O nome pode soar estrangeiro, mas o cineasta Karim Aïnouz é nascido e criado no Ceará. Natural de Fortaleza, o diretor é filho de Iracema, uma cearense, e Majid, um argelino, que se conheceram nos Estados Unidos no início dos anos 1960. Criado pela mãe, tias e avós na capital cearense, ele acabou por se tornar um dos principais nomes do cinema brasileiro e, em 2023, é o único representante do Brasil na principal competição do Festival de Cannes.
Apesar do DNA cearense do diretor, o filme que Karim leva ao evento francês marca a estreia dele em uma produção em inglês. "Firebrand" é um drama histórico estrelado por Alicia Vikander e Jude Law que acompanha a história do casamento da rainha Catarina Parr e do rei Henrique VIII.
A produção vem sendo apontada por diferentes publicações especializadas em cinema, como IndieWire e Collider, como uma das mais aguardadas do festival. A exibição do longa em Cannes ocorre neste domingo, 21 de maio.
Essa não é a primeira vez, porém, de Karim no evento francês. A estreia dele como diretor de longas-metragens ocorreu em 2002, com "Madame Satã". A cinebiografia da personagem-título foi selecionada para a seção Un Certain Regard, segunda mais importante do festival.
O segundo longa de Karim foi "O Céu de Suely" (2006), gravado em Iguatu, que acompanha Hermila, uma jovem cearense que sonha em partir da cidade onde nasceu. A produção foi exibida no Festival de Veneza.
"O Abismo Prateado" (2011) marcou a segunda vez do diretor em Cannes, mas na mostra paralela Quinzena dos Realizadores. O longa seguinte, "Praia do Futuro" (2014) foi gravado em Fortaleza e Berlim, cidade na qual Karim se radicou.
A obra foi exibida no Festival de Berlim daquele ano. Ao evento alemão, Karim ainda levou os documentários "Aeroporto Central THF" (2018) e "Nardjes A." (2020). O maior destaque da carreira do cearense veio em 2019, quando ele participou novamente do Festival de Cannes, dessa vez com o longa "A Vida Invisível".
"A Vida Invisível" foi, ainda, o longa brasileiro escolhido para representar o País no Oscar de 2020 na categoria de Melhor Filme Internacional. A indicação não veio, mas a campanha consolidou Karim no campo do audiovisual a nível nacional e global.
O ano de 2021 marcou o retorno do diretor a Cannes, com uma sessão especial do documentário "O Marinheiro das Montanhas". O filme revisita as origens do cineasta a partir de um resgate da relação amorosa dos pais. Além da carreira como diretor, Karim ainda atuou como tutor do Laboratório de Cinema da Escola Porto Iracema das Artes. (João Gabriel Tréz)
Onde ver filmes de Karim
O Céu de Suely (2006)
A jovem Hermila volta para a terra natal, o município cearense de Iguatu, com o filho e sem o marido. Presa na cidade, busca formas de conseguir sair novamente dali para iniciar uma
nova vida.
Onde: Netflix e Globoplay
Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009)
Codirigido entre Karim e o cineasta pernambucano Marcelo Gomes, o longa traz um geólogo que realiza uma pesquisa de campo no sertão nordestino e, no percurso, vai criando relações com as paisagens e com sentimentos próprios de abandono e solidão.
Onde: Netflix
O Abismo Prateado (2011)
Baseada na canção "Olhos nos Olhos", de Chico Buarque, o longa protagonizado pela atriz Alessandra Negrini mostra uma dentista casada e mãe que, um dia, recebe do marido uma mensagem dizendo que está a deixando. Perdida, ela perambula pelo Rio de Janeiro em busca de saber como reagir.
Onde: Globoplay
Praia do Futuro (2014)
Filmado em Fortaleza e Berlim,
o filme acompanha a relação entre os irmãos Donato (Wagner Moura) e
Ayrton (Jesuíta Barbosa), afastados
por anos após o mais velho se
mudar para a Alemanha.
Onde: Globoplay
A Vida Invisível (2019)
Baseado em romance de Martha Batalha, a obra se passa no Rio de Janeiro dos anos 1950 e mostra os contextos conservadores que rondam as irmãs Guida e Eurídice, cujos sonhos são impactados pela família e pela sociedade.
Onde: Globoplay, Claro Vídeo, Microsoft Store, Apple TV e Google Play