A escola de arte popular Mukambo de Cultura anunciou nesta terça-feira, 23, o encerramento das atividades do espaço. Um dos motivos apontados pela pela organização é a “saúde financeira prejudicada”.
No ambiente, localizado no bairro Benfica, eram realizados cursos de formação, apresentações culturais e o desenvolvimento de atividades como capoeira e artesanato. Vários coletivos e movimentos sociais também utilizam o espaço para fazer ensaios e rodas de conversa.
"É um espaço multi, de acolhimento das pessoas que estão desenvolvendo seus projetos, tanto individuais como coletivos", ressaltou o organizador do espaço, o produtor cultural e arte-educador, André Foca, em entrevista ao Vida&Arte.
Para oficializar o encerramento das atividades, os organizadores da Mukambu promoverão no dia 3 junho, às 14 horas, uma "Audiência Pública Popular dos Movimentos Culturais", com o intuito de debater a importância cultural e política dos espaços.
A Mukambu surgiu em julho de 2020 como espaço de desenvolvimento de atividades para pessoas em situação de rua e aos poucos foi agregando outros movimentos. Hoje, segundo André, a Mukambu funciona como um agregador de pessoas, cedendo o ambiente para a realização de diversas atividades culturais e sociais.
A manutenção financeira do local se dava principalmente pela realização de apresentações culturais e contribuição financeira de grupos que utilizavam a casa, mas com o tempo, algumas instituições que apoiavam não puderam mais colaborar, o que enfraqueceu a viabilidade financeira.
“Muita gente por aqui passou”, conta André ao ressaltar a importância de ambientes onde a arte possa ser desenvolvida por diversos grupos sociais. Ele explica que a origem do nome do espaço remete a lugar de "refúgio e território de resistência para populações subalternizadas".
Segundo o produtor cultural, a audiência que ocorrerá no próximo dia 3 de junho é uma forma de debater a sustentação financeira de espaços como o "Mukambu", além de discutir possíveis caminhos para que os coletivos, que utilizavam o local, continuem atuando na cidade e desta vez ocupando espaços públicos.
Para ele, essa é uma tentativa de dialogar com parlamentares, movimentos sociais e com a sociedade civil sobre a situação que os coletivos artísticos estão passando.
Ele afirma que a classe artística "chega a ficar um pouco acuada, tentando dar continuidade à cultura", mas segundo, sem a ajuda do poder público, isso é "muito difícil, principalmente, ter uma sede".
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