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Hamilton de Holanda experimenta novos timbres no álbum 'Flying Chicken'
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Hamilton de Holanda experimenta novos timbres no álbum 'Flying Chicken'

Artista multipremiado, bandolinista brasileiro Hamilton de Holanda experimenta novas misturas de sons orgânicos e sintéticos no disco "Flying Chicken"
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Thiago Big Rabello 
(bateria),  Hamilton de Holanda  (bandolim) 
e Salomão Soares 
(teclados), o time de
Foto: Dani Gurgel/Divulgação Thiago Big Rabello (bateria), Hamilton de Holanda (bandolim) e Salomão Soares (teclados), o time de "Flying Chicken"

"O meu trabalho vai estar sempre ligado a isso: seja fazer as pessoas pensarem sobre um determinado assunto, seja colocar diante de um panorama mais educativo ou mais alegre e divertido. Tudo isso está dentro da música que eu faço, porque todos somos uma mistura de vários sentimentos. Então, no final das contas, esse é o grande objetivo: através das notas musicais, passar um sentimento inspirador, acima de tudo".

Ao fazer um repasse dos últimos três anos, o multipremiado bandolinista brasileiro Hamilton de Holanda põe em evidência um desejo que sempre guiou sua produção musical: o de inspirar outras pessoas. Isso não foi diferente nem no momento mais crítico da pandemia, tanto que chegou a compor uma música por dia em 2020.

Com mais de 40 álbuns, entre discos solo, trio, quarteto, quinteto e parcerias, ele lançou em abril "Flying Chicken". A obra instrumental reúne oito faixas produzidas por Hamilton e por Marcos Portinari e apresenta novos timbres e sons tirados dos teclados de Salomão Soares. O nome do trabalho - e também da música que abre o disco - se relaciona com questões como fantasia, sonho e arte. Em português, o título significa "galinha voadora", mas sabe-se que o animal não consegue voar. Então, ela "simboliza a vontade de ultrapassar os limites dentro de um objetivo maior que é fazer música que gere bons sentimentos nas pessoas".

Um mês após o lançamento, Hamilton conta ao O POVO que sente alegria ao ver que a obra tem alcançado seus objetivos e repercutido bem. Uma de suas intenções era ressaltar uma característica marcante em seu horizonte artístico. "Em geral, nos meus trabalhos eu parto de uma ideia que é uma frase que normalmente está nos meus discos: 'Moderno é tradição'. Ou seja, o moderno talvez não seja tão moderno amanhã. A tradição já está feita e a gente aprende com ela e a reverencia. O 'é' da frase tem o sentido de buscar fazer algo que tenha o pé no presente, mas que de alguma forma renda carinho à tradição e com um olhar para o futuro também".

Dessa forma, ele conseguiu pôr em prática um desejo antigo de misturar mais o bandolim com sons sintéticos e eletrônicos. O álbum, então, é marcado por uma sonoridade que traz novidades para sua música, mas mantendo a essência de contemplar diferentes tempos.

"O bandolim já tem esse som antigo, então eu gosto de ter essa sonoridade antiga ao mesmo tempo com algo que seja atual ou até de vanguarda. Acho que é uma busca constante de aprender novidades, novas músicas, novos sons, livros e filmes, e que isso traga sempre um frescor e ao mesmo tempo justifique todas as coisas que eu já fiz", reflete.

A construção de "Flying Chicken" foi atravessada pela pandemia e pelos fatos políticos desse período. "Paz no Mundo", quinta faixa do disco, foi uma das 366 canções compostas em 2020. Diante da guerra da Rússia com a Ucrânia em 2022, ele a rebatizou e quis se manifestar diante "de tristes imagens de pessoas comuns, crianças e cidades perdendo a vida".

Compor diariamente foi a maneira que encontrou para "sobreviver" diante da pandemia. "Isso me deixava com os pés no chão e me dava discernimento e força para enfrentar aquele período dificílimo. Minha música busca não só a minha inspiração, mas que inspire outras pessoas positivamente. Se eu pegar os primeiros discos e as coisas que eu fiz, acho que essa fagulha sempre esteve ali", diz.

Em "Flying Chicken", a mistura não se concentra apenas na variedade do repertório. Para a capa e o design do álbum, foi feita uma combinação de habilidades humanas de Bruno Filipe e Pedro "TheZakMan" Araujo com a ação da tecnologia Stable Diffusion, técnica de geração de imagens por meio de inteligência artificial (I.A). Foi necessária a elaboração de diversas imagens para atender às expectativas da equipe e do artista.

Hamilton de Holanda destaca que, apesar do uso de inteligência artificial, é necessário enfatizar como só foi possível chegar ao resultado da criação devido ao trabalho manual. Questionado sobre como analisa o debate a respeito da I.A, ele afirma se considerar "realista" diante do cenário cada vez mais presente do uso de inteligências artificiais na produção artística. "É um caminho sem volta. Assim como um dia o MP3 foi um caminho sem volta e como um dia a calculadora substituiu o ábaco. São coisas que acontecem na história da humanidade que eu não vejo como voltar atrás. Mas é preciso ter cautela, manter um olhar humano e usar a nossa inteligência natural para comandar a inteligência artificial e que seja realmente algo que melhore a nossa vida", defende. Para o músico, é preciso, então, um "encontro saudável" entre a máquina e o ser humano.

Quanto à agenda, Hamilton de Holanda não para. Em julho, ele viaja para a França para participar do Festival de Bandolins de Marselha. Estarão no evento 100 bandolinistas como uma forma de "mostrar a importância desse instrumento na cultura de vários países", algo ressaltado pelo artista.

"Acho que esse tipo de evento é mais importante para o instrumento do que para os próprios músicos. É claro que, para mim, vai ser maravilhoso e algo histórico dentro da minha carreira, mas é muito mais importante de um ponto de vista do instrumento. A gente mostra para o mundo como o bandolim é relevante artisticamente dentro de várias culturas", aponta.

Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

Flying Chicken

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