"Afinal temos um teatro (...) e todos nós o vemos, materialmente considerado. O teatro, porém, não está só na sua arquitetura, está, sobretudo, na sua moral, no espírito que o deve animar", discursou o jornalista e escritor aracatiense Júlio César da Fonseca Filho na inauguração do Theatro José de Alencar (TJA) , em 17 de junho de 1910. A ideia do intelectual na gênese do equipamento, há 113 anos, encontra espelhamentos singulares na atual situação dele, que vem se equilibrando entre demandas por cuidado e por ocupação.
Entre uma concretização conturbada em meio aos contextos políticos da virada do século XIX para o século XX , um início de pompa e circunstância e uma trajetória de altos e baixos, o Theatro José de Alencar tem uma história que vai da influência da belle époque no Ceará ao atual contexto de desafios das políticas públicas culturais — percurso analisado nesta segunda reportagem do especial Raio-x dos Espaços Culturais.
O espaço pede há anos por melhorias materiais — de restauro à atualização tecnológica — em meio a uma, felizmente, constante programação e movimento. Ao Vida&Arte, a Secretaria da Cultura do Ceará, responsável pelo equipamento em parceria com a organização social Instituto Dragão do Mar, reconhece como "necessária" uma "ampla obra de restauro" para o TJA. Há, inclusive, um projeto já pronto neste sentido e o início dos procedimentos licitatórios está previsto ainda para 2023.
O último grande movimento de manutenção do equipamento ocorreu há mais de 30 anos, com o restauro finalizado em 1991. A ação teve início ainda no final dos anos 1980 a partir da atuação da então secretária da Cultura do Estado, Violeta Arraes. Foram feitas intervenções estruturais, mas também uma redefinição conceitual e simbólica do equipamento, que passou a ser mais aberto às expressões culturais e à Cidade.
Apesar das décadas de distância entre o grande restauro de 1991 e o atual momento do TJA, diferentes trabalhos e serviços de preservação e reforma ocorreram no equipamento. A Secult informa que ele "passa por manutenções periódicas, resolvendo questões preventivas e corretivas" e, em junho, uma nova manutenção incluiu serviços no anexo do equipamento.
Entre trabalhos de manutenção recentes realizados no Theatro, a secretaria destaca um serviço feito neste ano no sistema de refrigeração; a aquisição e instalação de dois elevadores para pessoas com capacidade locomotora reduzida, em 2019; e obras de manutenção e conservação que incluíram pintura, revisão hidráulica e elétrica nas salas de formação do Centro de Artes Cênicas do Ceará (Cena), Galeria Ramos Cotoco, Teatro Morro do Ouro, Biblioteca Carlos Câmara e Cantina do Muriçoca.
Além da parte estrutural do prédio, o V&A também questionou a Secult sobre demandas relativas a atualizações tecnológicas e de equipamentos do Theatro. "No último semestre foram realizadas atualizações no sistema de iluminação das salas de espetáculos do Theatro José de Alencar, como a transformação do sistema analógico para o sistema digital no Teatro Morro do Ouro e Sala de Teatro Nadir Papi Sabóia, que receberam racks e consoles digitais", responde a pasta.
Além disso, a secretaria adianta que "mais atualizações tecnológicas para a modernização do equipamento" estão previstas para ocorrerem junto ao futuro restauro. "A obra de manutenção terá início neste mês e a obra de restauro e modernização está com o projeto pronto", resume a Secult.
"O projeto de restauro mapeou as demandas arquitetônicas e de instalações do equipamento cultural, sendo o primeiro passo para que se possa dar início ao processo licitatório para a obra", explica a pasta, que afirma, ainda: "A Secult reforça que essas obras são de melhorias, e que o Theatro hoje segue operando com segurança".
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Secult: melhorias e manutenções previstas
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