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Indiana Jones: com quinto filme, chega a hora de dar adeus ao aventureiro
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Indiana Jones: com quinto filme, chega a hora de dar adeus ao aventureiro

Último filme da franquia Indiana Jones chega aos cinemas e marca despedida de um dos personagens mais famosos e influentes da cultura pop e dos filmes de ação e aventura
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Cena do novo filme de
Foto: Jonathan Olley/Divulgação Cena do novo filme de "Indiana Jones"

Em 1977, durante uma viagem ao Havaí, o cineasta George Lucas (“Star Wars”) conversa com o diretor Steven Spielberg. Este revela seu interesse em dirigir um filme envolvendo o famoso personagem James Bond. Lucas, por sua vez, compartilha com o amigo uma ideia de história que sonhava colocar em prática, inspirada nos filmes de ação e de faroeste aos quais assistia na infância.

Segundo o criador de “Star Wars”, o projeto proposto a Spielberg era melhor que James Bond. Métricas de qualidade postas à parte, o fato é que o que se viu a partir do lançamento do primeiro filme da dupla foi um sucesso estrondoso - e, de certo modo, revolucionário - nas obras de ação e aventura.

O chapéu, o chicote e a jaqueta de couro se tornaram ícones de fácil reconhecimento do personagem, mas Indiana Jones cativou o público não apenas por esses elementos. O arqueólogo aventureiro interpretado por Harrison Ford virou referência também pelo senso de humor, conhecimento e até por demonstrar ser falível - quase um “ultraje” aos heróis de ação até então vistos.

Na última quinta-feira, 29, chegou aos cinemas brasileiros “Indiana Jones e a Relíquia do Destino”, filme que marca a despedida do personagem que apareceu pela primeira vez nas telonas em 1981. De lá para cá, o sucesso da franquia se estendeu por jogos eletrônicos, série de televisão, história em quadrinhos e presença garantida no imaginário de milhões de fãs de filmes de aventura.

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A saga é iniciada com Henry Jones Jr., arqueólogo americano de renome convocado em 1936 para encontrar a “Arca da Aliança”, artefato que conteria as tábuas dos dez mandamentos e outros itens sagrados. A jornada também é marcada pelo enfrentamento de Jones com soldados nazistas que desejavam obtê-la para se tornarem invencíveis.

Ao misturar noções sobrenaturais com ação e aventura, a franquia consolidou um modelo que agradou ao público, tanto que a bilheteria mundial dos quatro filmes somados alcançou quase US$ 2 bilhões.

O fato é que o sucesso de Indiana Jones ultrapassa gerações e convida à aventura públicos de idades diversas, sejam adultos ou crianças - como ocorreu no caso de Victor Morais, CEO do site CosmoNerd. O portal publica notícias diárias sobre games, filmes, séries, livros, quadrinhos e tecnologia.

Hoje com 33 anos, ele iniciou sua relação com Indiana Jones durante a infância. “Lembro de assistir aos filmes pela primeira vez com meu avô. Fiquei imediatamente fascinado pelo carisma e pela coragem do personagem. Eu me envolvi totalmente nas histórias repletas de ação e mistério, e desde então Indiana Jones se tornou um marco não só na cultura pop”, resgata.

Como avalia Victor, o impacto da franquia no cinema de ação e aventura se deve a uma combinação de elementos. Há, por exemplo, a própria personalidade do protagonista, “carismático, inteligente, corajoso e engraçado ao mesmo tempo” - características potencializadas pela interpretação de Harrison Ford.

É possível citar também “a visão criativa e a habilidade em criar sequências de ação emocionantes” do diretor, Steven Spielberg. Além disso, não dá para não citar “a mistura de história, mitologia, arqueologia e lendas antigas”, que proporcionou sentimentos de fascínio e descoberta nos espectadores.

"Indiana Jones honra o gênero"

Quem apresenta destaques similares aos de Victor ao apontar elementos que tornaram a saga Indiana Jones tão influente na cultura pop é o cineasta cearense Josenildo Nascimento. Ele integra a Bom Jardim Produções, produtora independente que atua com cinema e audiovisual na periferia de Fortaleza.

Para o profissional, os filmes com o famoso arqueólogo contribuíram para o desenvolvimento de um modelo de obras de ação e aventura que se tornou comum na década de 1980. Ele cita exemplos como as produções “As Minas do Rei Salomão” (1985), “Tudo Por Uma Esmeralda” (1984), “Conan, o Bárbaro” (1982) e “Krull” (1983), que “tinham narrativa e plots que seguravam o público facilmente”.

“Assisti aos quatro primeiros filmes da franquia e sempre me inspirei em obras que contam boas histórias, feitas para o público e não para um grupo seleto. ‘Indiana Jones’ é o tipo de filme de aventura que honra o gênero. Além dos plots principais, ele provoca complicações e eleva a narrativa com obstáculos e viradas que mantêm o público interessado do começo ao fim”, pontua.

Enquanto cineasta, ele aponta referências de “Indiana Jones” em futuros projetos audiovisuais seus que, por enquanto, estão “na gaveta”. “Estou trabalhando para trazê-los à tona, não é fácil. No último longa que produzimos (Os Maluvidos - infantil), apesar dos limites de produção no presente momento, procuramos dar ao público o que ele realmente busca quando vai ao cinema: entretenimento, com uma história cheia de diversão e mistério, o que marca filmes de aventura como os de ‘Indiana Jones’”, revela.

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Ele complementa: “Esses filmes, como os que mencionei anteriormente, com certeza fazem parte de toda uma experiência como cinéfilo, mas que agora são fonte de inspiração para mim quando escrevo e realizo minhas obras”.

O crítico de cinema Lucas Fellype contribui à discussão: "A temática de caçadores de relíquias históricas, os desafios escondidos de provação do herói, as insanas sequências de ação em cima de trens, cavalos e qualquer outro meio de transporte (apesar de já existente antes): Indiana Jones trazia um tempero a mais e era possível identificar a influência de certos elementos em outros filmes futuros".

A 'fórmula' ainda faz sentido hoje?

Mas, mesmo que a saga tenha desenhado muitos dos padrões de ação e aventura no cinema, a “fórmula” continua fazendo sentido em filmes contemporâneos desses gêneros? Victor Morais indica como alguns aspectos presentes em “Indiana Jones” foram transformados ao longo do tempo quanto à aceitação do público.

Como exemplos, ele cita “a forma como os personagens enfrentam perigos físicos sem sofrer ferimentos graves” e como a resolução de problemas e descoberta de artefatos importantes “parecem acontecer de forma relativamente fácil”. “Em produções contemporâneas, o realismo e a ênfase na lógica podem ser mais valorizados, o que pode afetar a maneira como as cenas de ação e aventura são apresentadas”, destaca.

Mesmo assim, o arqueólogo aventureiro segue tendo bastante espaço nos corações de fãs e de admiradores da franquia. Não à toa, afinal, o personagem se tornou um ícone da cultura pop, bem como o ator que o interpreta. Quando analisamos os filmes atuais, existem duplas de personagens/atores que se tornaram referência para obras do gênero como Harrison Ford/Indiana Jones?

Victor aponta possibilidades, como Chris Pratt, “que tem mostrado sua habilidade em interpretar personagens carismáticos e aventureiros em filmes como ‘Guardiões da Galáxia’ e ‘Jurassic World’”, e Tom Holland, “mostrando equilíbrio entre ação, aventura e humor” em papéis como o de Nathan Drake, de “Uncharted” - o “Indiana Jones dos Games.

“Embora nenhum ator tenha alcançado o status de ícone que Harrison Ford/Indiana Jones conquistou, esses são alguns nomes que têm potencial para se tornarem referências no gênero de filmes de ação e aventura”, declara.

Para Lucas Fellype, atualmente é mais difícil consolidar um ator ou uma atriz a um personagem a ponto de não ser possível vê-los interpretando outros personagens. Entretanto, alguns nomes saltam:  "Em termos de referência, posso citar Heath Ledger como Coringa, Robert Downey Jr. como Tony Stark, Hugh Jackman como Wolverine, são ícones da cultura pop".

Crítica: Uma despedida nostálgica para Indy Jones

Os últimos passos, pulos e descobertas de Harrison Ford como Indiana Jones não poderiam ser feitos sem acenos às origens de um personagem tão icônico como o arqueólogo. Quinze anos depois de “O Reino da Caveira de Cristal”, o novo longa da saga, “A Relíquia do Destino”, recorre à nostalgia - mas também com atualizações - para se despedir definitivamente de seu maior aventureiro.

O quinto filme da franquia do maior arqueólogo dos cinemas estreou na última quinta-feira, 29, dirigido por James Mangold (“Logan”). Com novos e antigos personagens adicionados ao enredo (vale citar a presença de Antonio Banderas), a trama é ambientada principalmente em 1969, durante o cenário da Corrida Espacial entre Estados Unidos e União Soviética.

Prestes a se aposentar do seu cargo de professor, ele se vê diante da necessidade de recuperar um poderoso artefato que, se tomado por mãos erradas, poderá mudar o curso da humanidade. Nessa jornada, ele será acompanhado por sua afilhada, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), contra o plano de Jürgen Voller (Mads Mikkelsen). 

Entretanto, logo no início há uma volta de mais de duas décadas, quando Indy Jones é apresentado rejuvenescido digitalmente e em cenas de ação contra soldados nazistas a bordo de um trem. A sequência de ações é um dos destaques do filme, servindo como ponto de embarque para o passado glorioso do personagem.

Harrison Ford, é bom lembrar, fará 81 anos no próximo dia 13, e o recurso utilizado ajuda o espectador a sentir a nostalgia da adrenalina dos primeiros filmes. Entretanto, isso não significa que o ator não contracenou “à moda antiga” ao longo da obra. Os fãs são presenteados com momentos de pura emoção - afinal, não são poucas as ocasiões em que Indy precisa correr do perigo e, claro, enfrentá-lo.

São observadas as consequências dos anos de combates quando surgem as feições de desgaste e cansaço no personagem, mas sem deixar de lado o espírito aventureiro em busca de um artefato que pode mudar o mundo. Elementos gráficos como os mapas que mostram as viagens dos protagonistas também são revisitados, culminando na atmosfera de retorno às origens.

Um dos aspectos mais marcantes do personagem continua em tela: sua vulnerabilidade. “Forjado” como grande aventureiro e disponível para a ação, ele também demonstra falhar, além de ser visto em reflexões sobre seu passado, presente e futuro.

Apesar de demasiado longo, o último filme de Indiana Jones cumpre bem o papel de abraçar a fórmula que o consagrou e de se despedir do ator que o tornou inesquecível. 

Indiana Jones ultrapassou as telas do cinemas e também passou a ser consumido em jogos eletrônicos
Indiana Jones ultrapassou as telas do cinemas e também passou a ser consumido em jogos eletrônicos

Curiosidades sobre a saga

1) Originalmente, o filme teria um outro nome: "As Aventuras de Indiana Smith". Entretanto, Steven Spielberg não curtiu a ideia, pois o título seria facilmente associado ao longa de faroeste "Nevada Smith", estrelado por Steve McQueen. Dessa forma, o sobrenome foi alterado para Jones. No caso do primeiro nome do personagem, é uma referência ao cachorro de George Lucas, que se chamava Indiana.

2) Harrison Ford quase não atuou como Indiana Jones. Acontece que George Lucas estava com receio de a nova história não vingar porque o ator poderia ser associado ao seu papel como Han Solo em "Star Wars". Assim, Tom Selleck foi um dos cotados para assumir o aventureiro, mas o artista já tinha sido selecionado para a série "Magnum P.I" e não pôde ficar à frente do novo projeto.

3) "Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida" foi indicado a nove categorias do Oscar, tendo conquistado quatro prêmios. O filme foi agraciado com os reconhecimentos de Melhor Direção de Arte, Melhor Edição, Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais. Além disso, conquistou um prêmio especial por Montagem de Efeitos Sonoros.

4) Por falar em Oscar, uma situação especial marcou a cerimônia de 2023. Ke Huy Quan foi considerado Melhor Ator Coadjuvante por seu papel como Waymond em "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo". Ex-refugiado de origem vietnamita, ele ficou mais de 20 anos sem atuar até ser consagrado com o prêmio da academia de cinema. Ele ficou bastante conhecido pela sua atuação como Short Round em "Indiana Jones e o Templo da Perdição". 

"Indiana Jones" se tornou um marco dos filmes de ação e aventura

Onde assistir aos cinco filmes

1) Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida: Globoplay e Disney ; disponível para aluguel no Google Play (R$ 6,90) e na AppleTV (R$ 11,90)

2) Indiana Jones e o Templo da Perdição: Globoplay e Disney ; disponível para aluguel no Google Play (R$ 6,90), na Amazon (R$ 6,90) e na AppleTV (R$ 11,90)

3) Indiana Jones e a Última Cruzada: Globoplay e Disney ; disponível para aluguel no Google Play (R$ 6,90) e na Apple TV (R$ 11,90)

4) Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal: Globoplay e Disney ; disponível para aluguel no Google Play (R$ 6,90), na Amazon (R$ 6,90) e na AppleTV (R$ 11,90)

5) Indiana Jones e a Relíquia do Destino: nos cinemas; sessões em Ingresso.com

 

Cena de Missão: Impossível 7
Cena de Missão: Impossível 7

Mais estreias do cinema

Missão: Impossível 7

O sétimo filme da franquia de ação "Missão: Impossível" será lançado nos cinemas brasileiros em 13 de julho. Em "Missão: Impossível 7 - Acerto de contas - Parte um", Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe embarcam na jornada mais perigosa até então: rastrear, antes que caia nas mãos erradas, uma nova arma aterrorizante que ameaça toda a humanidade.

Antigos inimigos do protagonista se aproximam e uma corrida mortal ao redor do mundo se inicia com o controle do futuro e o destino do planeta em risco. Ethan é forçado a considerar que nada é mais importante que essa missão, nem mesmo a vida das pessoas com quem ele mais se importa.

Barbie 

Um dos lançamentos mais aguardados de 2023 é, sem dúvidas, o live-action de "Barbie". A obra chegará aos cinemas em 20 de julho e conta com elenco recheado de estrelas, como Margot Robbie, Ryan Gosling, Will Ferrell e Michael Cera. Dirigido por Greta Gerwig, o filme mostra o dia a dia de Barbielândia, mundo mágico das Barbies onde todas as versões da boneca vivem em harmonia e só se preocupam em encontrar as melhores roupas para passear e curtir festas.

Entretanto, uma das Barbies começa a se questionar sobre sua existência e a avisar às suas companheiras sobre tais reflexões. Ela é expulsa do lugar e é forçada a viver no mundo real. Assim, precisa se adaptar às dificuldades da vida enquanto divide a jornada com Ken, seu companheiro.

Os Aventureiros

Na próxima quinta-feira, 6, será lançado o filme "Os Aventureiros - A Origem", protagonizado por Luccas Neto. A produção infantil conta a história de quando Luccas decide invadir o laboratório do recém-desaparecido cientista Honório Flacksman. Na ocasião, o grupo é transportado para outra dimensão - a Cidade da Alegria.

Eles são abordados por Catarina, chefe dos Guardiões, que são protetores da cidade. Ela suspeita que eles estejam envolvidos no recente sumiço do mapa das Pedras do Poder. Eles encontram o cientista, mas precisam das pedras para voltar. Nessa aventura cheia de armadilhas e charadas, o grupo percebe que a união é o que deixa os integrantes mais fortes.

Oppenheimer

Na mesma data do lançamento de "Barbie" (dia 20) estreará o drama biográfico "Oppenheimer". O filme, dirigido por Christopher Nolan, é baseado no livro "Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer". A obra se passa na Segunda Guerra Mundial e acompanha a vida de um físico teórico da Universidade da Califórnia durante o Projeto Manhattan, que tinha como objetivo projetar e construir as primeiras bombas atômicas. A trama acompanha o físico e outros cientistas ao longo do processo de construção da arma responsável pelas tragédias em Hiroshima e Nagasaki, no Japão.

 

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