Em sua quarta edição, o Festival Corpo Arte evidencia a persistência dos profissionais da cultura com o tema “Mais uma vez, para não desistir”. Realizado nos próximos dias 11, 12 e 13 no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), o evento promove um compilado de apresentações artísticas do jazz a batalhas de breaking, além de debates em torno das políticas públicas voltadas à cultura.
Ao resistir a uma “poda do cenário criativo”, o idealizador Paulo Lima defende que o festival foi “criado na perspectiva de simbolizar um momento meio ‘plot twist’ brasileiro, frente aos últimos anos, onde as políticas públicas culturais definhavam juntos de seus ‘fazedores’ e ‘fruidores’”. “A temática de 2023 do nosso festival está completamente envolvida nessa sensação, além da crise sanitária sentida no mundo inteiro nos dois anos de pandemia”, completa.
O projeto surge como um festival de dança, mas ganha novas ramificações desde sua estreia em 2014. “O evento é intitulado ‘Corpo Arte’, porque apesar de ter nascido no reduto da dança contemporânea, eu, como idealizador, achei mais interessante deixar aberto às possibilidades de um corpo multifacetado pelo fazer artístico”, avança Paulo.
“Atualmente, o evento consiste em uma variação entre diálogos estudiosos com o público e apresentações artísticas. O propósito sempre foi ser mais um espaço de fomento aos artistas do corpo. Até então, não há convocatória, futuramente pode ser feito nesse formato, porém as quatro edições foram por convite”, finaliza o idealizador.
O olhar para a curadoria do evento foi dado pela atriz e bailarina Silvia Moura. Em suas escolhas, a curadora priorizou trabalhos que são resultados de formações. Segundo ela, é preciso prolongar o tempo de vida desses espetáculos, visto que os investimentos são altos e as apresentações são poucas.
“A princípio, eu pensei em chamar trabalhos oriundos de formações. Eu gostaria que tivessem um tempo mais longo e que pudessem atingir mais pessoas. Acho muito importante falar sobre essa questão dos trabalhos que são oriundos de formações de residências em tempos mais longos. Porque é um investimento e às vezes se apresenta muito pouco, então é importante a gente criar espaços que reverberam esses trabalhos. A minha escolha vai muito nesse sentido de atingir esse essa expectativa, de ampliar o tempo de vida dos espetáculos”, defende Silvia.
Uma das atrações do festival é o espetáculo “Joia: o canto das pessoas daquele lugar”. A obra, coreografada por Jorge Garcia, reúne crianças e adolescentes de Paracuru, litoral do Ceará, em um balé que performa a busca por “caminhos do bem”. O espetáculo também é embalado pelas canções do disco Jóia (1975) de Caetano Veloso.
“O balé fala de pessoas que brilham, de pessoas que nasceram para brilhar, de crianças que devem ser conduzidas para um mundo melhor. A apresentação fala de esperança, fala de crianças que devem seguir com o da luz, das pessoas do bem. São pessoas que a gente tenta criar na nossa escola”, comenta o professor de dança Flávio Sampaio.
Festival Corpo Arte 23
Quando: 11, 12 e 13 de agosto
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste - CCBNB (R. Conde d'Eu, 560 - Centro, Fortaleza)
Gratuito
Mais informações: @corpoarte23
PROGRAMAÇÃO COMPLETA:
17:00 - Fala aí: Conversa com Secretária da Cultura do Estado do Ceará, Luisa Cela.
20:00 - MudJazz. O espetáculo é reverência à ancestralidade que brota de um diálogo experimental entre sonoridades ancestrais reverberando em corpos contemporâneos, inspirados pela pluralidade do jazz, suas raízes, temporalidades e corporeidades.
14:00 - Saulo Russo e Jean dos Anjos, abrem uma discussão acerca do fazer "artístico-operário", que ronda a classe dos trabalhadores da cultura diante das intempéries em dar continuidade ao seu ofício.
16:00 - Batalha de breaking — Com direção e júri de Agriberto Matheus, o b-boy Angry Roc, comanda uma disputa de breakers da cidade de Fortaleza, com entrega de premiação para o vencedor(a).
18:00 - Carlos Eduardo, o B-boy Africano (CE), finaliza a Batalha de breaking, com uma pequena mostra do solo, ainda em processo, intitulado "Tearjerker", sob direção artística e coreográfica de Paulo Lima (CE).
20:00 - Mostra Moura encerra o festival com seu último convidado: Desta vez será o trabalho do coreógrafo itapipoquense Gerson Moreno, encomendado aos alunos da escola de dança Vila das Artes, apresentando "Dança Cidadania".
17:00 - Mostra Moura encerra o último dia do festival com o espetáculo "Joia", coreografado pelo prestigiado artista da dança — Jorge Garcia, para a escola de dança de Paracuru.