanha do Dia das Mães da Dahab Shoes
Lorena e Ana Louise para campanha do Dia das Mães da Dahab Shoes

Uma inspiração em casa e em cena

Ela iniciou nos palcos aos oito anos de idade. Com muito brilho no olhar e desenvoltura corporal, ela sentiu que seu talento como bailarina passaria por gerações. Aos 10 anos, decidiu que podia mais. Começou a desfilar e a arrancar sorriso de quem a via na passarela. Fã da Xuxa, por sinal muito parecidas, era comparada às famosas paquitas da turma dos baixinhos. Aos 19, entrou na Universidade Federal do Ceará para aprofundar os estudos da sua área predileta, Educação Física. Sentindo que faltava algo, optou por cursar também Pedagogia, aos 24 anos. Unindo a dança e as passarelas ao ensino, Lorena Carvalho Gadelha, 46, minha mãe, me criou.

Inspirada pela veia artística de uma mulher guerreira e dedicada, me vi seguindo os mesmos passos. Quem assistiu ao espetáculo "A Bela e a Fera", no teatro do Via Sul Shopping, em dezembro de 2012, nos viu fantasiadas de Sra. Potts e Chip. Ou então, de Sarah Crewe e Amelia Minchin na peça que reviveu o clássico dos cinemas "A Princesinha", em 2014.

Unidas pela arte, cresci tendo ao meu lado um exemplo de perseverança e esforço. Segundo minha mãe, nasci com o dom de ser bailarina, ofício esse que exerço até hoje como integrante da Companhia Rossana Pucci, em Fortaleza. A verdade é que através da dança, ela conseguiu me ensinar muito mais do que eu imaginava ser necessário. Começamos dividindo palcos e passarelas para, no futuro, dividirmos uma relação de mãe e filha que são melhores amigas.

"Às vezes, nos tempos livres, me pego observando álbuns de fotografia dela, quando mais nova. Lorena irradiava paixão e talento por onde se apresentava. Vestindo meias coladas e os típicos collants da década de 1980, ela trazia sua personalidade para seu dançar. É emocionante quando a gente se enxerga em outra pessoa. E é gratificante perceber que essa pessoa escolheu sua forma mais pessoal e familiar de me transmitir amor, que era dançando. Fechando os álbuns, eu penso: 'Que sorte a minha!'.

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