“Não viemos com o intuito de melhorar. O intuito é dar uma nova visão para uma música que já foi muito marginalizada”, sustenta Mateus Farias, que forma dupla com Marcelo Di Holanda. Misturando os sons da flauta e do violão, eles oferecem em seus shows uma forma diferente de escutar clássicos do forró: a partir dos acordes da Música Popular Brasileira (MPB).
A parceria teve início em 2018, quando o maestro da Orquestra Popular do Nordeste, Pedro Madeira, idealizou uma dupla dos artistas. Ambos já trabalhavam com a música, mas não se conheciam ainda. Foi Madeira com sua proposta responsável pela ponte que os ligaria pelos próximos anos.
Em entrevista ao Vida&Arte, a dupla conta que começou o projeto em um terreno já explorado por eles antes: vídeos gravados e postados no Instagram. Não existia um critério para as músicas que seriam interpretadas, sendo elas dos mais diversos estilos, como pagode, samba e MPB.
Foi essa variedade de ritmos que os levaram, em 2021, ao “forró das antigas” - músicas do gênero geralmente datadas do início dos anos 2000. Eles contam que desde o primeiro vídeo, o público se mostrou interessado naquela nova visão para o estilo, o MPB. Atendendo a demanda, continuaram gravando vídeos com músicas do ritmo.
“Começamos a fazer esse projeto do forró em uma hora muito precisa, porque a galera já estava nesse movimento [de nostalgia] e sinto que abraçaram isso. Quando eles cantam esses forrós das antigas, tenho muita fé que eles são teletransportados para algum lugar que faça eles se sentirem bem”, pontua Marcelo, o cantor da dupla.
Os vídeos passaram a alcançar até 70 mil visualizações no Instagram. Mateus, o flautista, relembra que um dos primeiros que foram lançados agradou bastante o público. Era uma interpretação de uma música da banda Calcinha Preta e chegou a ser repostada pela banda no perfil dela. Outros grupos clássicos como Tropicália, Mastruz com Leite e Limão com Mel também foram entrando no repertório.
“De repente, estávamos com a possibilidade de fazer um show só de forró”, recorda o cantor. Essa possibilidade foi enxergada por uma gravadora local, a Somzoom, e levou ao primeiro disco deles - “Clássicos do Forró”, lançado em setembro de 2022 na primeira apresentação da dupla na Estação das Artes. Atualmente, já foi lançado o segundo volume e o terceiro está em processo de gravação.
Com os discos e vídeos, a dupla de intérpretes enxerga que leva o forró e sua poesia para um público diferente, pessoas que não gostavam do gênero. “Tocamos de jeito que chama a pessoa para sentar e escutar a letra e alguns detalhes que geralmente quando ela está em uma festa dançando ou bebendo, não se atenta”, afirma Mateus.
O flautista também diz que já receberam comentários dizendo que eles “trouxeram a poesia”, mas que não aceitam essa afirmação, pois ela sempre esteve ali. “Colocamos a poesia em primeiro plano. A primeira coisa que chega nas nossas versões é a poesia. E repetimos sempre em nosso shows que não melhoramos nada”, declara o músico.
Antes de alcançarem o atual sucesso na carreira de parceria deles, os artistas tiveram um momento desilusivo durante a pandemia da Covid-19, não tinham perspectivas para o futuro. Entretanto, Mateus afirma que quando “as coisas começaram a andar, foram fluindo naturalmente”.
“O público que fizemos durante a pandemia começou a ir ver a gente nos lugares que tocávamos presencialmente”, explica ele. “Depois de tanto tempo sem perspectiva, ver a gente nessa situação que estamos hoje nunca, nem no melhor sonho, podia imaginar”, revela o flautista.
Esse público cativado os acompanhou nas apresentações feitas entre 2022 e 2023. No dia 30 de agosto, eles lotaram pela segunda vez a Estação para o clássico de forró das antigas. O show precisou atrasar devido a grande demanda de pessoas para entrar no espaço.
“Nunca imaginamos que chegaria neste ponto da nossa carreira com um público gigante. Que teríamos que atrasar o show por conta que tem uma fila enorme ainda do público para entrar”, conta Mateus.
Durante a apresentação, a plateia foi embalada pelo som da dupla e acompanhou fielmente as letras já conhecidas. Marcelo explica que eles tocam com ponto na orelha, para ter retorno, e que isso o incomoda um pouco, pois ele gosta de escutar o público. Entretanto, ele define que na Estação é diferente.
“Não sei o que é que rola ali, se é a atmosfera, mas a galera se entrega muito, cantando muito forte”, relata o cantor sobre a experiência.
Essa demanda por shows não se restringe apenas a Fortaleza. Os intérpretes revelam que recebem pedidos no Instagram para fazerem o show “Clássicos do Forró das Antigas” em outros locais como Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí. As solicitações casam com um sonho almejado pela dupla, fazer uma turnê.
“Nossa ambição agora é conseguir viajar com esse show. Fazer turnê de preferência pelo Nordeste, a gente sentir esse público mais perto. Mas pegar o Brasil todo também”, detalha Mateus.
Outro desejo deles é o lançamento de um disco ou EP autoral, mas é algo guardado para o futuro. No momento, eles declaram que continuarão seguindo com o clássicos por estarem conectados com essa “vibe”.
“Ainda estamos maturando algumas coisas, como composição, parceria com alguns amigos. Mas é um projeto futuro que pensamos muito e que achamos muito importante também para dar uma identidade”, explica Marcelo Di Holanda.
Acompanhe os artistas
Os músicos se comunicam com o público pelos perfis
@marcelodiholanda e
@mateusfariaz no Instagram
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