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Pesquisa traça um mapa do turismo LGBTQ+ no Brasil
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Pesquisa traça um mapa do turismo LGBTQ+ no Brasil

Pesquisa realizada pela Booking.com em 27 países destaca potenciais e desafios do turismo diante das demandas da população LGBTQ+
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Ricardo Gomes, presidente na Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil; influenciador Luca Scarpelli e gestor Luiz Cegato (Foto: Pri Leão/Divulgação )
Foto: Pri Leão/Divulgação Ricardo Gomes, presidente na Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil; influenciador Luca Scarpelli e gestor Luiz Cegato

Duas mulheres que precisam explicar novamente que vão dividir a cama de casal da pousada. Um homem trans que tem o pronome desrespeitado ao chegar ao aeroporto. Hóspede não-binário que não encontra no formulário do hotel uma forma adequada de se identificar. Essas e outras situações são citadas por Luiz Cegato, gerente de Comunicação da Booking.com na América Latina, como exemplos de situações desagradáveis vividas por pessoas da comunidade LGBTQ+ durante viagem.

Esses sutis (ou nem tanto) atos estão no radar de pesquisa realizada pela plataforma de hospedagens Booking.com sobre inclusão de diversidade sexual e de gênero. Conduzido com mais de 11 mil entrevistados em 27 mercados, incluindo o Brasil, o estudo aponta avanços e desafios do mercado de viagens. A Booking.com acaba de implantar no País o programa Travel Proud, que aprofunda ações afirmativas na busca por um turismo mais acolhedor.

“É muito complicado você viajar e não conseguir ser você mesmo”, destaca Luiz Cegato, ressaltando que os espaços de hospedagem não devem entender a inclusão com um tema acessório. “A comunidade LGBT+ movimenta bilhões de dólares no ano no turismo”, argumenta.

A pesquisa revela que, além de contratempos na relação com funcionários das hospedagens, uma preocupação maior é patente: a segurança. Nove a cada dez (92%) viajantes LGBTQ+ brasileiros levam em consideração o bem-estar ao escolher um destino. Portanto, cidades com histórico de intolerância acabam perdendo o público diverso.

“Eu sinto que toda pessoa trans que se atreve a viajar tem de ser muito confiante. Tem de ser muito segura e desbravadora, porque você lida com o desconhecido em todos aspectos. Ao ir para uma cidade que eu nunca fui, eu não sei o quanto aquelas pessoas já conviveram com outras pessoas trans. Não sei se elas estarão preparadas”, afirma Luca Scarpelli, produtor de conteúdo nas redes sociais.

Homem trans, Luca afirma que um caminho para profissionais do setor pararem de errar pronomes é o simples ato de perguntar como o hóspede prefere ser tratado. “Para de presumir orientação sexual e identidade de gênero já é um grande passo”, afirma, apontando a necessidade de naturalização das pautas.

As informações sobre a pesquisa e o programa Travel Proud foram divulgadas em evento realizado pela Booking.com em São Paulo e que reúne pesquisadores e influenciadores LGBTQ+ no último dia 20. Entre os convidados também estava Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil.

“O turismo LGBT precisa se entender como agente transformador. O destino não será bom para o turista LGBT se não for bom para o LGBT que mora naquele lugar”, resume Ricardo, ressaltando a necessidade do trade turístico encarar de frente os preconceitos existentes nesse mercado. “Para a gente ter um turismo LGBT incrível, precisamos acordar todos os dias e dizer ‘eu sou um ser preconceituoso e tentarei ser menos hoje’”, sustenta.

Entre as ações debatidas no evento, um destaque é o selo de certificação da Booking.com para estimular que acomodações turísticas se preparem para acolher as diversidades dos viajantes. O Brasil já é o sétimo país com mais formações realizadas para receber bem os diferentes gêneros e orientações sexuais do público. A plataforma oferece curso virtual de boas práticas para os profissionais do segmento.

“A busca é por fazer com que a experiência do turista LGBTQ+ naquela acomodação seja a mais acolhedora possível. Ter esse selo dentro da plataforma significa que aqueles hotéis, pousadas e apartamentos estão com equipe capacitada para receber sem que o viajante tenha de passar por experiências constrangedoras”, explica Luiz Cegato.

“No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro despontam como as capitais mais inclusivas, que são seguidas por Recife e Salvador”, avança Cegato, completando: “Recife tem se tornado um destino cada vez mais LGBT friendly para o turista doméstico”, afirma. Fortaleza ocupa a quinta posição entre os destinos mais inclusivos para a população LGBT+

Jericoacoara, entretanto, foi citada pelo gestor da Booking.com como referência em roteiros litronaeos. “As experiências inclusivas em destinos do Nordeste têm sido incríveis. Não estou falando somente de grandes capitais, estou falando de Jericoacoara, Porto Seguro, São Miguel dos Milagres”, aponta Luiz.

Luca Scarpelli faz coro, ressaltando ainda mais avanços com o treinamento: “Imagina a pessoa LGBT que mora em Jericoacoara e é parente de alguém que trabalha num hotel e que passou pelo treinamento”. O influenciador finaliza destacando a busca por um impacto positivo que extrapole a relação viajante e acomodação: “O turismo tem um poder de transformação gigante”.

Dados

27 países e territórios compõem a pesquisa com 11.555 entrevistados da comunidade LGBTQ+

77% deles pesquisam marcas antes de viajar para entender o papel que desempenham no apoio às pessoas da comunidade LGBTQ+

20% dos entrevistados disseram que pessoas assumiram incorretamente seu gênero ou pronomes durante suas jornadas

Destinos mais LGBTQ friendly*

- Kyoto, Japão

- Nice, França

- Chiang Mai, Tailândia

- Puerto Vallarta, México

- Ghent, Bélgica

- Las Vegas, EUA

- Ottawa, Canadá

- Amsterdã, Holanda

- Bariloche, Argentina

*Lista feita com base nas recomendações dos usuários do Booking.com

Travel Proud

O treinamento Proud Hospitality pode ser realizado em booking.com

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