Besouro Azul se inicia apresentando Victoria Kord, interpretada por Susan Sarandon, em busca do escaravelho Khaji-da, artefato alienígena que traz poder ao protagonista. Em seguida, o longa apresenta um breve resumo da história da família Kord e sua possível relação com o escaravelho. Mostrando, rapidamente, todo o contexto que envolve o desejo de Susan por aquele artefato. Após isso, somos apresentados a Jaime Reyes (Xolo Maridueña) e sua família. Jaime é um jovem recém-formado na universidade, o primeiro de sua família. Após retornar da faculdade, Jaime descobre que sua família se encontra com dificuldades financeiras e que, possivelmente, irá perder sua casa.
Desde o início, o filme ilustra claramente o contraste entre a comunidade de Reyme e a elite rica da região. As empresas Kord, de Susan, praticam enorme especulação imobiliária e visam única e exclusivamente o lucro, sem se importar com as consequências em torno disso, mesmo sendo uma organização de várias frentes, para além do imobiliário. O longa mostra, inclusive, que no momento estão focando intensamente em um novo armamento, que promete um exército de um homem só.
Embora o tema clássico de conflito entre ricos e pobres seja familiar, "Besouro Azul" o apresenta de maneira eficaz. Os dilemas são facilmente identificáveis, não apenas nesse aspecto, mas em toda a trama principal.
A direção de Angel Manuel Soto, originário de Porto Rico, ressalta que o filme é uma ode à família latina, expondo a cultura de forma proeminente. Os personagens se encaixam perfeitamente na dinâmica familiar, com seus dilemas, virtudes, falhas e crenças sendo retratados de maneira autêntica.
Junto com o roteiro assinado por Gareth Dunnet Alcocer, o longa está cheio de referências à televisão latina, como "Maria do Bairro" (Novela de 1995) e "Chapolin Colorado" (1973). Em entrevistas, o diretor e o roteirista afirmam ter crescido vendo esses programas na TV, fazendo questão, então, de os homenagear na obra. O que para o público latino em geral, nós brasileiros inclusos, é maravilhoso, já que mais de uma geração pode acompanhar tais programas e revê-los em uma grande produção da Warner. É de encher os olhos, mesmo que de forma singela.
Apesar dos acertos em relação à cultura, o longa se excede em algumas piadas, principalmente em relação à família de Jaime. Outro ponto que pode não agradar é o fato de que alguns personagens, por mais carismáticos que sejam, acabam se tornando soluções fáceis para situações complexas.
Xolo Maridueña traz um Jaime Reys muito fiel às HQs que lhe deram origem. O ator, que já ganhou o público desde seu anúncio como protagonista do longa, faz valer o voto de confiança, entregando uma atuação convincente e divertida, transmitindo seriedade quando necessário.
Bruna Marquezine está ótima como Jenny Ford, dupla do protagonista. Apesar do desenvolvimento mais apressado da personagem, Bruna entrega um trabalho digno de reconhecimento, convencendo em todas as cenas, desde o início. Nos trazendo uma personagem carismática que, sem dúvidas, merece voltar em possíveis sequências. Não devendo em nada, se comparada a outras atrizes de Hollywood, provando que a escolha da direção em trazer a atriz para o elenco foi um grande acerto.
"Besouro Azul" sem dúvidas merecia mais destaque. Ativante do início ao fim, e contido dentro de sua trama de forma bem acertada, prova mais uma vez que o filme de super-herói, quando bem feito, não cansa. Os 127 minutos do longa passam de forma fluida, sem muitos tropeços, reafirmando também que nem todo filme precisa de uma grande conexão com um grande universo cinematográfico. Às vezes, uma trama bem amarrada e focada em si é tudo que o espectador precisa para se conectar.
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Besouro Azul
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