Lia Clark é cantora, compositora, drag queen e destaque na cena musical LGBTQ+. Natural de Santos, é conhecida por suas músicas ousadas, com letras provocativas que trazem uma mistura bem humorada de funk com pop. Tendo ganhado notoriedade em 2016 ao lançar sua música de estreia, "Trava Trava", a artista se apresentou no Rock in Rio de 2022, no Espaço Favela, com TH4I, e é atração confirmada no Palco Factory da 1ª edição do Festival The Town, em setembro deste ano, em São Paulo.
"Isso é uma grande loucura. Lembro de mim criança assistindo ao Rock in Rio, sem nem saber o que era direito. Ter isso, hoje, na minha história, me tira do sério (risos). E agora, com o The Town, sendo ainda a primeira edição, será como deixar meu nome na história. Vamos entregar um show que sempre sonhei e investi bastante. Além de ser algo muito bom para minha comunidade pela representatividade. Quando eu comecei, eu não imaginava que isso seria possível, eu quero que as pessoas LGBT me tenham como referência para saber que dá sim para chegar lá", afirma Lia em entrevista exclusiva ao Vida&Arte.
Uma das pioneiras do País a unir a arte drag com o funk, Lia aproveitou, logo no início, para lançar uma série de singles, incluindo "Chifrudo" feat. Mulher Pepita, que se consagrou como um um hit do Carnaval LGBTQ , e "Berro", com Tati Quebra Bracco e Heavy Baile.
Sobre o lançamento de sua primeira música, "Trava Trava", ela revela: "Eu lembro de chegar num produtor musical durante uma parada LGBT e falar que estava pensando em fazer um funk pra tocar no meu setlist. Eu nunca imaginei que uma drag poderia mais que isso, então começamos a produzir muito pela diversão. As coisas foram rolando, gravamos um clipe, e para o lançamento criamos um evento no Facebook. Para você ver como é antigo (risos). Deu muito certo."
Suas músicas abordam temas relacionados à sexualidade, empoderamento e liberdade de expressão. A cantora usa sua plataforma para promover a diversidade. Em 2018, lançou seu primeiro álbum intitulado "É da Pista". A produção foi embalada pelos singles "Tipo de Garota", "Q.M.T.", além de "Bumbum no Ar" feat Wanessa Camargo e "Terremoto" com Gloria Groove.
Quando questionada sobre seus primeiros contatos com o mundo musical, Lia afirma que sempre gostou de dançar e cantar, além de que, foi através da arte, que ela conseguiu se encontrar. "Era difícil ser uma criança LGBT. A música me ajudou a me encontrar como pessoa e encontrar minha 'tribo'. Com isso, acabei sendo fã da música pop, principalmente da Britney Spears. Foi com a internet que eu percebi que não estava sozinho e que existiam outras pessoas como eu. O mundo da arte me trouxe um acolhimento."
O que poucos sabem é que antes de entrar no ramo artístico, Lia já trabalhava desde os seus 14 anos, e se formou, em 2013, em Engenharia da Produção. Sobre este momento de sua vida, ela comenta ter sido necessário para decidir o que realmente queria para sua trajetória.
"Desde cedo, eu coloquei na minha cabeça que iria trabalhar com algo que me desse um bom retorno financeiro. Como eu não conseguia pagar a faculdade, eu fiz o ENEM e consegui uma bolsa em Engenharia. Eu gostava de exatas, era muito bom. Não me arrependo do curso, porque me fez crescer de alguma forma e me fez ver que era algo que eu não queria. Pelo menos eu tentei. A vida de artista independente é muito difícil e dá sim vontade de desistir às vezes, mas é o que me traz felicidade", conta.
No início de 2022, a cantora lançou "LIA (pt. 1)", contando com 7 faixas. Neste trabalho de estúdio, ela retornou às suas origens do funk tradicional, enquanto trouxe uma mescla de novas influências, como o rave funk. Em julho de 2023, a artista lançou a faixa "Sereia", feat com Pabllo Vittar, e que se encaixa como um spoiler sobre o que vem por aí na parte dois de seu disco.
"'Sereia' é o pontapé do novo projeto, a parte dois do álbum que será nomeado 'Clark'. É um trabalho que tem como propósito me reconectar com a arte, com aquela Lia que lançou 'Trava Trava', sem as amarras da indústria. O momento da pandemia me fez olhar muito pra mim e percebi que eu queria cantar sem pensar muito nisso de ranking musical. Quero olhar para trás e me sentir satisfeito com meu trabalho. O aprendizado que tô tirando dessa era é que eu preciso confiar mais em mim, confiar na minha arte, porque no fim das contas é isso que vai me diferenciar; sempre tendo funk como base e com feats muito icônicos", finaliza a artista.
O POVO+
Confira a entrevista completa com Lia Clark na seção Filmes e Séries do O POVO MAIS
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