Na língua Patxohã, Hãhãw significa terra e território, sendo o lugar de vida dos povos originários. Fazendo referência ao termo, a exposição "Hãhãw: arte indigena antirracista" será inaugurada neste sábado, 29, no Museu da Imagem e do Som do Ceará, e apresentará ao público a luta contra o racismo e o genocídio sobre povos indígenas através das obras selecionadas.
Lançada em novembro de 2022 no Museu de Arte Sacra da Bahia, a mostra é fruto do projeto de pesquisa Culturas de Antirracismo na América Latina (Carla), sediado na Universidade de Manchester (Reino Unido), em colaboração com a Universidade Federal da Bahia, a Universidade Nacional da Colômbia e a Universidade Nacional de San Martin (Argentina).
A exposição chega em Fortaleza com a participação de mais de 20 artistas de etnias e contextos diversos de todo o país. São eles: Antônia Kanindé, Arissana Pataxó, Barbara Matias Kariri, Débora Anacé, Denilson Baniwa, Glicéria Tupinambá, Graciela Guarani, Gustavo Caboco, Irekran Kayapó, Juliana Xukuru, Merremii Karão Jaguaribaras, Naine Terena, Olinda Yawar Tupinambá, Paulo Karão Jaguaribaras, Rodrigo Tremembé, Vitor Tuxá, Yacunã Tuxá e Ziel Karapotó.
Grafismos, pinturas, desenhos, instalações, ilustrações, colagens, obras audiovisuais e fotografias preenchem a mostra. "As narrativas trazidas na exposição são um manifesto conta o etnocídio, silenciamento, genocídio, apagament e violações dos direitos de nós originários", afirma a artista curadora Merremii Karão Jaguaribaras. "Vemos na arte a forma de expressar a diversidade através das diferentes linguagens expostas aqui nesta galeria do Museu da Imagem e do Som (MIS)", ressalta.
"Eu quanto artista curadora indígena dessa exposição acredito que será uma oportunidade para aproximar a sociedade que ainda se diz não entender de nossas lutas, de nossas cosmologias. Cada obra exposta carrega uma magia de conexão, um despertar de memórias e é esse chamado para o despertar que chamará a atenção ampliando as práticas ancestrais preservadas nas sementes plantadas que hoje germinam com vontade de continuar existindo", reforça.
Para Ziel Karapotó, também artista curador, o destaque da exibição será evidenciar que há indígenas no Ceará. "Há indígenas aqui no estado do Ceará e que passam por todas essas violências e a gente precisa mudar e contornar todas essas questões", declara.
Ativista e artista do povo indígena Tuxá de Rodelas, Bahia, Yucunã Tuxá deseja que a exposição difunda conhecimento e mudanças. "Como artista curadora, tenho esperança de que essa exposição seja um espaço de encontro, aprendizado e transformação. Espero que os visitantes se sintam tocados pelas narrativas que apresentamos e saiam da exposição com uma nova perspectiva sobre os povos indígenas e se tornem aliados na luta contra o racismo anti indígena", pondera.
Abertura
Neste sábado, 29 de julho, o MIS CE promove um evento de abertura da exposição "Hãhãw: arte indigena antirracista". Além da mostra, a programação inclui música e performances. A entrada é gratuita.
O evento contará com a presença dos artistas curadores Yacunã Tuxá, Merremii Karão Jaguaribaras e Rodrigo Tremembé e do professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Felipe Milanez. A mostra ficará localizada no andar 2 do anexo do museu.
A programação de abertura inclui a exibição da obra "Céu Tupinambá", da artista Glicéria Tupinambá e a performance do artista curador, de Ziel Karapotó. Também terá a obra "Ritual para devorar o coração de Dom Pedro" e o cortejo e ritual de Toré com o povo Pitaguary, além da discotecagem do DJ Rapha Anacé.
Inauguração da exposição "Hãhãw: Arte indígena antirracista"
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